Tesouro Direto: juros dos prefixados revertem queda e passam a subir, mas retornos seguem abaixo de 12% ao ano

Em dia de agenda externa esvaziada, mercado monitora a aprovação da MP do Auxílio Brasil na Câmara e os dados da prévia de inflação

Bruna Furlani

(Getty Images)
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SÃO PAULO – A quinta-feira (25) é marcada pela divulgação da prévia da inflação oficial, que veio um pouco acima do que os economistas previam, mas não trouxe grandes novidades em relação a alta de preços.

Investidores também repercutem a aprovação do texto-base da Medida Provisória que institui o Auxílio Brasil, pela Câmara, agora à tarde.

Mesmo sem grandes surpresas no cenário local, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentam movimento misto na tarde desta quinta-feira. Os juros oferecidos pelos papéis prefixados recuam, enquanto os papéis atrelados à inflação são negociados perto da estabilidade.

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Às 15h20, o Tesouro Prefixado 2024, por exemplo, oferecia juro de 11,95% ao ano, acima dos 11,83% ao ano, vistos no início do dia, e dos 11,87% ao ano, da sessão anterior. Da mesma forma, o retorno oferecido pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,67%, contra 11,56% na abertura dos negócios. O percentual também é superior aos 11,54% ao ano registrados um dia antes.

Com isso, a diferença entre a remuneração do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) recuava para 28 pontos-base, contra 49 pontos-base na terça-feira (23), dia de maior estresse. Entenda o que explica esse fenômeno em que os papéis de vencimento mais próximo oferecem juros maiores do que os de prazo mais alongado.

Já entre os títulos atrelados à inflação, às 15h20, as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2026 estavam em 5,10% – mesmo valor registrado um dia antes. O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia juros reais de 5,30% ao ano, em linha com os 5,31% da tarde de ontem (24).

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (25): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA-15

Entre os destaques da agenda econômica estão os dados da prévia da inflação oficial de novembro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve alta de 1,17% em novembro frente ao mês de outubro.

Esse foi o maior valor para o mês desde 2002. No ano, o indicador avança 9,57% e nos últimos 12 meses, já subiu 10,73%.

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O indicador veio levemente acima do projetado por economistas consultados pela Refinitiv, que esperavam que ele ficasse em 1,10% frente a outubro e avançasse 10,65% na comparação anual.

O maior impacto individual no índice no mês (0,40 p.p) veio da gasolina, que teve alta de 6,62% e influenciou o resultado dos transportes, que registraram, de longe, a maior variação (2,89%) e o maior impacto (0,61 p.p.) entre os grupos pesquisados. No ano, o combustível acumula variação de 44,83% e, em 12 meses, de 48%.

“Apesar da alta no índice, ele não trouxe exatamente nenhuma novidade. Em termos agregados, sabemos que a inflação segue persistente. Gasolina e gás continuam tirando o sono do brasileiro”, afirmou André Perfeito, economista-chefe da Necton em nota. “Como não traz exatamente nenhuma novidade, o impacto tende a ser limitado”.

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Ao analisar os dados da prévia de inflação, Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, disse, contudo, que o IPCA-15 trouxe pressões de alta expressiva nos núcleos (0,87%) e em bens duráveis ​​industriais e semiduráveis.

Em relatório, o economista do Goldman Sachs afirmou ainda que a inflação surpreendeu positivamente em todos os principais grupos, com exceção de alimentos consumidos em casa e fora de casa e na parte de comunicações. Ele também destacou o impacto das pressões inflacionárias sobre a política monetária.

“Em um cenário de intensas pressões inflacionárias e piora do balanço de riscos, a probabilidade do Banco Central conseguir conduzir a inflação para a meta de 3,50% em 2022 é, nesta fase, muito baixa”, avaliou Ramos.

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Auxílio Brasil, PEC dos Precatórios e saneamento

Na agenda política, o destaque está no plenário da Câmara dos Deputados, que aprovou agora à tarde, por 344, o texto-base da medida provisória que instituiu o Auxílio Brasil (MPV 1.061/2021) ‒ programa de transferência de renda que substitui o Bolsa Família ‒ e o Alimenta Brasil ‒ que entra no lugar do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Os parlamentares agora se debruçam sobre os destaques apresentados pelas bancadas para modificar o texto. Superada essa etapa, ele segue para o Senado Federal.

Para que não perca a validade, a MPV, editada em agosto, precisa ter a tramitação concluída no Congresso Nacional e ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) até 7 de dezembro. Saiba mais detalhes sobre a MP nesta matéria.

Outro tema que segue no radar é a PEC dos Precatórios. Após pedido de vista sobre o parecer apresentado por Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo e relator da PEC no Senado, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi remarcada para a próxima terça-feira (30).

Ainda na agenda política, o Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar nesta quinta-feira, o julgamento das ações que questionam o Marco Legal do Saneamento, em vigor desde julho de 2020.

O julgamento será reiniciado com a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que durante a tramitação do caso na Corte já se posicionou pela manutenção do marco. Após a sustentação da PGR, os ministros poderão iniciar o processo de votação.

Radar externo

Na cena internacional, o foco do mercado segue na piora da Covid-19 na Europa. A elevação de novos casos tem feito com que mais países implementem medidas de restrição de mobilidade. Na quarta-feira, a Itália anunciou novas medidas de distanciamento social.

Também na véspera, foi anunciado um novo acordo para governo de coalizão na Alemanha entre o Partido Social Democrata, o Partido Verde e Partido Liberal Democrata. Assim, o ex-ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, deverá se tornar o novo chanceler do país quando Angela Merkel, da União Democrata Cristã, deixar o cargo no início de dezembro.

Nos Estados Unidos, o dia é de bolsas fechadas por causa do feriado de Ação de Graças. Ontem, os principais índices americanos encerraram o dia perto da estabilidade, ou em leve alta, com a notícia de que os dirigentes do Federal Reserve, que é o banco central americano, se mostraram preparados para aumentar os juros, caso a inflação siga avançando.

“Vários participantes observaram que o Comitê deve estar preparado para ajustar o ritmo de compras de ativos e aumentar o intervalo da meta para a taxa de fundos federais mais cedo do que os participantes anteciparam, caso a inflação continuasse a correr acima dos níveis consistentes com os objetivos do Comitê”, disseram os dirigentes na ata da última reunião do Federal Open Market Committee (Fomc, na sigla em inglês).

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