Tesouro IPCA+: 6 coisas que você precisa saber sobre a renda fixa do momento

Título público atrelado à inflação é recomendação de boa parte dos especialistas, mas como saber qual exatamente comprar?

Equipe InfoMoney

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Analistas de investimentos, gestores e alocadores costumam divergir sobre os rumos da economia e como podem afetar os investidores, mas sobre uma coisa eles vêm concordando há meses: dificilmente uma aplicação em Tesouro IPCA+ (NTN-B) com juros reais no patamar visto atualmente dará errado.

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Os papéis do Tesouro IPCA+ trazem a promessa de devolver, no vencimento, o principal acrescido da inflação do período medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, somam ao valor uma taxa prefixada que está, há mais de um mês, acima de 6% ao ano. Na primeira atualização do Tesouro Direto na manhã desta segunda-feira (27), os papéis pagavam 6,06% a 6,12% além do IPCA, a depender do prazo de vencimento.

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No entanto, assim como com qualquer outro investimento, é preciso entender o que levar em conta antes de aplicar o dinheiro. Veja, a seguir, seis coisas que todo investidor precisa saber antes de decidir pelo investimento em Tesouro IPCA+.

Qual é uma taxa boa?

Para entender se 6% é uma taxa boa, a dica de especialistas é olhar para trás. “Toda vez que a NTN-B está pagando inflação mais 6%, mesmo com as inflações implícitas estando onde estão, as chances de [esse investimento] bater o CDI, historicamente, na janela dos últimos dez anos, foi de 81%”, explicou Artur Wichmann, CIO da XP, em participação no Stock Pickers na última semana.

Não é sempre que a janela aparece. Segundo levantamento da Quantum Finance, nos últimos dez anos (até 15 de abril), esses papéis ofereceram retornos reais iguais ou superiores a 6% em 24,3% das sessões. O papel que mais ofereceu taxa de pelo menos 6%, em proporção ao número de dias em negociação, foi o Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2017.

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Evite sair antes do vencimento

Títulos públicos têm boa liquidez e em geral é fácil vendê-los antes do vencimento, inclusive obtendo um ganho extra a depender do momento da saída. No entanto, essa estratégia não vem dando certo desta vez (no Brasil e nos Estados Unidos). Se as taxas do mercado estiverem maiores que a do título comprado, a transação dará prejuízo.

Quem comprou um título longo do Tesouro IPCA+ no início de abril, por exemplo, e vendeu o papel no fim do mês amargou um prejuízo de quase 4%, refletindo a subida das taxas no período. O Tesouro IPCA+ 2055 teve rentabilidade acumulada de -3,86% em abril, o pior entre todos os disponíveis para compra no Tesouro Direto.

Atenção ao prazo

Se é recomendável ficar com o papel até o final, é importante se atentar aos prazos escolhidos. Especialistas recomendam principalmente prazos curtos e intermediários, até o IPCA+ 2035, que entregam bons retornos e trazem uma janela menor de volatilidade.

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Catherine Cruz, CIO da Integrity Wealth Management, prefere o Tesouro IPCA+ entre 2030 e 2035: “consegue ter uma gordura boa, sem tanto risco de duration” que os longos carregam. Já os curtos “podem ter estresse” com a expectativa por um Banco Central mais favorável ao afrouxamento monetário, diz. Duration é o tempo que um investimento leva para devolver o valor investido.

Já tem? Melhor segurar

Quem comprou NTN-Bs esperando queda dos juros para se desfazer dos papéis antes do vencimento não tem muita escolha neste momento, avalia Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital: para ele, segurar os títulos é a opção mais interessante no momento. “De fato as perspectivas eram de que a curva estaria em patamares melhores em 2024 com a Selic caindo, mas na nossa visão o estrutural não mudou. Juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos ainda estão em patamares restritivos e devem cair, talvez em intensidade menor e numa velocidade menor.

Há taxas ainda melhores por aí

Se a intenção do investidor for apenas investir em renda fixa com proteção contra a inflação, há opções além dos papéis do Tesouro. Na renda fixa privada, onde há uma dose a mais de risco, os retornos costumam ser maiores. Em levantamento realizado pelo Itaú BBA em abril, havia no mercado títulos de empresas com boa nota de crédito (AA+ e AAA) pagando 7,1% acima da inflação.

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Já no mercado de ativos digitais, há dívida transformada em token que chega a oferecer IPCA+8% – os riscos, no entanto, são diferentes da renda fixa tradicional.

Olhe para o “primo gringo”

Os títulos de inflação não estão bons apenas no Brasil. Lá nos EUA, com os preços ao consumidor ainda aquecidos e juros restritivos, os TIPS, títulos considerados “primos” do Tesouro IPCA+, estão pagando relativamente ainda melhor.

Segundo Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP, o papéis brasileiros pagaram nos últimos 10 anos cerca de 4,5 pontos percentuais a mais do que os americanos. Hoje, a diferença está menor. O fundo Verde, que trocou NTN-Bs por TIPS, prefere papéis de cinco e dez anos.

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