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SÃO PAULO – O destaque da cena local segue nas novas projeções apresentadas pelo governo nesta quarta-feira (17). Após piora considerável nas expectativas feitas pelo mercado, hoje foi a vez da Secretaria de Política Econômica (SPE) revisar para cima as estimativas para a alta de preços e para baixo as perspectivas de crescimento da economia neste ano e no próximo.
Atenção ainda para as discussões em torno do reajuste do funcionalismo público, que pode ser custeado com parte do espaço fiscal que deve ser aberto com a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso. A ideia foi colocada na mesa pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ganha um tom populista com a aproximação do cenário eleitoral. A medida, no entanto, não é bem vista por líderes do governo e nem pela equipe econômica porque pode gerar efeito cascata.
De olho nas incertezas com relação ao texto da PEC dos Precatórios, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com alta nos juros, na atualização das 15h20 desta quarta-feira. A subida é mais significativa entre os papéis prefixados, que chegam a avançar 16 pontos-base (0,16 ponto percentual), como é o caso do Tesouro Prefixado 2024.
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Durante a tarde, esse título oferecia retorno de 12,05% ao ano, acima dos 12,02% ao ano vistos no começo da manhã. Um dia antes, a remuneração, no entanto, era de 11,89%. Com isso, o papel voltou a pagar retornos acima de 12% ao ano, após três dias seguidos com juros inferiores a esse percentual.
No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,75%, frente aos 11,70% ao ano vistos no início desta quarta-feira. Anteriormente, o retorno era de 11,61%. Com isso, a diferença entre a remuneração do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 30 pontos-base durante a tarde. Entenda o que explica esse fenômeno nesta matéria.
Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2035, 2045 e 2030 com juros semestrais era de 5,24% ao ano, contra 5,27% ao ano, no começo do dia. Na sessão anterior, os títulos com vencimento em 2035 e 2045, por exemplo, ofereciam rentabilidade real de 5,21% ao ano.
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O juro real oferecido pelos papéis de prazo mais curto era apenas 6 pontos-base (0,06 ponto percentual) acima do retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ 2055 com juros semestrais – que era de 5,32% ao ano, na atualização das 15h20. Na sessão anterior, esse mesmo título oferecia remuneração real de 5,30% ao ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (17):
Novas projeções do governo
Nesta quarta-feira, as atenções dos investidores estão voltadas para as novas projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, que pioraram as estimativas para o avanço da inflação e para o crescimento econômico neste ano e no próximo. Os dados foram apresentados hoje.
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Agora, a estimativa da equipe econômica é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1% no ano que vem, de 2,5% em setembro.
Para a inflação medida pelo IPCA, as projeções do governo subiram para 9,7% em 2021, de 7,9% antes, e 4,70% em 2022, contra 3,75% no boletim anterior, publicado em setembro.
O centro da meta de inflação é de 3,75% neste ano e 3,5% no próximo, em ambos os casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
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As duas estimativas, no entanto, seguem bem mais otimistas do que as projeções do mercado. Ontem (16), os agentes financeiros elevaram, pela 32ª semana, suas estimativas para a inflação este ano, desta vez de 9,33% para 9,77%. As expectativas para 2022 também tiveram piora, de 4,63% para alta de 4,79%, na 17ª elevação consecutiva. Os dados constam no Relatório Focus mais recente, divulgado pelo Banco Central (BC).
Com relação ao desempenho da economia brasileira, o Relatório Focus também mostrou uma piora nas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, de 4,93% para 4,88%, e para 2022, de crescimento de 1,00% para 0,93%.
PEC dos Precatórios
Um dos focos da agenda política está nas discussões em torno da fala do presidente do Jair Bolsonaro (sem partido) de usar parte do espaço fiscal que seria aberto com a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso para conceder reajustes aos servidores públicos federais.
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“Há possibilidade, porque a inflação… estão há dois anos sem reajuste. A questão da pandemia até se justifica, porque muita gente perdeu emprego ou teve seu salário reduzido. Agora a inflação chegou a dois dígitos. Então conversei com Paulo Guedes, em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles merecem, mas é o que podemos dar”, disse Bolsonaro em entrevista a jornalistas no Barein.
Segundo o presidente, o aumento, se vier a ser concedido, seria dado a todos os servidores públicos federais, sem exceção.
As falas de Bolsonaro sobre a possibilidade de oferecer um reajustes ao funcionalismo público vem causando preocupação entre agentes financeiros, aliados políticos e a equipe econômica.
De acordo com o jornal Valor Econômico, os temores estão ligados ao custo que teria a medida. Isso porque cada 1 ponto percentual de aumento no salário representaria um custo adicional entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões nas despesas federais. Os cálculos foram feitos pela Instituição Fiscal Independente (IFI).
Em entrevista ao Valor, Felipe Salto, diretor-executivo da instituição, afirmou que por meio da medida o governo estaria contratando um aumento permanente das despesas com o “estouro” do teto de gastos.
Hoje, Fernando Bezerra, relator da PEC dos Precatórios no Senado, disse que o texto-base da proposta será apresentado até o fim da tarde desta quarta-feira (17). Segundo ele, a votação da matéria deve ocorrer no dia 24 na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e no dia 30 em plenário, tendo já 52 votos contabilizados. O foco, explica, estaria ainda nos mais pobres, com demanda de servidores por reajuste, por hora, ficando de lado.
De olho na cena externa
Enquanto isso, no cenário internacional, investidores acompanham a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI na sigla em inglês) do Reino Unido, que avançou 4,2% na comparação anual em outubro, com alta dos custos automotivos e com energia.
Já na Europa, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro avançou 0,8% em outubro, na comparação com setembro, informou nesta quarta-feira a Eurostat, agência oficial de estatísticas do bloco. Na comparação anual, houve alta de 4,1%, na leitura final do dado. Os números vieram em linha com a previsão dos economistas consultados pelo Wall Street Journal.
O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,3% na comparação mensal e 2,0% na anual, segundo a Eurostat. O resultado mensal neste caso também veio em linha com o esperado, mas a expectativa para a leitura anual era de avanço um pouco maior, de 2,1%.
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