Vale investir em ações de games? Papéis vão de disparada a “game over”; veja ranking

A indústria global de videogames é um negócio bilionário que cresce ano a ano. Em 2023, a receita com jogos foi de US$ 396,2 bilhões, segundo dados do Statista, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. Entretanto, essa evolução não é unânime entre as empresas do setor, pelo menos não no que diz respeito a desempenho no mercado de ações.

Gigantes dos games como Nintendo, Microsoft e Sony tiveram um retorno em Bolsa bastante disperso nos últimos meses, com a empresa que tem a maior receita de jogos entre os pares, que é a Tencent, na lanterna dos ativos. 

Um levantamento feito pela Quantum para o InfoMoney mostrou o desempenho no ano, em 12 meses e em 24 meses dos principais nomes do setor. Microsoft (MSFT) é disparada a maior ganhadora, com avanço de 14,5% no ano e de 57,5% em 12 meses. A empresa vive um momento positivo com inteligência artificial em alta, mas também avança no setor de jogos com a aquisição da Activision Blizzard.  

Na sequência aparece a Nintendo (NTDOY), com 9,4% de retorno no ano e 38,8% em 12 meses. Segundo Evandro Medeiros, analista da Suno Research, não houve nenhum impulsionador recente, mas a empresa melhorou a rentabilidade de capital investido, conforme os últimos balanços.  

A Tencent (TCEHY), que compete com a Sony (SONY) pelo posto de empresa de jogos de maior bilheteria no mundo, teve o pior desempenho em 12 e 24 meses. Medeiros acredita se tratar de um “fator China”, visto que a empresa é detentora dos direitos de jogos muito populares, como League of Legends e PUBG.  

“A receita com esses jogos não depende de sazonalidade, são mais constantes porque são de acessórios para jogadores. A empresa tem uma performance boa, mas está bastante descontada em seus múltiplos pelo mercado difícil e o fator China”, diz o analista da Suno Research.  

Fundos mascarados  

Medeiros não acredita que dê para olhar o setor como um todo. Microsoft, Sony e Tencent são casos de empresas que tem exposição à indústria de videogames, mas também outros negócios relevantes para suas receitas.  

Já as empresas que só trabalham com jogos podem ter muitas nuances: produtoras, distribuidoras, jogos para computador, para celular, online, acessórios, entre outras variedades.  

“É uma indústria complexa de analisar, tem empresas com ciclos próprios e tendências difíceis de prever. Não é um investimento aconselhável para qualquer perfil de investidor, tem bastante volatilidade no desempenho em Bolsa” diz Medeiros. 

Alguns ETFs (fundos passivos) que investem em videogames conseguiram um desempenho melhor investindo em empresas de tecnologia com um dedo em jogos. É o caso na Nvidia. A companhia de chips é a maior alta do S&P 500 em 2023 e 2024 e tem uma pequena exposição à indústria, cerca de 10% de sua receita.  

“A Nvidia tem uma exposição pequena, mas a AMD, uma concorrente, tem bastante foco na indústria de jogos e um desempenho forte nos últimos meses. Isso ajuda no desempenho dos ETFs que são mais genéricos em suas carteiras”, diz Medeiros.  

O analista da Suno não acredita que o investimento em ETFs seja uma boa escolha para se expor ao setor. Segundo ele, essas empresas têm um nível de risco alto que requer uma análise mais cuidadosa e um investimento muito consciente.