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Que a renda fixa foi a queridinha do brasileiro em 2024, todo mundo já sabe: os dados mais recentes do Tesouro Direto mostram alta anual de 17,6% no estoque do programa em outubro, além de crescimento de 11,7% na base de investidores ativos, houve ainda forte captação dos fundos que investem em renda fixa enquanto outros segmentos patinaram. Mas você sabe quanto os ativos da classe renderam aos investidores?
O InfoMoney foi atrás das respostas com levantamentos de taxas de títulos públicos, bancários e do crédito privado. Em um ano que começou com expectativa de queda da Selic, mas terminou com juros em alta novamente, a volatilidade castigou a rentabilidade de vários ativos no curto prazo. Porém, especialistas garantem que ainda é um bom momento para investir na renda fixa.
Confira a rentabilidade dos principais ativos da renda fixa brasileira em 2024:
Ativo | Retorno entre jan e nov/24 |
Poupança | 6,41% |
Tesouro Prefixado (IRFM) | 3,57% |
Tesouro IPCA+ Curto (IMA-B5) | 6,46% |
Tesouro IPCA+ Longo (IMA-B5+) | 6,46% |
Tesouro Selic | 10,70% |
LCI 85% do CDI | 8,02% |
CDB 110% do CDI | 10,38% |
Debêntures (IDA-Geral) | 9,46% |
CDI | 9,44% |
É importante destacar que os retornos dos títulos públicos e debêntures na tabela seguem os preços dos ativos na marcação a mercado, considerando um cenário com saídas antecipadas dos investimentos, não o carrego (levar o ativo até o vencimento), como nos ativos bancários, mais difíceis de serem negociados.
Títulos públicos
Jeff Patzlaff, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro CFP, diz que este foi “o ano da renda fixa, contradizendo muitos que projetavam a Bolsa em destaque”. Para ele, os títulos atrelados à inflação se destacaram em 2024 porque, no início do ano, se beneficiaram do fechamento da curva de juros com possibilidade de lucro na saída antecipada, e, depois, se tornaram bons investimentos para carrego e vendas antecipadas no futuro.
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Com taxas alcançando os 7,38% além do IPCA, o juro real médio dos papéis de inflação do Tesouro ficou entre 6,08% e 6,17% ao ano. Nos prefixados, os investidores conseguiram travar rentabilidade de 14,76% e as médias ficaram entre 11,58% e 12% ao ano.
Confira a média das taxas oferecidas pelos títulos públicos no ano até 12/dezembro:
Título | Menor taxa | Taxa média | Maior taxa |
Tesouro Prefixado 2027 | 9,84% | 11,58% | 14,76% |
Tesouro Prefixado 2031 | 10,61% | 12% | 14,26% |
Tesouro Prefixado c/ juros semestrais 2035 | 10,61% | 11,88% | 13,95% |
Tesouro IPCA 2029 | 5,20% | 6,16% | 7,38% |
Tesouro IPCA 2035 | 5,36% | 6,12% | 7,12% |
Tesouro IPCA 2045 | 5,58% | 6,17% | 6,97% |
Tesouro IPCA+ 2035 c/ juros semestrais | 5,34% | 6,13% | 7,16% |
Tesouro IPCA+ 2040 c/ juros semestrais | 5,37% | 6,08% | 7,02% |
Tesouro IPCA+ 2055 c/ juros semestrais | 5,48% | 6,14% | 7,01% |
CDBs
Já os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) entregaram juro real de até 7,90% ao ano, mas as taxas médias também ficaram na casa dos 6,10%. “Ainda vemos os bancários com bons olhos”, diz Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, que complementa: “mas reforçamos a importância da seletividade do banco emissor para entender os motivos de uns pagaram mais ou menos do que outros”.
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Confira as taxas oferecidas por CDBs no ano até 11/dezembro:
CDBs indexados ao CDI | ||||
Prazo (meses) | Taxa mínima (% CDI) | Taxa média (% CDI) | Taxa máxima (% CDI) | Emissões |
3 | 83,00% | 99,82% | 120,00% | 1006 |
6 | 97,00% | 102,05% | 120,00% | 586 |
12 | 90,00% | 100,01% | 116,00% | 1123 |
24 | 92,00% | 100,77% | 121,00% | 1146 |
36 | 90,00% | 101,49% | 122,00% | 820 |
CDBs de Inflação | ||||
Prazo (meses) | Taxa mínima (IPCA+) | Taxa média (IPCA+) | Taxa máxima (IPCA+) | Emissões |
12 | 5,45% | 6,41% | 7,25% | 40 |
24 | 4,40% | 6,05% | 7,14% | 519 |
36 | 4,50% | 6,12% | 7,90% | 422 |
CDBs Prefixados | ||||
Prazo (meses) | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Emissões |
3 | 9,31% | 10,70% | 11,92% | 89 |
6 | 9,55% | 10,87% | 13,17% | 276 |
12 | 8,85% | 10,94% | 14,42% | 283 |
24 | 9,20% | 11,49% | 14,59% | 239 |
36 | 9,80% | 11,98% | 15,50% | 291 |
Debêntures
No crédito privado, “foi um ano de recuperação depois do que aconteceu com os spreads em 2023 (abertura expressiva após pedidos de recuperação judicial de Americanas e Light)”, lembra Marcelo Peixoto, gestor da Trigono Capital. Com o fluxo virando para a renda fixa, as debêntures passaram a pagar prêmios menores na comparação com os títulos públicos, até chegar no patamar atual de CDI + 1,8%, que Peixoto classifica como “apertado”.
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As debêntures atreladas à inflação sofreram com a volatilidade e não conseguiram entregar retorno relevante aos investidores em 2024, mas segue como “um investimento quase imbatível para as pessoas físicas” no longo prazo, segundo Peixoto. Isso porque “têm spread adicional de crédito sem pagar Imposto de Renda, um retorno muito interessante”.
Veja a rentabilidade acumulada nas debêntures entre janeiro e novembro de 2024:
Tipo de debênture | Retorno em 2024 |
Geral (IDA – Geral) | 9,46% |
Atreladas ao DI (IDA – DI) | 12,59% |
Atreladas ao IPCA com IR (IDA – IPCA ex-Infraestrutura) | 6,22% |
Atreladas ao IPCA (IDA – IPCA) | 5,25% |
Atreladas ao IPCA sem IR (IDA – IPCA Infraestrutura) | 5,20% |
Renda fixa em 2025
O próximo ano já começa com a Selic em 12,25% ao ano e expectativa de novas altas, sem cortes no radar. Portanto, a renda fixa deve seguir no foco dos brasileiros. Para Camilla Dolle, “é um ano de oportunidades” na classe, mas que exige “cautela e seletividade, mesmo porque não há motivos para arriscar além do necessário em um ambiente de taxas tão elevadas”.
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A especialista continua apostando nos títulos atrelados ao IPCA, que hoje oferecem retorno real acima dos 7%: “oferecem proteção contra a inflação e um carrego alto se levado até o vencimento”.
Mas não devemos ter apenas boas notícias na renda fixa no próximo ano. Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital projeta que os títulos indexados ao IPCA, queridinhos do momento na XP e outras casas, devem enfrentar “alta volatilidade, desmotivando alocações” com risco fiscal e mandato de Donald Trump no radar.
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Peixoto, da Trigono, diz que a palavra do próximo ano é seletividade, necessária para encontrar os papéis com as melhores relações entre risco e retorno, seja em setores mais defensivos do mercado de capitais ou mesmo alguns considerados mais arriscados, como locação de veículos. “Algumas emissões saem com taxas que não remuneram o risco e preferimos ficar de fora”.