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Depois de registrar forte recuo nos preços dos títulos públicos em julho, chegando a até -9% em alguns casos, o mês de agosto foi marcado por uma reviravolta no Tesouro Direto. Os papéis valorizaram até 6,5% no mês, com destaque para os prefixados. A última vez que os títulos tinham apresentado alta em um mês tinha sido em março deste ano. A mudança está ligada à virada vista na curva de juros.
Em julho, houve forte subida das taxas, diante da perspectiva que vigorava então no mercado, de que seria necessário o Banco Central realizar um ajuste mais duro de política monetária, para além de agosto ou setembro, para conseguir domar a inflação. As projeções para a alta dos preços nos próximos anos só aumentavam.
Já em agosto, a situação se reverteu: a sinalização dada pelo autoridade monetária de que teria encerrado o ciclo de alta da Selic no patamar de 13,75% ao ano ganhou força. Além disso, estimativas de inflação para este ano e o próximo passaram por ajustes para baixo.
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O resultado dessa combinação pôde ser visto nos preços dos ativos. O título que apresentou maior valorização foi o Tesouro Prefixado 2029, que subiu 6,48% em agosto. No começo do mês, a remuneração oferecida por esse papel era de 12,83% ao ano, sendo que o preço era de R$ 462,22. Já na manhã desta quarta-feira (31), o título era negociado com juros de 12,17% ao ano, e o papel era encontrado ao preço de R$ 484,72.
O efeito de aumento nos preços dos títulos, em momentos de recuo das taxas de remuneração, tem origem na chamada marcação a mercado. Durante a existência de um papel, seu preço é marcado diariamente conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia.
Na prática, os papéis prefixados costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente caem quando as taxas de juros sobem, como estava ocorrendo nos meses anteriores, enquanto o mercado precificava uma provável continuação do ciclo de aperto monetário. Por isso, até o vencimento, alguns papéis ficaram com rentabilidade negativa em alguns momentos deste ano.
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Prefixados são destaque
A mudança de visão com relação à política monetária fez com que os títulos com maior valorização em agosto fossem os prefixados. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, por exemplo, registrou alta de 6,32% nos preços. No caso dele, a taxa oferecida no começo do mês estava em 12,92% ao ano e o preço era de R$ 851,38. Nesta manhã, o título oferecia retorno de 12,31% e o preço unitário do papel estava em R$ 890,26.
Chama a atenção também que os prefixados de prazo intermediário ou mais longo foram os que apresentaram maior alta nos preços. O Tesouro Prefixado 2025, em contrapartida, viu o preço avançar somente 2,9%. A explicação é que papéis com vencimento mais alongado tendem a ser mais sensíveis a alterações no cenário econômico.
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Da mesma forma, títulos atrelados à inflação apresentaram valorização menor, de até 4,35%. O destaque ficou por conta do Tesouro IPCA+ 2045. No mês anterior, o preço do papel tinha recuado 8,82%.
Embora as taxas e os preços possam variar muito ao longo do tempo, o investidor precisa ter em mente que ele só poderá ter prejuízo (ou ganhos adicionais) com os títulos se resgatá-los antes do vencimento. Se carregá-los até o fim, a remuneração vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição.
Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em agosto de 2022 e no acumulado dos últimos 12 meses:
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Títulos | Vencimento | Últimos 30 dias (%) | Em 2022 (%) | Em 12 meses (%) | Taxa de compra (%) | Taxa de venda (%) |
Tesouro Prefixado | 01/01/2025 | 2,9 | 3,62 | 3,3 | 12,14 | 12,26 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2029 | 6,48 | – | – | 12,17 | 12,29 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2033 | 6,32 | – | – | 12,31 | 12,43 |
Tesouro Selic | 01/03/2025 | 1,19 | 8,01 | 10,78 | 0,08 | 0,09 |
Tesouro Selic | 01/03/2027 | 1,12 | 8,27 | 11,13 | 0,17 | 0,18 |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2026 | 0,63 | 4,65 | 7,42 | 5,89 | 6,01 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2035 | 2,41 | -2,11 | -4,03 | 5,92 | 6,04 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2045 | 4,35 | -9,83 | -16,5 | 5,92 | 6,04 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2032 | 1,54 | – | – | 5,89 | 6,01 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2040 | 2,28 | 0,63 | -0,5 | 5,91 | 6,03 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2055 | 2,18 | -1,53 | -4,76 | 5,98 | 6,1 |
Fonte: Tesouro Direto. Valores levantados até 31/08/22. Obs.: Títulos sem rentabilidade acumulada no ano ou em 12 meses estão disponíveis a menos tempo e, por isso, não há cálculo de retorno no período.