WeWork é alvo de ação de despejo após atrasar meses de aluguel, diz fundo imobiliário

Empresa de coworking ficou inadimplente por três meses e o FII RCRB11 entrou com uma ação de despejo. A WeWork afirma desconhecer qualquer processo

Monique Lima

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O Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) divulgou na noite de quarta-feira (21), via fato relevante, que abriu uma ação judicial de despejo contra a WeWork após a empresa de coworking acumular três meses de inadimplência dos aluguéis.  

Segundo a gestão do fundo imobiliário, a WeWork não pagou os aluguéis de maio, junho e julho, embora tenha arcado com os valores de condomínio e IPTU dos respectivos meses.  

Anita Scal, sócia-diretora da Rio Bravo, afirmou que o fundo esperou o período de cura previsto em contrato para tomar as medidas legais contra a empresa de coworking. 

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“Contratamos um assessor legal para defender os direitos dos proprietários, incluindo o ajuizamento de duas ações judiciais, sendo uma para a cobrança dos aluguéis em atraso e outra de despejo por falta de pagamento, com um pedido liminar para a desocupação do imóvel”, afirma. 

O InfoMoney entrou em contato com a WeWork, que afirmou desconhecer qualquer notificação de despejo. “A empresa segue operando em sua totalidade em todos os prédios no Brasil”, diz a nota de resposta.

No texto, a empresa chama a inadimplência de “ações temporárias” e afirma ter interesse em acelerar conversas para se alinhar “as condições atuais de mercado”. “Nossos membros continuam sendo nossa principal prioridade e a negociação em andamento não altera nosso compromisso de prestar o excelente serviço que eles esperam”, respondeu a WeWork.

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O imóvel locado pela empresa de coworking fica na rua Girassol, na Vila Madalena, em São Paulo (SP). O fundo detém 34,81% da propriedade e o contrato com a empresa de coworking representa 9,5% da receita imobiliária do RCRB11 – o que reduz em R$ 0,11 por cota a receita mensal do fundo.  

Tentativa de negociação  

A gestão do FII informou que enviou diversas notificações à locatária e rejeitou uma tentativa de negociação por não ser “um acordo satisfatório para os cotistas”.  

Mediado pelo escritório Alvarez & Marsal, o acordo proposto pela WeWork pedia, entre outros pontos, a transição do contrato para um modelo de compartilhamento de receitas e redução dos valores de aluguel.  

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Para Scal, o modelo não atende a prioridade do fundo que é “proteger os cotistas, agindo rapidamente para minimizar os impactos financeiros”. Atualmente, gestores e administradores do RCRB11 querem a realocação do imóvel no mercado.  

A Rio Bravo acredita que o espaço tem alta liquidez por estar localizado em uma das áreas mais valorizadas de São Paulo, com grandes empresas de tecnologia querendo estar na região. 

WeWork em crise  

Pelo menos cinco FIIs, além do RCRB11, também têm aluguéis em aberto com a empresa. São eles: Vinci Offices (VINO11), Santander Renda de Aluguéis (SARE11), Torre Norte (TRNT11), Valora Renda Imobiliária (VGRI11) e Fundo de Investimento Imobiliário de Multi Renda Urbana (VVMR11). 

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Dados da plataforma Market Analytics, da SiiLA, mostram que a WeWork ocupa 93 mil metros quadrados de imóveis locados no Brasil, todos de de alto padrão. 

Se a empresa desocupasse todos esses espaços, a SiiLA avalia que a taxa de vacância dos escritórios na cidade poderia crescer em 1,45 ponto percentual, elevando a vacância geral da cidade para 23,39%.