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Na ressaca do resultado do primeiro turno das eleições deste ano, os juros oferecidos pelos títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentam mais um dia de queda expressiva na tarde desta segunda-feira (3), com recuo de até 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o mercado reflete a diferença apertada entre os votos recebidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, na primeira parte do pleito eleitoral.
Lula terminou o primeiro turno de votação, com 48,43% dos votos, enquanto Bolsonaro obteve 43,20% dos votos. “Isso traz uma discussão de que o vencedor no segundo turno precisará ter uma postura de centro na questão econômica. Provavelmente veremos mais propostas em relação a um ajuste e à consolidação fiscal no novo governo”, avaliou Costa.
A descompressão do risco no cenário local com a vitória apertada ajudou a impulsionar também a subida da Bolsa, valorização do real frente ao dólar e o recuo nos juros, como explicou Mariana Dreux, sócia e gestora macro da Truxt Investimentos, em live do InfoMoney nesta segunda-feira.
Investidores ainda repercutem a notícia de que o governo decidiu antecipar os pagamentos do Auxílio Brasil antes do segundo turno das eleições, o que pode trazer impactos para a corrida eleitoral.
Por volta das 16h20 (horário de Brasília), o Ibovespa avançava 5,34%, aos 115.913 mil pontos, enquanto o dólar comercial recuava 4,25%, aos R$ 5,16.
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Dentro do Tesouro Direto, o juro mínimo oferecido chegava a 11,50% ao ano, caso do Tesouro Prefixado 2025, na última atualização do dia. Tal valor era menor do que os 11,64% ao ano vistos na sexta-feira (30). No começo da manhã, o retorno entregue pelo papel chegou a 11,44%. Tal título não oferecia uma remuneração abaixo de 11,50% desde o início de abril deste ano.
Nos títulos atrelados à inflação, a rentabilidade real mais elevada era oferecida pelo Tesouro IPCA+2026 e pelo Tesouro IPCA+2055, com cupom semestral, ambos no valor de 5,62%. Na sexta-feira (30), eles entregavam um juro real de 5,69% ao ano e de 5,75% ao ano, respectivamente. No início do dia, a remuneração real oferecida pelos dois era menor de 5,57% e de 5,58% ao ano, nessa ordem.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (3):
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A força de Bolsonaro
Apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) largar na frente na disputa pelo Palácio do Planalto, o primeiro turno das eleições, concluído neste domingo (2), mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está muito mais forte do que as principais pesquisas de intenção de voto mostraram às vésperas do pleito.
Analistas políticos ouvidos pelo InfoMoney, mantêm avaliação de que Lula é favorito na disputa, embora o favoritismo seja muito modesto e possa mudar em quatro semanas com campanhas com paridade de armas no rádio e na televisão. Para eles, o cenário é muito mais equilibrado do que o previsto, e a noite traz um sabor amargo para a campanha petista.
“Lula é um pouco favorito, mas o cenário é muito incerto. Aquela avaliação de que a eleição estava decidida não é mais correta”, avalia o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores.
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“Bolsonaro mostrou muito mais força do que se imaginava. Os candidatos bolsonaristas, quase sem exceção, tiveram desempenho melhor do que o esperado. A maior parte das pesquisas não captou um voto bolsonarista que estava escondido ou se formou de última hora”, complementa.
Bolsonaro demonstra força e desafia favoritismo de Lula em segundo turno indefinido
Nova composição do Congresso, estatais e Auxílio Brasil
Analistas ouvidos pelo InfoMoney também apontaram que o resultado das eleições para o Congresso Nacional (senadores e deputadores federais) mostrou o fortalecimento do centrão, que engloba partidos como PL e o União Brasil. Nesse caso, em uma eventual vitória de Lula, o próximo presidente poderá ter dificuldade para formar uma coalização mais forte da base governista.
Para o analista político e sócio da Tendências Consultoria Integrada Rafael Cortez, o primeiro turno reforçou a ideia de que “dificilmente a esquerda governa sozinha”. “Tem essa percepção entre os agentes econômicos que uma orientação de política econômica muito à esquerda dificilmente acontece porque, no geral, uma boa parte do eleitorado brasileiro vai em direção à centro-direita”, afirma. “Isso era realidade no passado e continua sendo verdade agora em 2022, com a diferença de uma mudança no perfil dessa direita”, avaliou Cortez.
Com a nova configuração do Congresso, a visão é que a maior inclinação à direita deve favorecer empresas estatais, mesmo em um eventual governo de Lula. Em entrevista ao InfoMoney, Fábio Akira, economista-chefe da gestora BlueLine, disse que o risco de descontinuidade nos processos de privatização seria limitado com o novo Congresso.
“Mesmo se o Lula ganhar, a iniciativa de reestatizar o que já foi feito é muito mais baixa”, diz. E completa: “Para as estatais, há um ganho permanente com a composição de um Congresso mais à direita, embora a volatilidade [vista agora] esteja muito associada à chance de vitória do Lula ou não”.
Também na cena política, o governo anunciou nesta segunda-feira a antecipação do calendário do Auxílio Brasil de outubro. Dessa forma, todos os beneficiários receberão pagamentos até cinco dias antes do segundo turno. A mudança de data foi feita apenas para o mês de outubro, sem alteração para os períodos seguintes. Originalmente, os repasses do Auxílio Brasil de outubro seriam feitos de forma escalonada entre os dias 18 e 31 de outubro. Ou seja, parte dos beneficiários só teria acesso aos recursos após o segundo turno das eleições, marcado para o dia 30.
A medida apresenta caráter político, já que foi anunciada um dia depois do resultado do pleito eleitoral, que trouxe Bolsonaro atrás na corrida presidencial.
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