Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem nesta 6ª, com avanço de IPCA-15 e temor com Evergrande

Mercado repercute avanço acima do esperado para a prévia da inflação e preocupações com a incorporadora chinesa

Bruna Furlani

Notas de Real (Shutterstock)
Notas de Real (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O tom de cautela e aversão ao risco voltou a tomar conta dos investidores nesta sexta-feira (24). Na cena local, o destaque está na prévia da inflação oficial (IPCA-15), que avançou acima do esperado pelo mercado, o que pode levar a novas revisões para cima para a taxa básica de juros.

No radar externo, o mercado monitora com preocupação a situação da incorporadora chinesa Evergrande, que não efetuou o pagamento do cupom na véspera (23).

Nesse contexto, o mercado de títulos públicos segue com alta nas taxas na tarde desta sexta-feira (24). A remuneração do título prefixado com vencimento em 2026 avançava de 10,27%, no começo da manhã, para 10,33%, na atualização da tarde. Um dia antes, o mesmo título oferecia retorno de 10,22%.

O juro pago pelo título prefixado com vencimento em 2031, por sua vez, se mantinha em 10,94%, contra 10,93%, no início das negociações. Anteriormente, o papel oferecia um juro de 10,86%.

Entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 e 2045 era de 4,83% durante a tarde, contra 4,86%, na abertura dos negociações. Mesmo assim, o percentual oferecido à tarde era maior do que os 4,76% vistos na quinta-feira (23). Já o retorno real do Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,93%, acima dos 4,90% da sessão anterior.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (24): 

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Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15, reformas e precatórios

Em uma semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que o ritmo atual de aperto monetário é “adequado para levar a inflação à meta”, a prévia da inflação voltou a preocupar.

Dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística trouxeram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 1,14% em setembro. Esse foi o maior resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, e é também o maior da série histórica desde fevereiro de 2016.

No ano, o indicador acumula alta de 7,02%, e nos últimos 12 meses já ultrapassa os dois dígitos (10,05%). Gasolina e energia elétrica foram os itens que, individualmente, tiveram o maior impacto no índice neste mês.

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Os números ficaram acima do esperado pelo mercado. A projeção de consenso da Refinitiv era de alta de 1,02% de setembro frente agosto e de avanço de 9,93% na comparação anual.

Diante da forte crise hídrica pela qual passa o país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o governo federal enfrenta a questão “com planejamento, seriedade e transparência”.

A declaração foi feita durante vídeo gravado para um painel de evento da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Na véspera (24), Bolsonaro também pediu à população que evitasse o uso de escadas, reduzisse a potência do ar condicionado e, mais uma vez, o desligamento de ao menos um ponto de luz como forma de diminuir os impactos da crise que ameaça o pleno abastecimento nacional de eletricidade.

Na cena política, o mercado monitora ainda a aprovação do texto-base da proposta de reforma administrativa por comissão especial da Câmara, ontem à noite (23).

O texto aprovado manteve a estabilidade a todos os servidores públicos, porém  estabeleceu a possibilidade de demissão para funcionários que tiverem avaliação negativa de desempenho em processo julgado por um colegiado.

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A proposta ainda pode ser alterada por meio de emendas. Quando for encerrada a votação na comissão especial, a matéria seguirá para o plenário da Câmara.

Outro tema que segue no radar político é a reforma do Imposto de Renda e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios. Segundo a Reuters, a equipe econômica corre contra o tempo para convencer o Senado a aprovar a reforma, com o argumento de que não há outra carta na manga para financiar a expansão do Auxílio Brasil, que deve substituir o Bolsa Família.

As atenções também estão centradas na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios para viabilizar o novo programa de transferência de renda do governo.

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Radar externo

Na cena internacional, o mercado volta a ficar mais temeroso com a falta de pagamento de juros por parte da chinesa Evergrande.

Segundo a Bloomberg, a incorporadora chinesa não deu sinais de ter efetuado o pagamento do cupom de US$ 83,5 milhões, que tem um período de carência de 30 dias antes que qualquer default (calote) possa ser declarado.

Ontem (23), o jornal americano The Wall Street Journal informou que as autoridades chinesas avisaram autoridades locais para que se preparem para uma possível derrocada da Evergrande.

Nos Estados Unidos, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central americano, falou nesta sexta-feira (24) durante o Fed Listens. O discurso, no entanto, não trouxe grandes surpresas e nem fez qualquer menção à condução de política monetária no país.

Já Esther George, presidente do Fed de Kansas, disse que o mercado de trabalho americano já alcançou as condições estabelecidas pela autoridade monetária para reduzir suas compras mensais de títulos.

“Os critérios de progresso adicional substancial foram atendidos. Os argumentos a favor de continuar a aumentar nossa carteira de ativos a cada mês perderam força”, comentou a dirigente do banco.

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