USDT, maior “dólar digital” do mundo, recupera tamanho pré-crise das criptomoedas

A empresa tem US$ 81,4 bilhões de ativos apoiando a stablecoin USDT

Bloomberg

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A stablecoin USDT, emitida pela Tether, está prestes a recuperar todo o valor de mercado perdido após o colapso de sua antiga rival, a stablecoin algorítmica TerraUSD (UST), há menos de um ano.

A emissora tem US$ 81,4 bilhões de ativos dando lastro à USDT nesta segunda-feira (24), de acordo com o rastreador de dados CoinMarketCap. O valor atingiu um pico de cerca de US$ 83 bilhões em maio do ano passado, quando a queda do projeto Terra jogou o mercado cripto em uma crise. Os ativos da Tether caíram quase 20% no segundo trimestre do ano passado.

A recuperação é uma prova do papel dominante que a USDT desempenha no mercado cripto como meio de conduzir transações e armazenar valor. A stablecoin, o criptoativo mais negociado do mundo, visa manter paridade de um para um com o dólar americano, contando com uma reserva de caixa equivalente. O ativo caiu brevemente abaixo de US$ 1 quando a TerraUSD implodiu, e novamente em novembro, quando a exchange FTX quebrou.

A qualidade dos ativos usados pela Tether para essa reserva foi questionada no passado, e os reguladores em todo o mundo voltaram os holofotes para os emissores de stablecoin.

Neste ano, a Tether se beneficiou da turbulência bancária que pesou sobre rivais como a USD Coin (USDC), da Circle, bem como da recuperação que fez o Bitcoin (BTC), líder do mercado, disparar cerca de 65%. A quantidade de USDT em circulação normalmente aumenta durante as altas e diminui em mercados de baixa, de acordo com Alex Thorn, chefe de pesquisa da Galaxy Digital.

Grandes investidores, muitas vezes chamados de “baleias” no mercado cripto, também estão saindo de negócios lucrativos e deixando recursos parados em USDT, disse Henry Elder, chefe de finanças descentralizadas da Wave Digital Assets.

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Enquanto isso, a evolução do ambiente regulatório dos EUA empurra mais traders para o exterior, beneficiando a USDT na comparação com a mais regulada USDC. A Tether está sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. A Circle, que registrou um declínio de cerca de 30% nos ativos da USDC este ano, é administrada em Boston.

“Estamos vendo uma mudança total de USDC para outras stablecoins menos centradas nos EUA”, disse Elder. “Isso continuará acontecendo enquanto os EUA permanecerem irracionalmente hostis às criptomoedas em geral e às stablecoins em particular.”

Uma audiência da Câmara dos Representantes na semana passada, focada em stablecoins, indicou uma profunda divisão entre os legisladores republicanos e democratas.

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Ao mesmo tempo, a Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) e os reguladores estaduais intensificaram as ações de fiscalização. A Paxos Trust parou de emitir sua stablecoin BUSD, com a marca da Binance, após uma reação do regulador de Nova York.

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O valor de mercado da BUSD caiu cerca de 60% desde o início do ano, de acordo com o CoinMarketCap. A SEC também declarou a UST, a stablecoin que desencadeou a falha do ecossistema Terra, um título não registrado.

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“A Tether tem sido uma grande beneficiada da abordagem de repressão nos EUA, pois não apenas parece estar isolada da SEC, mas também não sofreu nenhum incidente importante nos últimos tempos, inspirando confiança entre os investidores”, disse Conor Ryder, um analista de pesquisa da Kaiko.

A Tether também parece ter lucrado com a recente onda de instituições financeiras se afastando dos clientes cripto. Isso deixou stablecoins como a USDT como uma das poucas opções alternativas viáveis para entrar no mundo das criptomoedas.

O resultado é, no mínimo, irônico, já que a Tether ainda é vista por muitos observadores do mercado como uma caixa preta. Suas reservas não foram auditadas de forma independente. No passado, a empresa chegou a um acordo com Nova York para encerrar uma investigação sobre a mistura de fundos e mentiras sobre suas reservas; a empresa não admitiu qualquer irregularidade.

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“É inexplicável para mim que as pessoas estejam investindo em USDT”, disse Campbell Harvey, professor de finanças da Duke University. “É um ativo muito opaco.”

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