Criador do ChatGPT pode estar próximo de oferecer criptomoeda de graça

Worldcoin, cofundada por Sam Altman, da OpenAI, pode ampliar em breve o cadastro de interessados em receber ativo gratuitamente

Paulo Barros

(Reprodução/Worldcoin)
(Reprodução/Worldcoin)

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Sam Altman, CEO da OpenAI e principal mente por trás do ChatGPT, está prestes a lançar seu novo projeto: uma nova criptomoeda, chamada de Worldcoin. A iniciativa deve receber em breve um aporte de US$ 100 milhões para financiar a distribuição de graça da moeda digital para todos os habitantes do planeta — inclusive brasileiros.

Segundo fontes ouvidas pelo Financial Times, Altman está em tratativas avançadas para levantar o capital multimilionário junto a um grupo que incluiria novos e antigos investidores. Entre os apoiadores atuais da Worldcoin estão os fundos de venture capital Khosla Ventures e Adreessen Horowitz, um dos que mais aposta no setor de criptoativos.

A captação é encarada como rara diante da forte crise que ainda abala as criptomoedas. Mesmo com recuperação relevante de cerca de 70% neste ano, o Bitcoin ainda é negociado a menos da metade do preço de 2021, após um 2022 conturbado que resultou na queda de várias empresas de grande porte no meio, como Celsius, Voyager, Three Arrows e FTX.

“É um período de baixa, um inverno cripto. É impressionante para um projeto nesse setor conseguir essa quantia em investimento”, disse uma das pessoas com conhecimento do assunto, ao FT.

Ainda não se sabe o valuation considerado para a captação. No começo do ano passado, o projeto vendeu US$ 100 milhões em tokens a uma avaliação de US$ 3 bilhões, segundo o portal The Information.

A Worldcoin não respondeu a um pedido de comentário do FT. Procurados pelo InfoMoney, Altman e o cofundador e CEO da Worldcoin, Alex Blaina, não se manifestaram até a publicação.

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Criptomoeda para todos

O objetivo da Worldcoin é funcionar como uma espécie de renda básica universal, em que cada pessoa no mundo teria direito a uma fatia de uma emissão pré-determinada de ativos. Para isso, o projeto prevê uma solução inusitada: escanear a íris de cada mulher, homem e criança do planeta, para criar um sistema de identificação global como meio de acessar a criptomoeda.

Para evitar fraudes, Altman e Blaina, um físico teórico do renomado Instituto Max Planck, na Alemanha, o caminho é adotar um modelo de checagem presencial. Dos US$ 100 milhões a serem levantados, boa parte seria para financiar a construção, distribuição e pagamento de pessoal para operar as Orbs, escâners de íris em forma de esfera que seriam levados para todos os cantos da Terra.

Mas o aparelho não seria voltado unicamente para conseguir criptomoeda de graça. Segundo o site da Worldcoin, as Orbs “usam biometria da íris para estabelecer a personalidade única de um indivíduo, e então cria uma World ID que pode ser usada com pseudônimo em uma variedade ampla de aplicações do dia a dia sem revelar a identidade do usuário”.

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Uma dessas funcionalidades seria, por exemplo, diferenciar humanos de inteligências artificiais na internet, necessidade que deve crescer com a popularidade de tecnologias como o próprio ChatGPT.

Criticado por temor de risco à privacidade, o projeto afirma que não irá armazenar os dados de íris das pessoas, mas ainda não se sabe exatamente como a tecnologia irá funcionar.

Fora do radar

A Worldcoin foi fundada em 2019, mas por que pouco se falou do projeto desde então? O motivo pode estar no estilo introspectivo de Altman, que era pouco conhecido até o lançamento do ChatGPT no final do ano passado.

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A ferramenta de inteligência artificial (IA) do momento estava sendo desenvolvida há anos, mas só ganhou notoriedade ao ser liberada para o usuário final. O mesmo pode acontecer com a Worldcoin. Apesar de ser uma criptomoeda ainda fora do radar de investidores, ela está caminhando.

A carteira digital da Worldcoin foi lançada na semana passada e já está disponível para download. Além disso, os desenvolvedores prometem apresentar a blockchain (sistema descentralizado) da criptomoeda em seis semanas.

O registro de usuários, no entanto, ainda engatinha. Até o momento, o projeto cadastrou cerca de 1,4 milhão de pessoas utilizando entre 100 e 200 Orbs em diferentes localidades do mundo — ainda um longo caminho para alcançar 8 bilhões de seres humanos. O prazo para ampliar o registro de interessados (incluindo de brasileiros) ainda não foi divulgado.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas