Tesouro Direto: juros mantêm queda, com IPCA+2045 a 5,98%; foco é tramitação da regra fiscal no Congresso

Piso dos prefixados, o Tesouro Prefixado 2026, oferecia retorno de 11,34% ao ano, menor do que os 11,46% da quarta-feira (10)

Neide Martingo

(Getty Images)
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Mais um capítulo da “novela” regra fiscal, destaque nesta quinta-feira (11). O relator do projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse considerar difícil que o relatório da matéria seja entregue ainda hoje, data antes prometida por ele. Relator afirmou que tem convicção de que o Congresso dará votação expressiva ao texto

No cenário internacional, o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos voltou a subir em abril, após dois meses de queda. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Departamento do Trabalho americano, indicador teve alta de 0,2% na comparação mensal e de 2,3% em 12 meses. O consenso Refinitiv esperava uma alta de 0,3% na comparação mensal e de 2,4% na leitura anual.

No Tesouro Direto, os títulos públicos apresentavam queda às 15h32, movimento visto desde manhã. O piso dos prefixados, o Tesouro Prefixado 2026, oferecia retorno de 11,34% ao ano, menor do que os 11,46% da quarta-feira (10). O destaque, o Tesouro Prefixado 2033, tinha valor de 11,95% ao ano, inferior aos 12,17% de ontem.

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Entre os títulos atrelados à inflação, o IPCA+2029 entregava juro de 5,51% ao ano, inferior aos 5,53% da véspera. O valor do IPCA+2045 era de 5,98%, menor do que os 6,02% de ontem.

As negociações do Tesouro Prefixado 2055 estão suspensas devido ao pagamento do cupom semestral, que ocorre na próxima segunda-feira (15). Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Entre os títulos do Tesouro RendA+, criados neste ano para os investidores que priorizam a aposentadoria, o Tesouro RendA+ 2045 oferecia retorno de 5,93% ao ano, menor do que os 6% da sessão anterior.

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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (11):

Fonte: Tesouro Direto

Arcabouço fiscal

O relator do projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse considerar difícil que o relatório da matéria seja entregue ainda nesta quinta-feira (11), data antes prometida por ele.

“Considero mais difícil, mas vamos aguardar o momento que o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegue a Brasília e, se der tempo, a gente conclui as conversas e se eu tiver de ficar em Brasília para concluir relatório noite adentro, nós estaremos dispostos a fazê-lo”, disse Cajado, após reunião com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na qual apresentou projetos e ideias do novo marco fiscal.

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Cajado esclareceu que o relatório ainda não está finalizado e faltam alguns ajustes no texto, como graduação dos “enforcements” (comando para o cumprimento das regras) e definição de elaboração de relatórios bimestrais ou quadrimestrais para acompanhamento das contas públicas. “Esperamos que a gente consiga nas próximas horas, quem sabe até final do dia, concluir esses entendimentos”, afirmou.

O relator disse que tem convicção de que o Congresso dará votação expressiva ao texto. A votação da urgência e da matéria na Câmara, além da entrega do relatório, serão definidas por Lira.

“Temos convicção que o Congresso dará votação expressiva porque (o novo marco fiscal) é muito melhor que o teto de gastos, que teve sua época, teve seu tempo, mas mostrou-se frágil nos momentos de crise”, avaliou Cajado. Ele disse que ainda mantém contato com as bancadas e está finalizando o envio das considerações do governo federal.

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Após o encontro, Alckmin fez elogios ao Cajado e disse que o relator tem feito bom trabalho em ouvir a sociedade e lideranças partidárias. Disse ainda que foi importante “desconstitucionalizar” o teto de gastos e que a nova regra fiscal apresentada pelo governo é contracíclica e contribuirá no equilíbrio das contas públicas e na redução da dívida. “(O novo marco fiscal) vai ajudar na monetária, traz segurança na fiscal e ajuda indiretamente o câmbio”, avaliou.

Haddad no Japão

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, relatou que os empresários japoneses com os quais se encontrou estão interessados na aprovação de um acordo comercial entre Mercosul e Japão.

“O acordo Mercosul-Japão está na ordem do dia para os empresários japoneses, que se interessam por esse acordo e querem que o governo japonês tenha um olhar interessado, particular para as exportações vindas do Brasil para cá”, disse o ministro a jornalistas em Niigata, Japão, cidade-sede do G-7 financeiro.

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De acordo com o ministro, que destacou as relações históricas entre Brasil e Argentina, o encontro com os empresários japoneses também tratou da reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios brasileiro, de forma a fortalecer os investimentos vindos do país asiático.

Haddad disse também ter manifestado à secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, a disposição do Brasil em se aproximar mais dos Estados Unidos. Os dois se encontraram nesta quinta-feira (11) em Niigata, no Japão, cidade-sede do G-7 financeiro, cúpula da qual o Brasil participa na condição de convidado.

