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Quem comprou um título longo do Tesouro IPCA+ no início de abril e vendeu o papel no fim do mês amargou um prejuízo de quase 4%. As taxas dos títulos públicos subiram no último mês, o que trouxe rentabilidade negativa aos investidores dos papéis mais seguros do mercado brasileiro.
O Tesouro IPCA+ 2055 teve rentabilidade acumulada de -3,86% em abril, o pior entre todos os disponíveis para compra no Tesouro Direto. Já o Tesouro Prefixado 2035 teve rentabilidade negativa de 3,14% no período, mostrando que os títulos de vencimento mais longos, conhecidos pela volatilidade, tiveram os piores desempenhos.
Veja os rendimentos dos títulos negociados no Tesouro Direto em abril e no acumulado do ano:
Título | Rentabilidade em abril (%) | Rentabilidade no ano (%) |
Tesouro Prefixado 2027 | -0,76 | – |
Tesouro Prefixado 2031 | -3,26 | – |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | -3,14 | – |
Tesouro IPCA+ 2029 | -1,73 | -1,51 |
Tesouro IPCA+ 2035 | -3,26 | -6,37 |
Tesouro IPCA+ 2045 | -4,87 | -9,49 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | -2,35 | -3,81 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -2,8 | -4,62 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -3,86 | -6,73 |
Tesouro Selic 2027 | 0,89 | 3,76 |
Tesouro Selic 2029 | 0,86 | 3,75 |
Para especialistas ouvidos pelo InfoMoney, porém, o movimento não deve se repetir em maio e a expectativa é da volta da rentabilidade positiva com queda nas taxas. “Grande parte do resultado (negativo de abril) tem a ver com a abertura dos juros americanos e postura do governo de não cumprimento de sua própria meta fiscal”, diz Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.
Ele argumenta, ainda, que o título mais importante do Tesouro dos EUA, com vencimento em dez anos, chegou à máxima de 2024 em abril e já voltou a cair, o que deve contribuir com o fechamento dos juros no Brasil em maio.
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Comprei esperando a queda; o que fazer?
É comum que investidores comprem títulos públicos com componentes prefixados na remuneração após movimentos de alta nas taxas, esperando uma queda para vender os papéis com lucro. Mas a rentabilidade acumulada dos títulos públicos no ano chega a -9,4%
Para Octávio Gomes, sócio da AVG Capital, é preciso ter paciência, considerando que ainda estamos em ciclo de queda da Selic e que o nível de juro real que o Tesouro Direto oferece atualmente não é sustentável no longo prazo.
“Haverá janelas de oportunidade onde a marcação a mercado dos títulos seja positiva, oferecendo ao investidor a oportunidade de saída antecipada com o alcance de lucro”, diz o especialista.
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Sharon Halpern, sócia e private banker da Blackbird Investimentos, concorda e diz que há expectativa por essa janela “devido a diversas reformas estruturais que o Brasil vem fazendo”.
Bom momento para comprar?
Com as taxas ainda em patamares elevados, os especialistas enxergam uma janela de oportunidade para comprar títulos públicos. Caso o investidor seja mais conservador, a indicação é apostar em títulos pós-fixados ou em papéis mais curtos, caso tenham componentes prefixados na remuneração: “eles são menos impactados pela marcação a mercado”, explica Gomes.
Para a A7 Capital, os prefixados mais curtos, com vencimento entre um e três anos, “têm alta probabilidade de render mais do que os ativos pós-fixados”, segundo Fonseca.
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Os títulos atrelados à inflação, mesmo sofrendo recentemente com a marcação a mercado, seguem com a preferência de analistas: “são a escolha mais segura para o investidor, ainda mais quando encontramos taxas na faixa de IPCA + 6% ao ano”, diz Halpern.