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A renda fixa brilhou no ano passado, com a Selic em 13,75% ao ano. E os ganhos podem se repetir em 2023 porque, ao que tudo indica, os juros no Brasil deverão permanecer neste patamar alto nos próximos meses.
Num ano com governo novo e volatilidade nos mercados, não é simples escolher um ativo para investir, minimizar perdas e garantir boa rentabilidade. A inflação voltou a assombrar as potências mundiais no ano passado, a Covid ganhou força e a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda está em andamento.
Diante disso, a pedido do InfoMoney, analistas elencaram quais são os melhores títulos públicos para priorizar em 2023. É bom lembrar que o Tesouro Direto ganhou popularidade porque é considerado uma modalidade de investimento democrática, que permite fazer aplicações com valores muito baixos (a partir de R$ 30) e oferece liquidez diária para todos os papéis.
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Entre os pós-fixados (Tesouro Selic)
O ano deverá ser marcado por uma taxa de juros ainda de dois dígitos e inflação de aproximadamente 5%. São essas as informações do último Relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, que centraliza as projeções dos principais agentes de mercado.
Portanto, os títulos públicos pós-fixados – ou Tesouro Selic, como são chamados no Tesouro Direto – são uma opção considerada segura que terá uma performance também de dois dígitos em 2023, diz Alexandre Satoru Yamamoto, analista de renda fixa da Levante investimentos.
“A Selic projetada pelo Focus no final de 2023 é de 11,75%. O próprio Banco Central já admite a possibilidade de volta do ciclo de alta, a depender das consequências da política fiscal do governo eleito”, diz Yamamoto. “De qualquer maneira, é recomendável que pelo menos uma parte da carteira de qualquer investidor seja alocada em títulos pós-fixados, que oferecem bom rendimento com praticamente zero volatilidade”.
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Entre os títulos de inflação (Tesouro IPCA+)
Dadas as perspectivas para a Selic, o cenário é de juros reais (descontada a inflação) também elevados em 2023 – o que torna os títulos indexados à inflação (ou Tesouro IPCA+) uma opção atraente para os investidores mais arrojados.
“A percepção é reforçada pelo atual viés de alta da inflação, tendo em vista a incerteza sobre a política fiscal do novo governo”, diz Yamamoto. “Recomenda-se um título de vencimento intermediário, no ‘miolo’ da curva, com uma composição de risco e retorno mais atraente do que os longos atualmente”.
Para Camilla Dolle, head de research de renda fixa da XP, o Tesouro IPCA+ com vencimento em agosto de 2026 é um bom caminho para compor a carteira. “Nós encurtamos os prazos dos títulos. E tiramos o Tesouro IPCA+ 2035 da carteira por conta da volatilidade”, explica.
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Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA, reforça que em períodos de volatilidade é preciso ficar de olho no prazo dos ativos – quando vão vencer e se podem ser resgatados. “Se o horizonte da pessoa for curto, será preciso casar esse investimento com o prazo da demanda, para que não aconteçam problemas na hora da saída”.
Por isso, também menciona do Tesouro IPCA+ 2026 como uma boa opção para o ano, pois oferece taxas elevadas para o investidor que tem um bom nível de ativos pós-fixados. “Esse título faz composição com o Tesouro Prefixado 2025″, diz.
Porém, não descarta papéis de inflação com vencimentos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2035. “Quem quer uma rentabilidade maior e aceita correr um risco na mesma proporção, pode optar por ele. O fato de o ativo ser atrelado à inflação é um atrativo no longo prazo”, avalia.
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Entre os títulos prefixados (Tesouro Prefixado)
Para Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, apesar das incertezas no horizonte, a renda fixa – até mesmo a prefixada – vai continuar sendo um bom negócio em 2023. “A taxa de juros agora tem muito mais para cair do que pra subir. O caminho é montar uma carteira com grande ponderação em NTN-Bs [Tesouro IPCA+] e LTNs [Tesouro Prefixado]”, detalha. “Vamos dar um peso maior para os títulos prefixados”.
Para ele, o novo governo está sinalizando que vai gastar mais recursos e não priorizar o teto de gastos, o que preocupa, porque pode atrapalhar a economia. Se não houver a sustentabilidade da dívida pública, afirma o especialista, fica mais arriscado investir no Brasil – o que pode afastar investidores internacionais.
“Se isso acontecer, eles vão vender real e comprar dólar, que vai valorizar, enquanto o real vai desvalorizar. Se a moeda americana valoriza muito, pode ser um entrave, já que somos um país importador de tecnologia”, ressalta Calestine.
Além disso, o País pode acabar se endividando mais e o mercado vai cobrar do captador – ou seja, do governo federal – juros mais altos para emprestar. “Esse ainda é um cenário distante, mas a chance de isso acontecer vai crescendo, ao passo que a dívida aumenta com relação ao PIB”.
Para Camilla, da XP, o Tesouro Prefixado com vencimento em julho de 2025 é a melhor opção, por ter prazo menor.
Queiroz, do Itaú BBA, diz o mesmo. O Tesouro Prefixado 2025, em sua visão, é adequado para quem quer fazer uma “aposta”: de que a economia dos Estados Unidos pode arrefecer à frente e o ciclo de alta de juros americanos, parar no primeiro trimestre deste ano. Em algum momento, as taxas cairão nos países desenvolvidos, e vão acabar caindo aqui no Brasil também. “É um prazo bom também para quem tem ansiedade, porque traz tranquilidade”, segundo o estrategista.
“Para os nossos clientes destacamos o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro IPCA+ 2035. Eles têm um componente de Selic e os investidores ficam cobertos, com boas opções na carteira”, diz Arley Junior, estrategista de investimentos do Santander. Ele afirma que a renda fixa voltou para a mesa quando os juros estruturais da economia foram revisados para cima.