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Os CDBs de liquidez diária são frequentemente indicados por analistas para investidores conservadores ou arrojados que precisam de liquidez para as reservas de emergência e oportunidade. Em cenários de incerteza, como o atual, a segurança de ter uma instituição financeira como devedora também acrescenta atratividade. Mas ter apenas CDBs de liquidez diária na carteira pode custar caro no longo prazo.
É o que mostra um estudo de Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter.
Para entender o ponto do analista, é preciso definir um CDB de liquidez diária: um ativo de renda fixa emitido por um banco, geralmente com remuneração atrelada ao CDI (que segue a taxa Selic), vencimento curto – de seis meses ou menos – e possibilidade de saída a qualquer momento.
Em contrapartida, há CDBs que não permitem o resgate antecipado e têm vencimento mais longo – geralmente de até três anos –, mas pagam mais do que os de liquidez diária.
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Para mostrar os efeitos do investimento exclusivo no curto prazo, Winalda considerou cinco níveis de remuneração: 100% do CDI, 102% do CDI, 105% do CDI – comuns em CDBs de liquidez diária –, CDI + 1% e CDI + 2% – representando a remuneração dos títulos mais longos.
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Ao longo de 20 anos, a diferença entre o primeiro e o último nível de remuneração encosta nos 40%.

Mas o ganho de capital com investimentos em CDBs é tributado via Imposto de Renda. E é aí que a diferença entre curto e longo prazos aumenta.
A alíquota de IR é menor em investimentos de longo prazo. Aplicações que duram acima de dois anos têm 15% dos lucros retidos, enquanto as mais rápidas, inferiores a seis meses, pagam 22,5%.
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Considerando a tabela regressiva do Imposto de Renda, uma Selic de 12,25% em 2025, 11% em 2026, 10% em 2027 e 9% de 2028 em diante, aplicações de R$ 500 por mês em CDBs de liquidez diária gerariam o montante de R$ 291,70 mil em 2045. Os mesmos aportes mensais em papéis de longo prazo se transformam em até 393,98 mil.
Montante acumulado com aportes mensais de R$ 500 em CDBs até 2045 | ||||
100% do CDI | 101% do CDI | 102% do CDI | CDI + 1% | CDI + 2% |
R$ 291.702,57 | R$ 297.209,64 | R$ 305.705,92 | R$ 354.620,00 | R$ 393.987,77 |
O especialista em renda fixa explica que não seria preciso encontrar um papel que vence em 2045 para colocar em prática o que ele calcula no estudo. Bastaria escolher prazos superiores a 2 anos e reaplicar em papéis semelhantes após o vencimento.
A lição, segundo Winalda, é que “cada 1% ao ano importa, e muito, no longo prazo”. Ele conclui dizendo que “o tempo pode ser uma ferramenta importante para impulsionar o seu patrimônio”.