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A terça-feira (24) foi de estresse no mercado de juros local, com a surpresa negativa da prévia da inflação oficial, que subiu acima do esperado ao avançar 0,59% em maio na comparação mensal e 12,20% nos últimos 12 meses.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) deveria ter sido superior a 1,0% mais uma vez, não fosse a deflação registrada no grupo habitação com a mudança de bandeira elétrica.
O economista também chama a atenção para os núcleos, que vieram altos. Isso sem contar, afirma, que a difusão – percentual de itens com aumento de preços – superou os 70% novamente, o que mostra que a inflação segue bastante disseminada.
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“Frente aos números ruins do IPCA-15, o mercado está precificando uma extensão do ciclo de alta pelo Copom, com o fim migrando da reunião de junho para agosto”, afirma Borsoi.
O especialista diz ainda que o leilão de pós-fixados do Tesouro, em que a autarquia calibrou mal o tamanho da emissão frente à disposição dos investidores, pesou também no mercado de juros.
No Tesouro Direto, o mercado de títulos públicos apresenta alta expressiva nas taxas na tarde desta terça-feira (24).
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Na última atualização do dia, o juro mais alto era pago pelo Tesouro Prefixado 2025, que oferecia um retorno de 12,38%, acima dos 12,14% vistos na véspera.
Entre os títulos atrelados à inflação, a remuneração real oferecida pelo Tesouro IPCA +2055, com cupom semestral, por exemplo, era de 5,81%, no mesmo horário. Percentual superior aos 5,72% registrados um dia antes.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (24):
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IPCA-15
Na cena local, o mercado analisa os novos números de inflação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de 0,59% representou o maior avanço para o mês desde 2016 (0,86%). No ano, o indicador sobe 4,93%.
A persistência da alta de preços tem feito com que economistas — e até o governo — revisem para cima as suas projeções para a inflação de 2022. A expectativa do mercado já chega a 10% para o IPCA deste ano, enquanto o Ministério da Economia aumentou a sua para 7,9% na semana passada.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços tiveram alta em maio — a única exceção foi habitação, que teve forte retração (-3,85%).
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A maior alta veio de saúde e cuidados pessoais (+2,19%), que contribuiu para aumentar a prévia da inflação do mês em 0,27 ponto percentual.
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A alta de preços do setor de transportes (+1,80%) desacelerou em relação a abril (+3,43%), mas o grupo foi o responsável pelo maior impacto positivo no indicador (0,40 p.p.). O grupo alimentação e bebidas (+1,52%) também desacelerou na comparação com o mês anterior (+2,25%), mas impactou o índice em 0,32 ponto percentual.
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Ao olhar para os números, Tatiana Nogueira, economista da XP, disse que os dados vieram piores e sinalizam que o impacto deve ser altista na projeção do mês fechado, principalmente devido à inflação maior de bens industriais e serviços.
Por outro lado, afirma a economista, as coletas de alta frequência sugerem queda na inflação de alimentos.
Embora os números tenham vindo piores, a especialista da XP ressalta que aguarda a decisão do governo em relação ao teto do ICMS em 17% em itens essenciais, como energia elétrica e combustíveis, que pode ter caráter deflacionário.
Petrobras e ICMS
Dentro da cena política, os olhares estão voltados para a Petrobras. A escolha de um novo presidente para a empresa (PETR3;PETR4) após apenas 40 dias de José Mauro Coelho na posição surpreendeu agentes de mercado e foi lida de maneira negativa, uma vez que evidencia a insatisfação do governo com a política de preços da estatal.
Com isso, as ações tiveram um dia de queda durante toda a sessão. PETR3 encerrou a terça-feira em baixa de 2,85%, a R$ 34,40, enquanto PETR4 teve queda de 2,92%, a R$ 31,60, após caírem 4,77% e 5,65%, respectivamente, ao longo do dia.
Ontem à noite, o Ministério de Minas e Energia anunciou a demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da companhia. Seus antecessores no cargo, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna, também foram dispensados durante o governo Jair Bolsonaro.
A mudança já era esperada. Coelho foi uma indicação de Bento Albuquerque, Almirante da Marinha, que ocupava o cargo de Ministro de Minas e Energia desde o início do governo Bolsonaro, e foi substituído por Adolfo Sachsida em 12 de maio. A troca ocorreu em meio à insatisfação declarada do presidente com reajustes de preços de combustíveis pela Petrobras.
Para assumir a presidência da Petrobras, foi indicado Caio Mário Paes de Andrade, que ocupava o cargo de secretário da Desburocratização, no Ministério da Economia.
A demissão de José Mauro Coelho do comando da Petrobras é a primeira de uma série de mudanças que o governo vai fazer na estatal, segundo apuração do jornal O Estado de S.Paulo.
Além de demitir Coelho, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, vai fazer mudanças no conselho de administração da estatal, que foi montado pelo ex-ministro Bento Albuquerque. A saída de Coelho também antecipa mudanças na diretoria da empresa, abrindo caminho para alterar a forma de reajuste dos preços, como quer Bolsonaro.
A Petrobras informou que, se a demissão de José Mauro Coelho da presidência da companhia for aprovada em AGE, ocorrerá a destituição de todos os membros do Conselho eleitos como ele, por meio do voto múltiplo.
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A estatal terá, assim, de realizar nova eleição para esses cargos. Em fato relevante, a Petrobras informou que o MME enviou ofício à empresa solicitando a convocação de AGE para destituir Coelho e eleger Caio Paes de Andrade como membro do Conselho de Administração.
Também na cena política, a Câmara dos Deputados pode votar ainda hoje o projeto que limita a cobrança de ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, telecomunicações e transportes.
Segundo a Folha de S.Paulo, parlamentares negociam a retirada de telecomunicações e transportes do projeto para facilitar sua aprovação.
Se a mudança efetivar-se, apenas energia elétrica e combustíveis trariam uma perda anualizada de pouco menos de R$ 50 bilhões para a arrecadação dos estados, com impacto deflacionário.
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