Vale a pena aplicar na poupança se a Selic continuar a subir? Veja comparação com título público e CDB

Remuneração da caderneta muda quando a taxa básica de juros ultrapassa 8,5% ao ano; confira que opção rende mais nesse cenário

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – Com as projeções do mercado para a taxa básica de juros, a Selic, superando o patamar de 8,5% no começo de 2022, a poupança pode voltar a pagar uma remuneração de 0,5% ao mês acrescida da taxa referencial, o que aumentaria de certa forma o retorno da caderneta. No entanto, segundo analistas da XP, mesmo com a mudança, a aplicação continuaria perdendo de outros investimentos, como os títulos públicos.

A razão para a alteração, lembra a XP, é que desde 2012 a poupança tem duas formas de remuneração: quando a Selic está abaixo de 8,5%, o rendimento é de 70% da Selic acrescido da variação da taxa referencial (TR); já quando ela está acima desse patamar, o retorno passa a ser de 0,5% ao mês mais a TR.

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Atualmente, a poupança rende cerca de 0,45% ao mês. Isso porque, desde 2017, a taxa referencial está em 0%, devido à queda na Selic. Com o ajuste no rendimento para 0,5% ao mês, caso a Selic de fato supere os 8,5% ao ano, a remuneração anual da caderneta poderia chegar a 6,168% mais a TR.

Embora aumente um pouco, cálculos feitos pelos analistas da XP mostram que a remuneração que poderia ser obtida na poupança seguiria atrás da rentabilidade de títulos públicos como o Tesouro Selic ou mesmo de um CDB que oferecesse 120% do CDI, principal referência de retorno da renda fixa.

Considerando a taxa Selic constante em 8,5% ao ano, as simulações dos analistas apontam que um investidor que tivesse aplicado R$ 5.000 em fevereiro de 2022 e resgatasse o valor em agosto de 2024 receberia R$ 6.199,92 líquidos no CDB.

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Da mesma forma, se tivesse aplicado no Tesouro Selic, o investidor receberia R$ 5.972,43 líquidos. Já no caso da poupança, a pessoa iria resgatar R$ 5.807 líquidos.

Pior desempenho desde 1991

Apesar de seguir um dos investimentos mais populares no país, a rentabilidade real da poupança – ou seja, descontando a inflação – acumulada em 12 meses ficou novamente negativa em setembro, em 7,46%.

Segundo levantamento da plataforma de informações financeiras Economatica, foi o 13º mês consecutivo em que o retorno da caderneta não foi suficiente nem para superar o avanço da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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O desempenho foi o pior registrado desde outubro de 1991, quando a poupança teve rentabilidade real de -9,72% em 12 meses.

Entre janeiro e setembro de 2021, a caderneta apresentou retorno de -4,89% descontando a inflação. Só houve um desempenho pior em 1991, quando, entre janeiro e setembro, a rentabilidade real ficou negativa em 11,3%.

Nos últimos 30 anos, a poupança só perdeu para a inflação no acumulado de janeiro a setembro em três oportunidades: além de 2021 e 1991, isso também aconteceu em 2015.

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