Tesouro Direto: juros dos títulos públicos seguem com movimento misto; prefixados voltam a oferecer até 11% ao ano

A partir desta segunda-feira (3), taxa de custódia do Tesouro sofre mudança e passa a ser de 0,20% ao ano

Bruna Furlani

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Na volta dos negócios após o recesso de fim de ano, o mercado de títulos negociados no Tesouro Direto segue com movimento misto na tarde desta segunda-feira (3). Papéis prefixados apresentam alta moderada, enquanto títulos de inflação recuam.

Na cena local, investidores repercutem a revisão para cima nas projeções para a inflação oficial em 2023, de 3,38% para 3,41% ao ano, segundo o Relatório Focus divulgado hoje pelo Banco Central. Tal informação preocupa os agentes financeiros porque pode exigir uma postura ainda mais dura por parte do Banco Central para conter a alta de preços.

O mercado também acompanha as declarações de integrantes do governo que podem representar uma nova ameaça à principal âncora fiscal do país. Em entrevista ao jornal Valor Econômico hoje, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder governista na Câmara, disse que o teto de gastos precisa ser revisto.

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Nesse contexto, dentro do Tesouro Direto, os títulos públicos prefixados com vencimento em 2024 eram os únicos que avançavam na segunda atualização da tarde na comparação com as taxas da manhã. Às 15h20, esse papel oferecia juros de 11% ao ano, acima dos 10,90% ao ano vistos no começo do dia e dos 10,86% registrados na sessão do dia 30 de dezembro (última antes do recesso de fim de ano).

Após alguns dias com a negociação suspensa por causa do pagamento do cupom, o Tesouro Prefixado 2031 com juros semestrais voltou a ser negociado hoje. Na segunda atualização da tarde, o retorno oferecido por esse papel se mantinha em 10,79% ao ano, mesmo valor visto no início dos negócios. O percentual, porém, está acima dos 10,70% registrados no dia 27 de dezembro – última data em que o título pôde ser negociado.

Os papéis de inflação, por outro lado, apresentavam recuo nas taxas no início desta segunda-feira. Às 15h20, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026 era de 5,08% ao ano, abaixo dos 5,10% pagos em 30 de dezembro.

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O Tesouro IPCA +2055 com juros semestrais, por sua vez, oferecia remuneração real de 5,41%, na segunda atualização da tarde. O valor está abaixo dos 5,51% registrados no dia 30 do mês passado.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (3): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Taxa de custódia do Tesouro Direto

Os investidores do Tesouro Direto acompanham mudanças na cobrança da taxa de custódia. A partir desta segunda-feira (3), a taxa vai passar de 0,25% para 0,20% ao ano.

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O valor será debitado diretamente da conta dos investidores. Por isso, é bom verificar se a pessoa possui saldo suficiente em sua conta.

Com a alteração, a partir deste mês, a cobrança vai ocorrer em duas parcelas iguais de 0,10% cada: uma no primeiro dia útil de janeiro e outra no primeiro dia útil de julho.

Atualmente, apenas investidores que possuem investimentos de até R$ 10 mil aplicados nos títulos Tesouro Selic possuem isenção da taxa de custódia.

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Preços dos títulos públicos têm queda de até 25,5% em 2021: taxas de prefixados disparam e chegam a 10,90% ao ano.

Relatório Focus e balança comercial

O destaque da agenda local está nos dados do Relatório Focus. Para 2021, os economistas ouvidos pela autoridade monetária agora projetam crescimento de 4,50% para o Produto Interno Bruto (PIB), ante estimativa anterior de 4,51%. O PIB do ano passado será conhecido no dia 4 de março.

O levantamento também trouxe mudanças nas estimativas de avanço para a inflação oficial em 2021, de 10,02% para 10,01%. O dado referente a dezembro será apresentado no dia 11 de janeiro.

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Na primeira divulgação de 2022 do Focus, as expectativas mostram que a inflação deve chegar a 5,03% neste ano, dólar a R$ 5,60 e taxa Selic a 11,50% ao ano em dezembro – sem alterações em relação ao levantamento da semana anterior.

O mercado também manteve a expectativa de um aumento de 1,5 ponto percentual da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece em fevereiro.

Com relação ao desempenho da economia brasileira, as estimativas apontam para crescimento de 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, uma piora em relação à expansão de 0,42% esperada anteriormente.

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Também na agenda econômica, investidores monitoram a divulgação dos dados da balança comercial brasileira apresentados hoje. Segundo o Ministério da Economia, o saldo comercial encerrou 2021 com superávit de US$ 61,008 bilhões.

A balança de 2021 é resultado de US$ 280,394 bilhões em exportações, valor 34% superior ao de 2020, e de US$ 219,386 bilhões em importações, o que representa um crescimento de 38,2% na comparação com o ano anterior.

Em dezembro, o saldo comercial ficou positivo em US$ 3,948 bilhões, montante maior do que as projeções de mercado. Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa de saldo negativo de US$ 1,2 bilhão para o período.

Bolsonaro dá entrada em hospital e Ricardo Barros

Enquanto isso, na cena política, o mercado acompanha a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu entrada no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (3), com suspeita de obstrução intestinal.

O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que operou Bolsonaro após a facada na campanha eleitoral de 2018, estava nas Bahamas e voltará a São Paulo para acompanhar o caso.

“Ele fará tomografia e mais exames para sabermos o que há no abdômen. Ainda não sabemos, mas pode ser causado, por exemplo, por um alimento mal mastigado, entre outros fatores”, disse Macedo ao portal UOL.

Também na cena política, investidores repercutem a entrevista de Ricardo Barros (PP-PR) ao jornal Valor Econômico. Nesta segunda-feira, o deputado disse que há um “excesso de arrecadação” e que o governo também possui uma necessidade grande em termos de gastos.

De acordo com a publicação, Barros defendeu que o episódio das enchentes na Bahia e a alta da arrecadação mostram que o Brasil precisa “repensar o teto de gastos”.

Internacional

Nos Estados Unidos, atenção para a divulgação do PMI Industrial de dezembro, que teve leitura de 57,7, pouco abaixo do consenso de 57,8, mas ainda demonstrando crescimento.

Por lá, nem mesmo a notícia de que a China não cumpriu metas de um acordo realizado com os EUA em 2020 e a alta recorde nos casos de Covid-19 ajudaram a derrubar as bolsas.

Por volta das 16h (horário de Brasília), os principais índices das Bolsas americanas apresentavam alta.

Já na Europa, investidores repercutem a publicação dos PMIs industriais. Na Alemanha, a leitura de dezembro veio em 57,4, ante 57,9 esperados pelo consenso.

Atenção também para as commodities. O petróleo avança, na véspera da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, a Opep+, que definirá a manutenção do acréscimo de 400 mil barris por dia até fevereiro.

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