XP lança fundo com foco em ações de empresas com liderança feminina

Produto se une a estratégias de outras instituições financeiras no debate sobre a necessidade de maior equidade de gênero no mundo dos investimentos

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)
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SÃO PAULO – A XP Inc. anunciou nesta quinta-feira (10) o lançamento de um fundo de investimento com foco em empresas que valorizam a presença feminina em cargos de liderança de alto nível.

Denominado “Trend Lideranças Femininas”, o multimercado irá replicar o desempenho do fundo de índice (ETF) SHE, criado nos Estados Unidos pela gestora State Street Global Advisors, que possui um patrimônio líquido da ordem de US$ 133 milhões.

O ETF tem como base o índice SSgA Gender Diversity Index, composto por ações de empresas americanas que façam parte do grupo das mil maiores listadas em bolsa (em termos de volume de negociação), com critérios que consideram a proporção de mulheres no conselho de administração e em cargos executivos (vice-presidente sênior ou superior) de setores como tecnologia, saúde, indústria, mercado financeiro e energia.

Não há um percentual fixo definido de participação feminina; entram no índice empresas com a melhor proporção entre homens e mulheres nos cargos de liderança.

“Apesar das grandes conquistas realizadas pelas mulheres nos últimos anos, ainda somos minoria nos cargos de alto nível, por isso, é tão importante valorizar e incentivar empresas que dão às mulheres as mesmas condições que os homens para ocupar esses espaços”, afirma Marta Pinheiro, sócia e diretora de ESG da XP.

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Com 168 ativos, o portfólio do fundo possui entre suas maiores posições as empresas PayPal (5,5%), Visa (4,9%) e Johnson & Johnson (4,8%). Outras posições relevantes incluem Netflix, Walt Disney e Nike.

Sem exposição cambial, o Trend Lideranças Femininas exige investimento mínimo de R$ 100 e tem taxa de administração de 0,50% ao ano.

De acordo com a XP, o fundo é destinado a o público geral e estará disponível para investimento a partir desta sexta-feira (11) nas plataformas da XP e da Rico. O objetivo, segundo José Tibães, responsável pela distribuição de fundos da XP, é captar R$ 100 milhões até o fim do ano.

As Valquírias

Parte do lucro captado pela XP com o Trend Lideranças Femininas será destinado ao Instituto As Valquírias, que oferece oportunidades a mulheres, crianças e jovens em situação de extrema pobreza por meio do desenvolvimento social.

Amanda Oliveira, fundadora e CEO do Instituto As Valquírias, conta que a parceria prevê a qualificação profissional de 700 jovens e mulheres, bem como mentorias com diferentes áreas e executivas do grupo XP.

“É uma luta que precisamos insistir e darmos voz, para que as mulheres entendam que podem ocupar o cargo que quiserem – e a falta de oportunidade não vai ser um empecilho”, afirmou, durante coletiva com a imprensa nesta quinta-feira.

ESG e gênero

O lançamento da estratégia faz parte do rol de produtos ligados às iniciativas ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança), e faz parte das propostas da XP para aumentar a diversidade de gênero.

Em julho, o grupo se comprometeu a ter pelo menos 50% de mulheres em seu quadro de funcionários, em todos os níveis hierárquicos, até 2025.

Na data de anúncio, o grupo, que conta com 2.600 colaboradores, tinha cerca de 22% de mulheres entre seus colaboradores.

“Queremos ser uma empresa assim e gostaríamos de influenciar e dar oportunidade para que o mercado enxergue e siga nessa direção”, afirma Marta.

XP não está sozinha

O fundo da XP não é o primeiro a trazer para o debate a necessidade de maior equidade de gênero no mundo dos investimentos.

Em 2018, o BB Investimentos criou o fundo “BB Equidade”, com uma carteira composta por ativos de empresas signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEP, na sigla em inglês), da ONU, que difunde, além da questão de equidade de gênero, a delegação de poder às mulheres no ambiente corporativo.

Atualmente, são duas as estratégias que replicam o “fundo mãe”: uma voltada para o varejo, com valor mínimo de R$ 200, e outra para o segmento private, com aplicações a partir de R$ 25 mil.

Enquanto a primeira cobra 2% de taxa de administração e mais 20% de performance, o outro tem taxa de administração de 1% e não cobra taxa de performance.

Em março deste ano, a fintech Warren também lançou um fundo de ações que investe apenas em empresas destacadas por suas políticas de equidade de gênero.

Chamado “Warren Equals”, o fundo se baseia em um índice de equidade desenvolvido pela Bloomberg, que reúne companhias com políticas de promoção de igualdade e governança segundo diversos critérios, como a probabilidade de uma mulher permanecer empregada após a licença-maternidade, por exemplo.

Entre as ações selecionadas para o fundo, 80% são brasileiras e 20%, estrangeiras, de países como Estados Unidos e China. No portfólio, estão papéis como Magazine Luiza, Santander, Bradesco, Itaú, Coca-Cola e Lionsgate.

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