Em conversa com jornalistas após o encontro, Haddad destacou que Yellen não faz “objeções” à aproximação do Brasil com a China, apesar das tensões sino-americanas. “Uma das coisas que a secretária deixou claro é que ela não faz nenhuma objeção aos acordos comerciais que o Brasil faz, com a aproximação do Brasil com a China, em relação às parcerias estabelecidas. Mas eu manifestei nosso desejo de nos aproximarmos mais dos Estados Unidos”, disse o ministro. “Deveríamos estar preocupados com a integração das Américas”, acrescentou.

PIB 2023

O governo se prepara para fazer uma revisão positiva da projeção oficial para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023, após dados recentes apontarem para uma maior resiliência da atividade econômica, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto, em movimento que acompanha tendência também observada em estimativas de analistas privados.

O Ministério da Fazenda ainda roda os dados para fechar a estimativa a ser divulgada na próxima semana, mas as duas autoridades asseguraram que a projeção ficará acima da apresentada em março, de crescimento de 1,61% neste ano.

Uma atividade mais forte pode colocar pressão sobre o Banco Central, que tenta esfriar a economia para conter a inflação. A autoridade monetária é alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, sem dar sinal sobre quando poderia iniciar os cortes na taxa.

Reforma tributária

O grupo de trabalho (GT) da reforma tributária na Câmara adiou a entrega do relatório da proposta, antes prevista para a próxima terça-feira (16). De acordo com o coordenador do GT, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o documento deve vir à público no fim de maio ou, no máximo, no início de junho.

Ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Reginaldo afirmou que o adiamento se deu por conta de agenda. Segundo ele, ainda faltam encontros com as bancadas e com governadores para discutir a proposta. No entanto, nos bastidores, a intenção do governo é concentrar esforços na aprovação do novo arcabouço fiscal e evitar a discussão de pautas sensíveis ao mesmo tempo. Em meio à crise na articulação política com o Congresso, a expectativa do governo é encaminhar a proposta de reforma tributária apenas após a votação do arcabouço fiscal. O movimento já havia sido sinalizado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, em abril. Em declaração à CNN Brasil, ele falou que o governo irá trabalhar em “etapas” e que “não é adequado” misturar ambas as propostas.

Seguro-desemprego EUA

Os pedidos de seguro-desemprego, nesta semana nos Estados Unidos, subiram a 264 mil na semana, acima da expectativa de 245 mil. A leitura da semana anterior ficou em 242 mil. A média das últimas quatro semanas ficou em 245,25 mil, enquanto as quatro encerradas na semana passada ficou em 239,25 mil.]

BOE

O Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) do Banco da Inglaterra (BoE) decidiu elevar sua taxa bancária em 25 pontos-base, para 4,50%, dentro das previsões do mercado. Foi a 12ª alta consecutiva e representa o mais alto custo de empréstimos no país desde outubro de 2008.

Mais uma vez, a decisão não foi unânime, pois dois membros do colegiado votaram por manter a taxa em 4,25%.

No comunicado sobre a decisão, o BoE afirma que continuará monitorando de perto as indicações de pressões inflacionárias persistentes, incluindo o aperto das condições do mercado de trabalho e o comportamento do crescimento salarial e da inflação de serviços.

O Banco da Inglaterra informa ainda que, se houver evidências de pressões mais persistentes, será necessário um maior aperto na política monetária.

A inflação ao consumidor no país continua em dois dígitos: ficou em 10,2% em média no primeiro trimestre, ante uma meta de 2% buscada pelo BoE.

Na avaliação da conjuntura econômica, o Comitê diz que houve notícias positivas sobre as perspectivas de curto prazo para a atividade global desde sua última reunião, em março, com o PIB mundial ponderado pelo Reino Unido agora crescendo a um ritmo moderado ao longo do período de previsão.

BCE

Questionado se as taxas de juros ainda podem subir na reunião de setembro, Joachim Nagel, membro do BCE, que também é presidente do Bundesbank, disse que “não há nada fora da mesa”. “Estamos chegando perto do território restritivo, mas ainda não estamos lá”, afirmou. Em relação a uma pausa na alta de juros, o dirigente apontou que, quando este momento chegar, provavelmente será necessário mantê-las neste pico “por algum tempo” antes de cortá-las. (Estadão Conteúdo)

PPI

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China recuou 0,5% em abril em relação ao mês anterior e, com isso, acelerou a deflação anualizada,de 2,5% em março para 3,6% em abril, informou nesta quinta-feira (11) o NBS, o escritório nacional de estatísticas. O consenso Refinitiv esperava uma queda anualizada de 3,2% nos preços na porta da fábrica.

Dong Lijuan, chefe do escritório oficial de estatísticas disse à agência de notícias Xinhua que o indicador foi afetado pela flutuação dos preços internacionais das commodities, pela fraca demanda nos mercados interno e externo e pela alta base de comparação com o mesmo período do ano passado.

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Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney