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A visão de que o corte de juros nos Estados Unidos deverá ser postergado para junho ganhou força no mercado após dados de inflação acima do esperado divulgados na terça-feira (13), frustrando expectativas que apostavam na antecipação do ciclo de afrouxamento monetário até maio.
Em vídeo divulgado a clientes na última terça-feira (13), Daniel Ivascyn, CIO da Pimco Group, uma das maiores gestoras do mundo, disse que os dados nos EUA apontam para “direções opostas” e que há um grande impulso de crescimento e de força tanto no mercado de trabalho quanto no setor imobiliário, o que demandam atenção e cautela.
“Ainda que o quadro da inflação esteja melhorando, o Fed [Federal Reserve, banco central americano] vai ser ‘paciente’. Eles vão querer ver mais progresso na inflação ou sinais de enfraquecimento econômico, ou vão permanecer em espera”, destacou o executivo.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA subiu 0,3% em janeiro, mesma variação observada em dezembro de 2023, segundo dados com ajuste sazonal divulgados pelo Departamento do Trabalho americano. Ante janeiro do ano passado, a inflação ficou em 3,1%, desacelerando na comparação com os 3,4% do mês anterior.
O dado de dezembro veio um pouco pior que o esperado, uma vez que o consenso de analistas projetava variação de 0,2% na leitura mensal e inflação de 2,9% na base anual.
O núcleo da inflação, que desconsidera as variações de preços de alimentos e energia, teve alta mensal de 0,4% em janeiro (ante 0,3% em dezembro), enquanto o avanço anual nessa leitura foi de 3,9% — inalterado ante o mês anterior.
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Boa parte da frustração com o indicador de janeiro pode ser atribuída ao índice de habitação (“shelter”), que continuou em alta e subiu 0,6% no mês.
Títulos x ações
Diante de um cenário em que não é possível descartar que o Fed e outros bancos centrais mantenham as taxas de juros elevadas por mais tempo, na avaliação da Pimco, a gestora acredita que os títulos estão bem “atrativos” na comparação com ações.
Para a gestora, alguns dos destaques estão em economias como a do Reino Unido, Canadá e Austrália, que poderiam ser boas oportunidades para títulos de maior qualidade (high grade, ou seja, menor retorno e risco), além de alguns emergentes.
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Não só: a casa avalia que investidores deverão ser recompensados por sair da renda fixa com foco mais em “caixa” e liquidez para uma renda fixa de “alta qualidade”.
Uma das razões para o maior otimismo da Pimco com a renda fixa de alta qualidade é que a reprecificação dos ativos em resposta ao aumento dos juros está ocorrendo de forma “muita lenta”, na visão da gestora.
Para a casa, se houver um enfraquecimento das economias no fim do ano e as taxas permanecerem elevadas em vários países, será possível ver oportunidades atrativas no mercado privado de crédito, incluindo o imobiliário.
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“Portanto, aqui, hoje e agora, aproveite os segmentos de mercado de maior rendimento e maior qualidade. Expanda para fora dos Estados Unidos, se tiver flexibilidade para fazê-lo em alguns desses mercados de maior qualidade”, defendeu a gestora.