Verde zera posição em ações Brasil e fala em “fundamentos preocupantes” para a Bolsa

Fundo vem de novo mês de perda para o CDI: 0,72%, contra 0,87% da taxa de referência da classe

Monique Lima

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O Ibovespa subiu 6,5% no acumulado de agosto, com impulso vindo da entrada de estrangeiros e otimismo com o corte de juros nos Estados Unidos, que poderá abrir espaço para mais entrada de capital internacional em mercados emergentes. Porém, na análise da Verde Asset Management, gestora do renomado Luis Stuhlberger, nada disso supera os “fundamentos preocupantes” do Brasil e o ciclo de alta de juros pelo Banco Central que “está prestes a ser iniciado”.  

“Aproveitamos o movimento para vender parte das nossas posições de ações (especialmente em setores domésticos cíclicos) e para iniciar hedges, que de maneira agregada, levam o fundo à sua menor exposição a bolsa brasileira desde 2016”, diz a gestora em carta mensal.

Segundo a Verde, o fundo está atualmente zerado em Bolsa Brasil e manteve sua exposição global. Localmente, a gestão está apostando na alta da inflação implícita e no aumento dos juros e se posicionou para esses dois movimentos: a inflação no curto prazo e os juros na parte mais longa da curva.  

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Em relação aos “fundamentos preocupantes” que prejudicam o desempenho das ações brasileiras, a carta da Verde critica a questão fiscal do país. “Voltamos à era da política pública feita fora do Orçamento.” 

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Os gestores apontam problemas nos “sem-número de fundos e outras tecnologias parafiscais” que o governo tem criado para criar benefícios públicos, como o Vale Gás e o Pé de Meia. “A preocupação crescente com o nível e a trajetória da dívida pública brasileira nos parece a consequência inevitável”, diz a carta.

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A posição da Verde é semelhante à da Kapitalo Investimentos. Em entrevista recente ao InfoMoney, Bruno Cordeiro, gestor do K10, revelou que o fundo também zerou posições em ações brasileiras, e que estaria mais inclinado a vender do que comprar ações na análise top down (quando o investidor olha primeiro para o quadro geral, observando fatores macroeconômicos, depois para as perspectivas dos setores da economia e, só então, para as empresas).

EUA

Já a visão internacional da Verde é mais otimista. A gestora afirma enxergar um cenário de pouso suave na economia americana, ou seja, a inflação convertida para a meta sem uma recessão. Neste cenário, a gestora afirma que os títulos públicos de inflação (TIPS), similares ao Tesouro IPCA+, além de ações, seguem fazendo sentido.  

Nos próximos meses, entretanto, a dinâmica eleitoral deve voltar a predominar nos mercados e afetar os ativos, na opinião dos gestores da Verde.  

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Em agosto, o fundo Verde teve ganhos em ações, juros e inflação, além de juros reais nos EUA e desempenho positivo no livro de crédito. No entanto, o produto perdeu na aposta na queda do Euro em relação ao dólar (subiu 2,05%), e posições em juros curtos e inflação implícita americana.

Como resultado, seu desempenho voltou a perder para o CDI: 0,72%, contra 0,87%. No acumulado do ano, os ganhos do fundo chegam a 4,61%, contra 7,10% da taxa de referência da classe.