Vai sacar até R$ 1 mil do FGTS? Veja seis opções para investir o dinheiro de forma diversificada

Opções podem ir desde títulos públicos pós-fixados, até papéis de crédito bancário, ETFs e fundos imobiliários

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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Para quem está com os boletos em dia e sem destino certo para o dinheiro extra que está prestes a entrar na conta, o saque extraordinário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode representar o primeiro passo para investir fora da reserva da emergência.

“Como a inflação está pressionada, pode ser que a renda da pessoa tenha sido consumida. O primeiro passo é ver se o dinheiro de caixa [reserva de emergência] está tranquilo”, diz. “Se estiver, o investidor pode partir para uma diversificação”, acrescenta Arley Junior, estrategista de investimentos do Santander.

Os saques serão liberados a partir desta quarta-feira (20) e vão ocorrer de acordo com o mês de nascimento de cada trabalhador. Com isso, poderão ser feitos até 15 de dezembro de 2022.

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Segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney, engana-se quem acredita que não é possível montar carteira com até R$ 1 mil – valor máximo que pode ser resgatado – com investimentos em várias classes de ativos.

Para os perfis mais conservadores, as projeções de alta para a Selic ajudam a fazer com que boa parte da alocação tenda a ficar em renda fixa, via títulos públicos pós-fixados atrelados à Selic ou à inflação.

Títulos bancários também estão entre as recomendações, como é o caso dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que estão com retornos atrativos para prazos mais curtos, como entre três meses e dois anos, ou das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) ou Imobiliário (LCIs), que possuem isenção tributária.

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Alocações em Bolsa e em fundos imobiliários também não devem ficar de fora para investir o dinheiro do FGTS, mas em menor percentual para quem não está disposto a correr tanto risco. Nesse caso, posições via ETFs (fundos de índice), ou via fundos de recebíveis ou fundos de fundos (FoFs) imobiliários são as mais recomendadas para iniciantes, ou para quem tem pouco para investir e deseja diversificar ao máximo.

Fundos de investimento do tipo multimercados também têm espaço para compor uma carteira de até R$ 1 mil. Na opinião de especialistas, no entanto, é preciso ponderar se o valor inicial de aplicação do fundo pode garantir uma boa diversificação para a carteira de quem está começando.

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Confira as principais recomendações dos especialistas ouvidos pelo InfoMoney:

Tesouro Direto

Quanto custa investir? Investidores podem ter acesso aos títulos públicos negociados via Tesouro Direto com aplicações por volta de R$ 30. O papel mais barato atualmente é o Tesouro IPCA+ 2026, negociado a R$ 31,28 na última terça-feira (19) . O programa permite que o investidor compre a quantidade mínima correspondente a uma fração de 0,01 título, ou seja, 1% do valor cheio do papel, desde que respeitado o investimento mínimo de R$ 30,00.

Quais são as melhores opções? Na avaliação de Letícia Cosenza, especialista em renda fixa da Blue3, o momento é mais propício para alocações em papéis pós-fixados atrelados à Selic (Tesouro Selic), sem restrição de vencimento. Ou seja: vale apena adquirir tanto o Tesouro Selic 2025 quanto o 2027, a depender de quando o investidor pretende usar o dinheiro, diz a alocadora.

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Posições em títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+) também compõem bem o portfólio. Entre as opções disponíveis hoje, a especialista prefere as de prazo mais longo para quem está disposto a correr mais risco. Ela explica que em um cenário de médio e longo prazos, o investidor pode optar por vender o título antecipadamente com ágio e assim, ganhar com isso.

Já para quem for mais conservador, Patrícia Palomo, conselheira da Planejar, diz que o foco deve ser em papéis de curto prazo, como é o caso do Tesouro IPCA+2026.

Opções prefixadas também podem entrar na carteira, caso a pessoa possua um compromisso fixo para levar o título até o vencimento e acredita que a taxa contratada está atrativa. A especialista da Planejar também defende que prazos mais curtos são melhores opções, diante de um cenário local mais incerto. Hoje, o título mais curto disponível é o Tesouro Prefixado 2025.

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Produtos bancários (CDBs, LCIs, LCAs)

Quanto custa investir? No caso de Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio, o valor mínimo do investimento pode ser bem baixo, cerca de R$ 50, segundo números da plataforma Yubb, que compila informações de várias corretoras.

Quais são as melhores opções? No caso de investidores que estão dispostos a deixar o investimento aplicado por prazos mais curtos, Letícia, da Blue3, observa que LCAs e LCIs vêm oferecendo juros mais atrativos do que os CDBs. Uma das razões, explica, é que os primeiros possuem isenção tributária e por isso, o ideal é comparar o retorno de uma LCI ou LCA com o retorno líquido do CDB, que não está isento de Imposto de Renda, para ver qual vale mais a pena.

Se optar por um CDB, ela diz que tem buscado produtos que oferecem um juro bruto de 14% para prazos de um ano, ou 14,5% para prazos superiores. Já para opções pós-fixadas atreladas ao CDI – taxa de referência da renda fixa – a alocadora diz que vem olhando mais para LCAs e LCIs.

ETFs (fundos de índice)

Quanto custa investir? Uma das opções para quem deseja dar os primeiros passos na renda variável, mas não possui grande conhecimento no mercado financeiro é via fundos que replicam carteiras de índices, como os ETFs. De acordo com o fechamento da última segunda-feira (18), a cota mais barata de um ETF custava R$ 4,75 e era do Tech Brasil (TECB11), que investe em empresas de tecnologia brasileiras.

