Tesouro Direto: taxas recuam após PIB de 2024 vir abaixo do esperado

Para especialistas, resultado do PIB, que ficou abaixo da mediana das projeções, pode ser sinal de que a política monetária pode estar surtindo efeito

Paulo Barros

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Os títulos do Tesouro Direto operam com taxas em queda na manhã desta sexta-feira (7), dando sequência ao movimento da volta do carnaval, que acompanhou o recuo do dólar diante da política de tarifas nos Estados Unidos. A baixa de hoje, porém, ocorre em meio a um fator interno: o PIB do Brasil em 2024 veio ligeiramente menor do que o esperado.

Os títulos prefixados e indexados à inflação oferecem remuneração menor. Destaque para o Tesouro Prefixado 2028, que paga 14,63% ao ano, ante 14,77% de quinta, e 15,01% na última sexta-feira (28). No papel com vencimento em 2032 a queda é mais branda: de 15,06% ontem para atuais 14,99% ao ano.

Já o Tesouro IPCA+ mais curto, que vence em 2029, os juros além da inflação vão a 7,65%, um pouco do que os 7,68% da véspera, e os 7,76% de antes do carnaval.

O PIB brasileiro cresceu 0,2% no quarto trimestre de 2024 ante o trimestre imediatamente anterior. No ano, o avanço foi de 3,4%, na maior taxa desde 2021, totalizando R$ 11,7 trilhões, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado do trimestre ficou abaixo das projeções do mercado, que apontavam alta de 0,5%. Para 2024, as projeções do Broadcast variavam de uma expansão de 3,3% a 3,6%, com mediana positiva de 3,5%.

Segundo especialistas, os números começam a mostrar sinais de que a política monetária do Banco Central pode estar fazendo efeito, o que alimenta expectativas para o controle da inflação, o que asseguraria juros mais baixos no futuro.

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“O impulso fiscal dissipando e juros altos começam a ter efeito na retração da economia”, diz a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria. Para ela, esses elementos “devem ser os principais fatores para um crescimento menor esse ano, o que, pelo lado positivo, deve contribuir para desacelerar a inflação”.

Por outro lado, o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha, alerta para possíveis efeitos negativos. “Apesar de se tratar de uma desaceleração ordenada e de certa forma conduzida pelo Banco Central, cresce a apreensão quanto à reação política quando os dados começarem a confirmar menor dinamicidade na economia, especialmente no mercado de trabalho”.

Confira as taxas dos títulos públicos disponíveis no Tesouro Direto na atualização de 9h27 desta sexta-feira (7):

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(Fonte: Tesouro Direto)

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas