Um ativo domina e renda fixa bate 90% das emissões do ano no mercado de capitais

Dados da Anbima confirmam domínio da renda fixa e fraqueza da Bolsa no primeiro semestre do ano; veja números

Monique Lima

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O primeiro semestre de 2024 encerrou com números recordes em quase todos os instrumentos do mercado de capitais, com destaque para a renda fixa, puxada pelo alto volume de debêntures.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgados nesta quarta-feira (17), a renda fixa representou 9 em cada 10 emissões entre janeiro e junho. Ao todo, R$ 305 bilhões foram captados de investidores, distribuídos entre debêntures, CRIs, CRAs, FIDCs e notas comerciais.

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Todos os ativos de renda fixa tiveram avanços consideráveis em emissões no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, mas o movimento entre debêntures chama atenção: de cada 10 emissões entre janeiro e junho, 6 foram com esse instrumento, o equivalente a um volume de R$ 206,7 bilhões, 164,4% mais que os R$ 78,2 bilhões um ano antes.  

A maior parte dos ativos foi adquirida por fundos de investimentos. Eles foram os principais subscritores dos novos títulos de dívida, principalmente dos incentivados, que emitiram um recorde de R$ 64,4 bilhões, ante R$ 12,7 bilhões no primeiro semestre de 2023.  

Fonte: Mercado de Capitais – 1º semestre de 2024 – Anbima

“O mercado está mais favorável para as emissões de debêntures. Os spreads estão bons e muitas companhias fizeram emissões ao mesmo tempo, na tentativa de captar mais rápido”, disse Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.  

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Para ele, o mercado dos títulos com benefícios fiscais ainda vai melhorar quando o governo terminar a regulamentação e as empresas tiverem mais clareza de como conseguir o benefício fiscal das novas debêntures de infraestrutura.  

CRIs e CRAs  

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs) também apresentaram captações fortes nos 12 meses que terminaram em junho, algo que não era esperado depois das mudanças regulatórias que diminuíram as possibilidades de lastros para novas emissões.  

O volume de emissões de CRIs avançou 149,20% em um ano, para R$ 31,35 bilhões, e o de CRAs subiu 41,18% no período, para R$ 13,72 bilhões. “Se o regramento fosse o mesmo, esse volume seria ainda maior que o atual”, afirmou Maranhão.  

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As emissões foram maiores no segundo semestre de 2023, com volumes de R$ 35,1 bilhões e R$ 29,5 bilhões, respectivamente. A variação, segundo o presidente da Anbima, se deve a uma sazonalidade comum no segmento, pois empresas costumam buscar mais captações na segunda metade do ano para se preparar para o ano seguinte. Para a Anbima, os bons números deste começo de ano devem continuar nos seis meses finais.  

IPOs e follow-ons  

O mercado de ações caminhou no sentido contrário ao das ofertas de renda fixa, com números em queda frente ao primeiro semestre do ano passado, quando já tinham sido baixos.  

Foram seis ofertas secundárias de ações (follow-ons) de janeiro a junho, que somaram R$ 4,9 bilhões, ante R$ 13,5 bilhões no mesmo período de 2023. Já as ofertas primárias (IPOs) continuaram zeradas.  

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Para os próximos meses, duas operações estão em andamento: o follow-on que vai resultar na privatização da Sabesp (SBSP3), estimado em R$ 15,9 bilhões, e a oferta da Isa CTEEP (TRPL4), estimada em R$ R$ 3,5 bilhões.

Maranhão se diz esperançoso em relação à volta dos IPOs, mas não faz distinção entre a abertura de capital no Brasil ou no exterior. Para ele, a preocupação se é uma oferta local ou externa é menos relevante atualmente – a abertura da janela, afirma, é mais crucial.