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Os dividendos da Petrobras (PETR3;PETR4) são assunto no mercado financeiro desde o início de março, quando a empresa decidiu não distribuir parte do lucro aos acionistas. Agora que a história mudou e a companhia deve pagar R$ 22 bilhões em dividendos, vale a pena investir na petroleira para ficar com parte desse dinheiro?
Analistas ouvidos pelo InfoMoney divergem sobre o assunto. De um lado, há quem defenda que é uma boa comprar ações da estatal antes da distribuição de dividendos. De outro, outros afirmam que “não faz sentido” comprar PETR3 ou PETR4 agora.
Por que a próxima quinta-feira é importante?
Antes de decidir sobre o investimento na Petrobras, o investidor precisa entender o que vai acontecer na próxima quinta-feira (25).
É quando os acionistas da Petrobras se reunirão em assembleia que deve aprovar o pagamento de metade do lucro remanescente em 2023 como dividendos neste ano, os R$ 22 bilhões tão discutidos pelo mercado.
Se a proposta for aprovada, como espera o mercado, também deve haver decisão sobre a data de pagamento e data de corte para determinar quem tem direito a receber os proventos.
Além disso, a quinta-feira ainda marca a data de corte para a distribuição de dividendos regulares da companhia, de R$ 14,2 bilhões. Quem comprar a ação preferencial ou ordinária da empresa até essa data vai receber R$ 0,54 por ação em 20 de maio e mais R$ 0,54 em 20 de junho.
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Vale a pena correr para ter o papel até lá?
Para Flavio Conde, analista da Levante, não. “Não faz sentido entrar agora, o que fez sentido foi segurar as ações quando caíram a R$ 36, agora o mercado já corrigiu o suposto exagero e precificou os 50% de dividendos extraordinários”, argumenta.
Já Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, defende o investimento e diz que “a empresa gera muito caixa e vai seguir distribuindo muitos dividendos, com o maior dividend yield (rendimento de uma ação com o pagamento de dividendos) entre seus pares”.
Sobre o temido risco de intervenção governamental e investimentos que não priorizam o retorno ao acionista, o analista da Guide diz que “o risco de investir em Petrobras não é, hoje, maior do que já foi no passado e enxergamos uma bela assimetria mostrando que vale a pena investir na empresa”.
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Por outro lado, Conde argumenta que “o mercado sempre vai precificar Petrobras com um pé atrás porque a cada trimestre pode haver discussão sobre a política de dividendos”.
Ele ainda lembra que a defasagem do preço dos combustíveis oferecidos pela petroleira está em um patamar elevado, com o preço da gasolina 18% mais baixo que o praticado no Golfo do México, onde estão as grandes refinarias dos Estados Unidos, e o diesel 8% mais barato. “O novo tema da Petrobras é quando vai reajustar os preços”.
Petrobras deve entrar na carteira de dividendos?
Diante do momento turbulento da ação, pode ser difícil decidir sobre a inclusão do papel na carteira de dividendos, que precisa ter papéis mais estáveis e que entregam bons proventos. Porém, para quem está pensando em esperar a poeira abaixar para investir, Haag diz que “precisa investir na Petrobras antes da aprovação dos dividendos extraordinários, porque o papel vai se valorizar bastante depois disso”.
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Para o Bradesco BBI, o pior já passou e os fatores que levaram ao rebaixamento da recomendação da petroleira pelo banco no mês passado estão se tornando positivos para a tese. Por isso, a recomendação para a ação da estatal passou de market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) para outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra).
Mas, caso a proposta não seja aprovada ou, no futuro, a empresa decida não distribuir mais os dividendos extraordinários, o investidor que foca em dividendos pode correr do papel: “não valeria a pena por causa do preço da ação”, segundo Haag.
Aqui, Conde e Haag não concordam (de novo). Segundo o analista da Levante, as ações da Petrobras são arriscadas demais para uma carteira com foco no pagamento de dividendos, ainda que ofereçam um dividend yield elevado. “Normalmente, as recomendações de ações para dividendos são de empresas com maior previsibilidade”, diz o especialista.