Quais são as melhores opções? Para a analista da Rico Investimentos Paula Zogbi, produtos como o (BOVA11), que é um dos ETFs mais negociados que replicam a carteira do Ibovespa, podem ser boas opções para quem deseja aproveitar o bom momento do ciclo de alta de commodities.

Isso porque boa parte do Ibovespa está exposto a papéis ligados a empresas produtoras de matérias-primas, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3); (PETR4), por exemplo.

Outra opção interessante, diz Paula, pode estar em uma alocação mais focada em empresas que são boas pagadoras de proventos, via o ETF (DIVO11), que replica o índice de dividendos da B3, Idiv.

Em um mundo de inflação mais pressionada e de conflitos geopolíticos entre grandes nações, a alocação em ouro também volta a chamar atenção para investidores com foco em proteção, como é o caso do ETF (GOLD11). Para perfis mais propensos ao risco, Paula diz que também é possível alocar em ETFs de criptomoedas, como o (HASH11).

“Para o curto prazo, o cenário [dos criptoativos] está nebuloso. Mas pensando nos usos futuros, achamos que é interessante para o médio e longo prazos. De qualquer forma, seria uma exposição pequena”, afirma a analista da Rico.

Ações

O investidor que possui até R$ 1 mil para investir tem a possibilidade de aplicar por meio do mercado fracionário, embora especialistas assinalem que a alternativa não é a melhor por causa da dificuldade maior em diversificar e da liquidez ser menor.

Enquanto no mercado integral as ações são negociadas em lotes de 100 ações, no mercado fracionário, o investidor compra apenas uma fração dos lotes, negociando uma, duas, 30 ou 99 unidades, por exemplo. Para ajudar na identificação dos papéis, toda ação negociada no mercado fracionária tem a letra F ao fim de seu código, como PETR4F, no caso dos papéis preferenciais da Petrobras.

Quanto custa investir? A ação mais barata para se comprar dentro do Ibovespa, na última segunda-feira (18), era a da Méliuz (CASH3)), ao custo de R$ 206, considerando o lote-padrão de cem unidades. Se optasse por aplicar por meio do mercado fracionário, o investidor precisaria desembolsar a partir de R$ 2,06.

Quais são as melhores opções? Especialistas evitam falar em valores necessários para o investidor começar a aplicar em ações, mas Patrícia, da Planejar, aponta que o melhor é ter um montante acima de R$ 1 mil para conseguir aplicar em uma boa cesta de ações, com diversificação. Nesse caso, a preferência da conselheira é por ETFs, já que eles podem replicar carteiras de índices acionários.

Fundos imobiliários

Quanto custa investir? As opções mais baratas de fundos imobiliários que fazem parte do Ifix, o principal índice do mercado, eram na segunda-feira (18), as do Bluemacaw Renda (BLMR11), negociadas a R$ 7,22.

Quais são as melhores opções? Como o volume de investimento é pequeno, a sugestão de Patrícia, da Planejar, é optar pelo investimento por meio de fundos de fundos (FOFs) imobiliários. A explicação: “eles oferecem uma cesta de ativos mais diversificada para quem tem pouco para investir”, diz a conselheira. Entre as opções, a especialista defende que fundos com mais ativos de shopping tendem a ter uma melhora na sua performance.

“O varejo já voltou e está com vendas acima dos níveis pré-pandêmicos. É o que chamamos de efeito rebote. É como se eu deixasse uma mola presa por um tempo, agora ela tende a se expandir para depois retornar ao formato inicial”, observa Patrícia, dizendo que agora as pessoas devem usar a renda para lazer depois de tanta privação com a pandemia.

Já Paula, da Rico, prefere ser mais cautelosa com o segmento de shoppings, diante da inflação elevada no País que pode conter o poder de compra dos brasileiros. Hoje, cerca de 50% da alocação sugerida da casa está em fundos de recebíveis, que podem se beneficiar de um cenário de inflação mais persistente.

O InfoMoney também compila mensalmente uma carteira recomendada de fundos imobiliários. Saiba mais aqui.

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Fundos de ações e multimercados

Quanto custa investir? Hoje, há opções que custam a partir de R$ 1, mas geralmente são de fundos de renda fixa, que investem majoritariamente em títulos públicos. Entre os fundos com estratégia mais diferenciada como fundos de ações, multimercados, a aplicação inicial começa em torno de R$ 50.

Quais são as melhores opções? Depois de ter uma alocação em títulos públicos e em renda fixa privada, Junior, do Santander, diz que o destaque das carteiras agora está nos fundos multimercados, especialmente os que possuem estratégia mais macro. Ou seja: que podem alocar em ativos que vão desde ações, câmbio até juros.

“Nesse tipo de fundo, o gestor tem a flexibilidade de montar e desmontar estratégias com agilidade”, afirma. “Um dos destaques desse ano são fundos com posições em juros no exterior”, observa.

A razão: para ele, o Federal Reserve (banco central americano) mostrou maior preocupação com a inflação e o cenário para os juros está mais claro. Logo, diz, isso começou a ser incorporado no preço.

Entre as sugestões de Junior estão o Santander Alocação Macro, com investimento inicial de R$ 100, que aloca em fundos de grandes gestoras do mercado.

Já na Rico, entre os multimercados com preço de entrada mais baixo e que estão na carteira da corretora, Paula diz que selecionou o Kapitalo K10, que possui investimento inicial de R$ 500. Outra opção é o Quantitas Mallorca, com aplicação mínima de R$ 1 mil, afirma a analista.

Entre os fundos de ações, as sugestões de Paula envolvem o eTrend All Star, com aplicação inicial de R$ 100, além do Hix Capital Institucional, com valor de início de R$ 1 mil.

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