Tesouro Selic tem corrida de investidores e taxas caem (ainda mais); aplicação ainda vale a pena?

Título do Tesouro Direto registrou alta demanda em meio à expectativa de Selic mais alta no futuro, indicando maior busca por segurança

Leonardo Guimarães

(Getty Images)
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O Tesouro Selic é um título público cujo retorno ao investidor combina a taxa básica de juros brasileira, atualmente em 12,75% ao ano, e uma remuneração prefixada – conhecida no momento da aplicação. Nesse título do Tesouro Direto, a taxa “extra” já é pequena, mas uma corrida por segurança na renda fixa fez ela cair ainda mais nos últimos meses.

Em maio, a taxa do Tesouro Selic 2026 estava em 0,12% – ou seja, o investidor ganhava a variação da Selic no período do investimento mais os 0,12% contratados no ato da aplicação. Hoje, a remuneração prefixada está na casa dos 0,02%. No Tesouro Selic 2029, a taxa caiu de 0,22% para 0,14%.

“O mercado elevou sua expectativa de trajetória da Selic nas últimas semanas, o que influenciou na demanda pelos títulos do Tesouro Selic”, explica Vinicius Romano, head de renda fixa na Suno Research. Conforme o mercado espera Selic mais alta, mais investidores compram o papel, fazendo a taxa dos títulos cair.

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Além disso, investidores estão fugindo da volatilidade dos outros títulos do Tesouro Direto. Em setembro, somente os títulos do Tesouro Selic entregaram rentabilidade positiva, enquanto prefixados tiveram retorno negativo de até 3,02% e o rendimento de títulos de inflação chegou a -6,57%.

Os dados mais recentes divulgados pelo Tesouro Nacional mostram que o Tesouro Selic tem participação de 66,2% nas vendas do Tesouro Direto. A representatividade dos pós-fixados (cujo retorno só se sabe ao final da aplicação) cresceu 0,7 ponto percentual de julho para agosto deste ano.

Hoje, os Estados Unidos são a grande preocupação de qualquer analista. Os americanos ainda mantêm os juros altos para controlar a inflação e não há perspectiva de queda das taxas. Para Romano, as taxas do Tesouro Selic devem seguir baixas caso a volatilidade dos mercados continue elevada. Ou seja, até que o cenário externo clareie, o título deverá pagar muito próximo à Selic.

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Vale a pena investir?

O movimento das taxas do Tesouro Selic mostra que os investidores estão buscando o papel para fugir das incertezas dos prefixados, mas não muda muita coisa nas carteiras. “O impacto não costuma ser muito alto, justamente porque as taxas não são elevadas”, diz Romano. Ele lembra do movimento das taxas em setembro de 2020, quando o Tesouro Selic entregou retorno negativo, mas, logo depois, recuperou rentabilidade.

Dessa maneira, quem pensa em investir no Tesouro Selic não precisa se apegar à parte prefixada da rentabilidade. Analistas ainda recomendam o investimento, mesmo com perspectivas de queda da Selic nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca que, “em cenário de instabilidade, o Tesouro Selic costuma ser um bom investimento por oferecer segurança e alta liquidez”. É, segundo Lima, uma boa opção para investidores conservadores e reserva de emergência.

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Romano, da Suno Research, lembra que a parcela do patrimônio separada para investimentos mais arriscados pode ficar nos pós-fixados do Tesouro Direto enquanto o investidor aguarda boas oportunidades “equilibrando o nível de oscilação da carteira”.