Tesouro Direto: juros de títulos de inflação caem a 5,68%; Fed eleva taxa e mercado espera decisão do BC

Tesouro IPCA+ 2029 entregava ganho de 5,68% ao ano, inferior aos 5,72% da véspera

Neide Martingo

(Gearstd/Getty Images)
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Como já era esperado pelo mercado, o Federal Reserve, banco central norte-americano, decidiu aumentar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5,00%-5,25%. Mais do que a decisão de juros em si, os analistas estavam de olho no tom do comunicado e nas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de sinalizações de uma pausa em seu ciclo de aperto monetário de 14 meses.

O Comitê de Política Monetária (Copom) decide nesta quarta-feira sobre a taxa básica de juros, a Selic, na primeira reunião do comitê depois que o governo apresentou sua proposta para um novo teto de gastos, no fim de março. Como a manutenção da taxa em 13,75% é praticamente certa, segundo analistas, toda a atenção será dada a eventuais (mesmo que sutis) mudanças na comunicação que possam antecipar as decisões futuras, em junho, agosto e setembro.

No Tesouro Direto, os juros dos títulos públicos apresentavam queda ou estabilidade às 15h18. O Tesouro IPCA+ 2045 oferecia retorno de 6,03% ao ano, igual valor visto na terça-feira (2). O Tesouro IPCA+ 2029 entregava ganho de 5,68% ao ano, inferior aos 5,72% da véspera.

A taxa do Tesouro Prefixado 2033 era de 12,14% ao ano no mesmo horário, menor do que os 12,31% da véspera. O piso dos prefixados, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 11,65%, inferior aos 11,79% da terça-feira, diferença de 14 pontos-base (0,14 ponto percentual).

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (3):

Fonte: Tesouro Direto

Fed

O Federal Open Market Committee (Fomc), comitê do Federal Reserve, elevou os juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para uma banda entre 5% e 5,25% ao ano, conforme decisão desta quarta-feira (3).

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Mas, mais do que a decisão de juros em si, os analistas de mercado estavam de olho no tom do comunicado do Fed e nas falas do presidente do Fed, Jerome Powell, em busca de sinalizações de uma pausa em seu ciclo de aperto monetário de 14 meses, à medida que as autoridades equilibram a necessidade de desacelerar a inflação contra um conjunto premente de riscos, que vão desde falências bancárias até a possibilidade de inadimplência da dívida dos EUA já no próximo mês.

A inflação tem caído apenas lentamente, deixando algumas autoridades do Fed nada convencidas de que a taxa de juros subiu o suficiente para realmente controlá-la. No entanto, a própria economia parece estar enfraquecendo, um trio de falências bancárias recentes levantou preocupações sobre problemas mais amplos no setor financeiro e a natureza instável das negociações sobre o limite da dívida entre republicanos no Congresso e a Casa Branca controlada pelos democratas pode desencadear uma crise aguda se o governo dos EUA for forçado a parar de pagar suas contas.

Em março, 10 das 18 autoridades do Fed indicaram que provavelmente estavam prontas para interromper os aumentos dos juros depois de mais um aumento da reunião desta quarta.

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Entre esse consenso e outros problemas que se intensificaram nesse ínterim, a expectativa era de que o Fed devesse ao menos abrir as portas para a perspectiva de que o aumento fosse o último do atual ciclo de aperto, sem uma surpresa inflacionária futura.

Segundo o CME Group, 89,5% acreditam que taxa continuará na faixa de 5,00-5,25%, enquanto 6,9% acreditam em um recuo de 0,25 pp e 3,6% projetam novo acréscimo de 0,25 pp, para 5,25%-5,50%.

Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá nesta quarta-feira sobre a taxa básica de juros, a Selic, na primeira reunião do comitê depois que o governo apresentou sua proposta para um novo teto de gastos, no fim de março. Como a manutenção da taxa em 13,75% é praticamente certa, segundo analistas, toda a atenção será dada a eventuais (mesmo que sutis) mudanças na comunicação que possam antecipar as decisões futuras, em junho, agosto e setembro.

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Por enquanto, afirmam economistas, o balanço de riscos observado pelos diretores do BC praticamente permanece o mesmo desde o início do ano. Na reunião de março, o Copom listou entre os riscos de alta para a inflação três fatores: uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, a incerteza sobre o arcabouço fiscal – e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública – e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Arcabouço fiscal

Segundo o Broadcast, após reunião com líderes da base do governo, o relator da proposta do arcabouço fiscal, Cláudio Cajado (PP-BA), disse esperar pela conclusão do relatório até o fim desta semana. A votação da proposta, no entanto, deverá ficar para depois do retorno do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao Brasil, após viagem que começa hoje aos EUA. Lira participa de um fórum em NY no dia 9 de maio.

Crise bancária

A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos no país possam estar com problemas, segundo analistas em Nova York. Um dos indícios disso foi a forte queda nesta terça (2) de ações de algumas instituições de menor porte, como o PacWest Bancorp (que encerrou o dia em baixa de 28%) e o Western Alliance (recuo de 15%).

Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia de ontem em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão.

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Empregos EUA

Os Estados Unidos elevaram em 296 mil o número de vagas no setor privado em abril de acordo com o Relatório Nacional de Emprego ADP, produzido pela ADP Research Institute, em colaboração com o Stanford Digital Economy Lab. O dado veio bem acima do consenso Refinitiv, que esperava alta de 150 mil.

A remuneração manteve a tendência de amortecimento, com alta de 6,7% em abril ante ao ano anterior. Essa taxa estava em 7,3%, em janeiro, 7,2%, em fevereiro, e 6,9%, em março.

Segundo Nela Richardson, economista-chefe da ADP, a desaceleração no crescimento salarial dá o sinal mais claro do que está acontecendo no mercado de trabalho do país. “Os empregadores estão contratando agressivamente, enquanto controlam os ganhos salariais à medida que os trabalhadores saem. Nossos dados também mostram que menos pessoas estão trocando de emprego.”

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Inflação

A inflação acelerou em quatro das sete capitais componentes do IPC-S, aponta FGV. O IPC-S da quarta quadrissemana de abril de 2023 subiu 0,50% e acumula alta de 3,44% nos últimos 12 meses. Quatro das sete capitais pesquisadas registraram acréscimo em suas taxas de variação.

Cerco a Bolsonaro

A operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro atrapalha a agenda do governo no Congresso. Mário Sérgio Lima, analista sênior a consultoria Medley Global Advisors, avalia que a CPI dos atos golpistas, PL das Fake News a apreensão do celular do ex-presidente pela Polícia Federal são fatores que “roubam” fôlego da agenda de um governo que ainda não conseguiu formar uma base no Congresso.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney