TIM (TIMS3) e Telefônica (VIVT3) prometem aumentar dividendos e acendem radar dos “caçadores de renda”

Operadoras de telefonia divulgaram resultados positivos nos últimos dias – e, com eles, projeções de dividendos mais fartos a acionistas nos próximos anos

Paulo Barros

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Os resultados favoráveis referentes ao 3º trimestre divulgados nos últimos dias por TIM (TIMS3) e Telefônica Brasil (VIVT3), dona da marca Vivo, trouxeram boas notícias para o investidor com foco na estratégia de obtenção de renda com dividendos.

Ambas anunciaram que vão pagar mais aos acionistas, mas não à moda da mineradora Vale: em vez de provento extraordinário, optaram por elevar a projeção de distribuições para os próximos anos.

No caso da TIM, após divulgação de balanço na segunda-feira (6) mostrando lucro acima das expectativas, o Plano Estratégico 2023-2025 passou a incluir remuneração de R$ 600 milhões a mais para este ano – de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,9 bilhões.

Já a dona da Vivo se mexeu em duas frentes: de um lado, aprovou proposta para redução de capital de R$ 1,5 bilhão, sem o cancelamento de ações de emissão da companhia, por meio de restituição do valor aos acionistas até 31 de julho do ano que vem. De outro, informou que ainda pretende distribuir 100% de seu lucro líquido de 2024 a 2026 em forma de proventos (dividendos, juros sobre capital próprio, reduções de capital ou recompra de ações).

Os movimentos são vistos por analistas não como uma coincidência, mas, sim, como sinal de melhora estrutural no setor de telecomunicações, que passa por momento de maior geração de caixa após o fim do leilão dos espectros do 5G, além de ambiente concorrencial mais benéfico na telefonia móvel pela consolidação do segmento após a saída da Oi Móvel.

“A TIM captura isso na veia, com mais de 95% da receita vindos da telefonia móvel. E a Vivo, líder desse segmento, também tem uma participação relevante e [obtém] um benefício grande”, avalia Bernardo Guttmann, head de Tech, Media e Telecom do time de research da XP.

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“As empresas estão desalavancando e distribuindo essa remuneração aos acionistas, então, do ponto de vista estrutural, é bem positivo. Na nossa visão, o movimento é sustentável”, analisa.

As impressões são compartilhadas por Bruno Benassi, especialista em ações da Monte Bravo Corretora. Segundo ele, apesar de a TIM não ter uma política de proventos definida, indica capacidade de sustentar bons níveis de pagamento no futuro.

“A TIM resolveu seguir pro modelo em que faz um aluguel da parte de expansão de fibra. Mas, mesmo sendo um modelo que é capital intensivo, gera muito caixa e permite que ele seja distribuído para os acionistas”, conta.

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Vale a pena ter TIMS3 e VIVT3 na carteira de dividendos?

A decisão de manter determinada ação em uma carteira focada em dividendos passa por entender se os pagamentos se manterão ou aumentarão no futuro – e esse parece ser o caso das duas companhias.

A TIM pretende concluir os pagamentos de juros sobre o capital próprio (JCP) até o fim de 2023 e anunciar o restante da distribuição na forma de dividendos no primeiro trimestre de 2024, em padrão semelhante ao ano passado.

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Segundo analistas do Goldman Sachs, após 2023, espera-se que a remuneração aumente ao longo do tempo, embora a taxa de aumento e a forma de remuneração dos acionistas possam depender, entre outros fatores, dos resultados da reforma tributária em curso no País.

Com o anúncio de R$ 600 milhões a mais, o dividend yield (retorno de uma ação apenas na forma de proventos) das ações da TIM salta para cerca de 8%, segundo cálculo do JPMorgan. Esse, no entanto, é apenas o piso, segundo destacou o CEO da empresa em teleconferência de resultados, de modo que o yield poderá subir conforme crescem os fluxos de caixa.

VIVT3, que já entrega taxa de retorno nesse patamar, poderá pagar mais à medida em que reduz o capital em R$ 5 bilhões, montante liberado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) – a redução de R$ 1,5 bilhão aprovada pela empresa recentemente é apenas a primeira parcela.

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“A empresa deve deixar alguma gordura pra distribuir até 2025. Então, ano que vem deve trabalhar com yield de 9% ou 10%, e mais 9% ou 10% para 2025″, aposta Benassi, da Monte Bravo.

Os yields de TIM e Vivo, embora sejam considerados altos, não estão exatamente entre os maiores da Bolsa brasileira. No entanto, especialistas ressaltam que são papéis importantes para proteção do portfólio: por mais que Petrobras (PETR3;PETR4) tenha retornado mais em 2023, é uma empresa em segmento cíclico, que depende do preço do barril de petróleo. O mesmo serve para a Vale (VALE3).

“A diferença de ter uma Vivo na carteira é que o negócio é mais estável. Em nenhum ano ela vai subir 50% a receita dos planos móveis ou do fixo, mas também não vai sofrer uma queda de 20% de receita”, pondera Benassi.

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Em termos de potencial de valorização, no entanto, as empresas são vistas de formas distintas.

Para o Bradesco BBI, o balanço da Telefônica foi recebido como neutro para os papéis da empresa, embora com “momentum positivo sustentado”. Já TIM teria mais espaço para valorização. “Temos Tim na carteira de dividendos, mas poderíamos ter Vivo também. Em termos de dividend yield, as duas se qualificam para estar nessa carteira. Mas enxergamos [potencial de] upside maior para a TIM”, comenta Guttmann, da XP.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas