Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem com ata do Copom e PEC dos Combustíveis

Nos títulos de longo prazo, juros também são pressionados para cima com elevação do rendimento dos Treasuries nos Estados Unidos

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em alta nesta terça-feira (8), puxadas pela ata do Copom, a PEC dos Combustíveis e os Treasuries, que são os títulos do Tesouro americano.

Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Kilima Asset, o tom hawkish (duro com a inflação) da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) puxou a alta dos juros curtos, até 2024. “A mensagem revela que teremos altas em um ritmo menor, mas que vão se estender além de março, com o ciclo indo provavelmente até maio”, explica.

Outro ponto é que a ata indicou que a taxa de juros terminal deve ser maior do que o esperado hoje pelo mercado, superando o patamar de 12%. “Alguns agentes de mercado projetam 12,25% para a Selic, enquanto outros esperam juros mais altos”, reforça Costa.

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No médio e longo prazo, o principal impacto que puxa as taxas dos títulos públicos para cima é o risco fiscal, relacionado a PECs que envolvem preços de combustíveis. Costa aponta que existem dois projetos tramitando sobre a PEC, um na Câmara, que é mais restrito, e outro no Senado, que engloba outros tipos de propostas, além dos combustíveis.

Ainda nas taxas longas, a alta dos juros americanos, com vencimento de dez anos, que se aproximam do patamar de 2% acabam refletindo também nas taxas de títulos públicos de longo prazo no Brasil.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados apresentavam forte alta na última atualização desta terça-feira (8).

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O Tesouro Prefixado 2024 era o que mais subia, o título entregava uma rentabilidade anual de 11,35% às 15h20, superior aos 11,17% da sessão anterior.

Já o Tesouro Prefixado 2026 e o Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de juros semestrais, apresentavam taxas de 11,16% e 11,54% de rentabilidade, respectivamente, acima dos 11,03% e 11,40% observados na segunda-feira (7).

Nos títulos atrelados ao IPCA, a aceleração dos juros era perceptível principalmente em papéis de curto prazo. É o caso do Tesouro IPCA+ 2026, que entregava uma rentabilidade real de 5,16% na última atualização, acima dos 5,08% vistos ontem.

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Entre os títulos com pagamento de juros semestrais, o de vencimento mais próximo, o Tesouro IPCA+ 2030 oferecia 5,42% de retorno real, superior aos 5,36% da sessão anterior.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (8):

Ata do Copom

O destaque da agenda econômica local está na ata do Copom. Os dirigentes do Banco Central voltaram a ressaltar hoje que o ritmo de juros deve ser reduzido nos próximos encontros e que o horizonte relevante da política monetária inclui, “em maior grau”, o ano de 2023.

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“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, disse o comunicado.

Emendou: “O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”.

Para os analistas da XP, um dos pontos altos da ata está na elevação além do previsto do preço das commodities, especialmente do petróleo, e o crescimento das incertezas em torno do cenário fiscal. Isso porque o Comitê destacou preocupação com iniciativas recentes que podem segurar os preços no curto prazo, mas piorar as expectativas de avanço da inflação no longo prazo.

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“A incerteza particularmente elevada sobre preços de importantes ativos e commodities, assim como o estágio do ciclo, fez o Comitê considerar mais adequado, neste momento, não sinalizar a magnitude dos seus próximos ajustes”, destacaram os dirigentes no documento.

Em relatório, a XP disse que aguarda ainda a divulgação de mais dados para calibrar o cenário, que hoje prevê uma Selic terminal de 11,75% em março. A casa, no entanto, adiantou que já atribui um viés de alta para projeção atual.

Combustíveis e proposta Kamikaze

Na cena política, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) por ainda não ter julgado uma ação apresentada pelo governo que pede a uniformização do ICMS incidente sobre combustíveis no País.

“Estamos na quinta ou sexta semana consecutiva que cai o preço do álcool, mas na ponta da bomba não cai o preço. Por quê? Governadores não querem perder receita. Como resolver? Temos ação no Supremo. Vamos para o quinto mês que, lamentavelmente, o Supremo não despacha a ação”, disse Bolsonaro em entrevista à VTV, afiliada do SBT no litoral de São Paulo.

Flávio Bolsonaro (PL), filho do presidente da República, decidiu apoiar a PEC Kamikaze que tramita no Senado, que prevê a criação de um auxílio diesel de R$ 1.200 para caminhoneiros e aumenta o auxílio gás para famílias de baixa renda.

A proposta já tem 31 assinaturas de senadores, o que inclui a de Flávio. O Ministério da Economia rejeita o texto, por prejudicar as contas do governo, e se surpreendeu com a assinatura do filho de Bolsonaro.

Radar externo

Investidores aguardam a divulgação dos dados do índice de preços ao consumidor de janeiro, que serão apresentados na quinta-feira (10).

“As ações dos EUA vão lutar por direção até que a inflação mais recente incline as expectativas do mercado sobre quão agressivo o Fed vai apertar no que ainda é considerado um mercado de ações supervalorizado”, disse Edward Moya, da Oanda, em relatório.

A expectativa do mercado para o índice é de alta de 0,5%.

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