“Voltamos ao Brasil do passado”: Ibiuna não vê alta com China e juros dos EUA

Gestora não vê fôlego nos ativos brasileiros para se beneficiarem de impulsos do exterior

Monique Lima

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O aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, com a queda das taxas por lá e aumento da Selic por aqui, tem sido visto pelo mercado como um impulso positivo para o real e a Bolsa brasileira, assim como o anúncio de trilhões em estímulos fiscais pelo governo chinês para impulsionar a economia local — e o Brasil, por meio de exportações de petróleo e minério de ferro.  

Para a gestora Ibiuna, entretanto, nenhum desses fatores deve ajudar os ativos brasileiros. Em carta mensal, os gestores do principal fundo da casa apontam que as fragilidades do país fazem com que o Brasil esteja mais exposto para perder com as ondas de aversão a risco do que a ganhar com esses fatores que, em outras circunstâncias, seriam impulsionadores.  

“Não vemos o Brasil bem-posicionado para se beneficiar da mudança de postura pelo Fed, ou mesmo pelos estímulos na economia chinesa, ao passo que as nossas fragilidades apontam para um impacto mais danoso de potenciais ondas de aversão a risco sobre os preços financeiros locais”, diz o relatório.  

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Entre as fragilidades destacadas está o expansionismo fiscal “por razões políticas”, que causa incerteza em relação à trajetória da dívida pública segundo o relatório e levou o BC a seguir na direção contrária do mundo e aumentar os juros em setembro.  

“Voltamos ao Brasil do passado não tão distante onde uma postura fiscal demasiado expansionista demandava uma postura monetária mais rígida, gerando pressão sobre a dívida pública e custos maiores para atingir o mesmo equilíbrio de crescimento e inflação no país”, escrevem os gestores da Ibiuna.  

O texto também afirma que a pressão sobre o câmbio e o maior prêmio de risco na curva de juros devem se manter, já que as autoridades fiscais relutam em reconhecer este quadro de risco. 

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A Ibiuna mantém posições defensivas nos ativos do Brasil. 

Na estratégia macro, a carta afirma que o fundo aposta em renda fixa considerando alta dos juros e da inflação implícita no Brasil. Em termos de câmbio, a depreciação do real é esperada e a posição é vendida. Já para as ações, a gestão mantém exposição a ações brasileiras específicas, com foco em ganhar no alfa (ou seja, render mais do que o mercado).  

Já o portfólio internacional, o fundo tem “posições aplicadas em países desenvolvidos e emergentes, selecionados diante da expectativa de avanço da precificação de ciclos de queda de juros até o fim do ano”. Além disso, a gestão também aposta em índices futuros de ações americanas e no ouro.  

O Ibiuna Hedge FIC FIM subiu 0,57% em setembro, uma performance equivalente a 68% do referencial, que é o CDI. No ano, o desempenho é de 1,08% frente 7,99% do CDI.