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Mesmo em meio a um cenário de persistência inflacionária, as declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, de que o cenário mais provável é de que a autoridade monetária encerre o ciclo de alta da Selic com a taxa em 12,75% ao ano, acabaram freando o ímpeto do mercado financeiro para ajustes mais agressivos sobre a taxa básica de juros.
A postura adotada pelo BC, juntamente com o recuo forte do câmbio de 7,6% e a oscilação no preço do petróleo, ajudaram a pressionar para baixo a curva de juros, o que refletiu diretamente no Tesouro Direto.
O resultado disso foi a valorização de até 7,54% no preço dos títulos públicos em março, como é o caso do Tesouro IPCA+ 2025. Um mês antes, o movimento tinha sido exatamente o contrário, com o mesmo papel liderando a desvalorização de preços, de até 2,11%. Os dados são da B3.
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As maiores valorizações foram registradas entre títulos atrelados à inflação. Enquanto no começo do mês o Tesouro IPCA+ 2045 oferecia juros reais de 5,68% ao ano, no último pregão de março a taxa entregue pelo papel era bem menor: de 5,44%.
O fenômeno em que a elevação das taxas tem como consequência a queda nos preços – e, portanto, a desvalorização dos papéis – está relacionado à chamada marcação a mercado. Os juros oferecidos por um título de renda fixa têm uma relação inversa com o seu valor de negociação pelos investidores.
Quando as taxas caem, como foi o caso agora, seu preço tende a subir. O contrário também é verdadeiro.
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O movimento, no entanto, não ficou restrito aos papéis indexados à inflação e abarcou também os prefixados, mas em menor intensidade. Entre os que ainda são negociados, a maior valorização foi registrada pelo Tesouro Prefixado 2029, em que o preço do título subiu 0,59%.
No mês passado, apenas um título teve recuo no preço: o Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de cupom semestral, que deixou de ser negociado no Tesouro Direto em fevereiro deste ano e foi substituído pelo papel com vencimento mais longo, o 2033. Em março, esse papel desvalorizou 0,24%.
Vale lembrar, contudo, que as perdas ou os ganhos apontados só acontecem se o investidor decidir vender os papéis antecipadamente. Se carregá-los até o vencimento, a remuneração vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição dos títulos.
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Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em março e no acumulado dos últimos 12 meses:
Títulos | Vencimento | Março | No ano | 12 meses | Taxa Compra |
Tesouro Prefixado | 01/01/2025 | 0,50% | 0,31% | 0,03% | 11,48% |
Tesouro Prefixado | 01/01/2029 | 0,59% | – | – | 11,51% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2033 | 0,44% | – | – | 11,65% |
Tesouro Selic | 01/03/2025 | 0,94% | 2,73% | 7,12% | 0,05% |
Tesouro Selic | 01/03/2027 | 0,77% | 2,87% | 7,49% | 0,17% |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2026 | 2,78% | 3,03% | 6,67% | 5,12% |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2035 | 5,04% | -0,95% | -5,26% | 5,44% |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2045 | 7,54% | -4,54% | -18,33% | 5,44% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2032 | 3,67% | – | – | 5,40% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2040 | 4,18% | 0,61% | -1,05% | 5,46% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2055 | 3,28% | -0,54% | -3,63% | 5,57% |
Fonte: B3