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Nesta quarta-feira (19), o Ibovespa opera no campo positivo, mesmo diante da manutenção de queda nos mercados em Nova York, após divulgação do Livro Bege, do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Por volta das 17h (horário de Brasília), os rendimentos oferecidos por títulos americanos (Treasuries) apresentavam forte alta. No caso do papel de dez anos, a taxa saltava de 3,998%, na véspera (18), para 4,127%. O dólar, por sua vez, voltava a se fortalecer frente à moedas de países desenvolvidos. O índice DXY subia 0,72%, aos 112,94 pontos, no mesmo horário.
No Reino Unido, a perspectiva é de que o aperto monetário deva continuar. A inflação de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na região veio acima das expectativas e voltou aos dois dígitos em setembro na base anual (10,1%). O número ficou acima dos 9,9% registrados em agosto e das expectativas de 10% para o período, o que aumentou a pressão de uma alta mais dura de juros sobre o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).
No Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos operam sem direção única nesta tarde. Na última atualização do dia, os juros oferecidos por papéis prefixados apresentavam alta, enquanto títulos atrelados à inflação registravam estabilidade nos retornos reais.
A maior subida entre os papéis prefixados era do Tesouro Prefixado 2029, de 9 pontos-base (0,09 ponto percentual). Com isso, a taxa passava de 11,84% ao ano, na véspera (18), para 11,92% ao ano, às 15h20.
A maior rentabilidade real oferecida por papéis atrelados à inflação, por sua vez, era entregue pelo Tesouro IPCA+2055 (5,80% ao ano), no mesmo horário. A taxa é ligeiramente maior do que a verificada na terça-feira (5,78% ao ano).
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O investidor deve acompanhar o sobe e desce dos títulos públicos, porque eles funcionam como referência para as taxas cobradas nos demais produtos de renda fixa. “Os títulos públicos representam um norte para a precificação dos demais ativos que compõem o portfólio de renda fixa no País”, destacou Paulo Ricardo dos Santos, especialista em Renda Fixa da Blue3.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (19):
Livro Bege e Reino Unido
Na cena externa, investidores monitoram o Livro Bege, um sumário de opiniões que embasa as decisões monetárias do Federal Reserve (Fed), e que foi divulgado hoje. Segundo o documento, a atividade econômica nacional cresceu modestamente nos Estados Unidos, mas essas condições têm mostrado variação a depender do segmento industrial e dos distritos.
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De acordo com o relatório, quatro dos 12 distritos do Fed observaram atividade estável e dois citaram declínios, com desaceleração ou demanda fraca atribuída a taxas de juros mais altas, inflação e interrupções no fornecimento.
O emprego, por sua vez, continuou a aumentar num ritmo entre modesto e moderado na maioria dos distritos do Fed. Houve relatos de arrefecimento na demanda de mão de obra, com alguns locais observando que as empresas estavam hesitantes em aumentar as folhas de pagamento, em meio a preocupações crescentes de uma desaceleração econômica.
Outro ponto está na competição por trabalhadores, que levou a alguma caça ilegal de mão de obra por concorrentes ou indústrias capazes de oferecer salários mais altos. O crescimento salarial permaneceu generalizado, embora tenha sido relatada uma flexibilização em vários distritos.
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O crescimento da atividade de manufatura na maior parte dos distritos, juntamente com a redução do desemprego e o aumento dos salários são fatores que estimulam o consumo e pressionam ainda mais a inflação, destacou Acilio Marinello, coordenador do MBA em digital banking da Trevisan Escola de Negócios.
“Essa conjuntura pode influenciar em uma alta mais elevada da taxa básica de juros na próxima reunião do Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto], podendo essa alcançar os 100 pontos-base [1,00 ponto percentual]”, afirmou o especialista da Trevisan.
Já no Reino Unido, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu à taxa anual de 10,1% em setembro, ao maior nível desde 1982, segundo informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) do país. O resultado superou a previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que estimavam avanço de 10%. Também ficou acima da alta de 9,9% registrada em agosto.
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No confronto mensal, o CPI subiu 0,5% em setembro ante agosto, em ritmo mais acentuado que o aumento de 0,4% projetado no mercado. Em agosto, a expansão havia sido de 0,3%.
Já o núcleo do CPI se elevou 6,5% na comparação anual do mês passado, ante consenso de 6,4%. Em relação a agosto, o núcleo do CPI aumentou 0,6% em setembro. De acordo com a ONS, a escalada dos preços de alimentos respondeu pela maior parte do avanço da inflação no período.
Pesquisas eleitorais e carta aos evangélicos
Já na cena política, a primeira pesquisa de intenção de voto, com 100% das entrevistas realizadas após o debate presidencial do último domingo (16), mostrou que a disputa pelo Palácio do Planalto está em cenário de empate técnico entre os candidatos.
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Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), entre os dias 17 e 18 de outubro, mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 49% das intenções de voto totais, e Jair Bolsonaro (PL), 43%, em cenário estimulado (quando os nomes dos candidatos são apresentados ao eleitor).
Outra pesquisa, desta vez da Genial/Quaest, trouxe que Lula oscilou 2 pontos percentuais para baixo e agora somou 47% das intenções de voto para o segundo turno da eleição presidencial contra 42% de Bolsonaro, que variou 1 ponto para cima.
Os indecisos somaram 5%, ante 4% na sondagem anterior, enquanto os que disseram que votarão em branco ou nulo ou que não irão votar seguem em 6%. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. Em votos válidos, que não contam os brancos e nulos e os indecisos da pesquisa, Lula teria 53% contra 47% de Bolsonaro, de acordo com a pesquisa — na semana passada, esse placar era de 54% a 46%.
De olho em aumentar votos entre grupos de eleitores que costumam ser mais favoráveis ao presidente Bolsonaro, Lula divulgou uma carta à população evangélica do Brasil, em um ato em São Paulo, que reuniu diversas lideranças políticas, religiosas e integrantes de igrejas pentecostais.
No documento, o petista afirmou que respeitará “a liberdade de culto e de religião em todo o país” e rebateu as acusações de que supostamente teria intenção de fechar igrejas ou perseguir pastores.
O documento destaca que, durante seu governo, Lula assinou a Lei da Liberdade Religiosa e nunca fechou igrejas ou templos. O texto também ressaltou que temas como a descriminalização do aborto devem ser debatidos no Congresso Nacional e não estão sob a órbita do Palácio do Planalto em uma eventual gestão petista.
No documento, Lula também se disse pessoalmente contra o aborto, mas ressaltou a prerrogativa do Congresso Nacional para tratar do tema. “Nosso projeto de governo tem compromisso com a vida plena em todas as suas fases. Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e será com sua proteção”, diz. “Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da República e sim pelo Congresso Nacional.”
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