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A aproximação das eleições, o contínuo risco fiscal e a expectativa de juros mais altos nos Estados Unidos devem ajudar a provocar uma forte oscilação nos preços e retornos de títulos públicos negociados no Tesouro Direto.
Essa pelo menos é a expectativa de Camilla Dolle, head de renda fixa da XP. “As taxas têm subido e estão bem elevadas. Devemos enxergar boa volatilidade, cada vez mais precificando o cenário de eleição nesses prêmios”, diz.
Segundo ela, o contexto pode trazer oportunidades dentro de vários tipos de títulos públicos, inclusive de prefixados. Porém, esses devem responder por apenas uma parcela da alocação, como algo entre 1% e 3% da carteira, a depender do perfil de investidor.
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A declaração foi feita ontem (18) durante painel, que contou também com a participação de Vivian Lee, sócia e gestora da Ibiuna Investimentos. Ambas participaram do Onde Investir 2022, evento online promovido pelo InfoMoney, em parceria com a XP Investimentos. (Veja a agenda dos próximos dias).
No evento, a executiva destacou que os retornos oferecidos no Tesouro Direto têm subido bastante, mas que é preciso ter cautela. Camilla ponderou que os prefixados, por exemplo, possuem um risco maior de mercado pelo fato de que são afetados positivamente ou negativamente por flutuações de preços e taxas, conhecida como marcação a mercado, que devem se intensificar com as eleições.
A razão é que a taxa de juros oferecida por um título de renda fixa tem uma relação inversa com o seu valor de negociação no mercado. Quando as taxas aumentam, como tem sido o caso deste mês, seu preço tende a cair. Mas o contrário também é verdadeiro.
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Justamente por causa da forte volatilidade do curto prazo, o ideal, segundo Camilla, é que o investidor não alongue tanto os prazos. Outro motivo que também favorece a preferência por papéis de prazo mais curto é que houve uma inversão na curva de juros, explica a executiva.
Com isso, afirma Camilla, papéis com vencimento mais alongado passaram a pagar juros mais baixos do que títulos de vencimento mais longo, o que é um fenômeno contraintuitivo.
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Mesmo sem dar detalhes sobre os papéis preferidos, a executiva disse que há oportunidades em todos os tipos de títulos públicos (prefixados, atrelados ao CDI e à inflação).
“É preciso entender o percentual de qual indexador que faz sentido. Ter clareza de que ao investir em um título mais longo (prefixado ou atrelado à inflação), antes do prazo de vencimento, ele pode oscilar. Se você precisar desse dinheiro antes, estará sujeito às condições de mercado daquele momento”, destacou.
Na visão da XP, a Selic deve chegar a 11,50% em março e pode cair para 11% no fim de 2022. Já para 2023, a expectativa da casa é que a taxa básica de juros alcance os 7,5% ao ano. “Os juros subiram bastante no curto prazo. Passado esse período com eventual controle da inflação e atividade mais fraca, os juros podem cair”, avalia a executiva da casa.
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Camilla explica que a queda nos juros no fim do ano pode ser explicada pela tendência de que haja um recuo da inflação, que deve finalizar este ano em 5,2% ao ano. “A atividade está mais fraca. O PIB não deve ter crescimento”, pondera. Com isso, a expectativa, diz, é que a inflação oficial consiga fechar 2023 no centro da meta de 3,75% ao ano.
Vivian Lee, por outro lado, traz a análise da Ibiuna, que acredita que o Banco Central terá que adotar uma postura um pouco mais agressiva sobre os juros neste ano. Com isso, a gestora trabalha em uma projeção de elevação de Selic até 12,25% no fim deste ano. Para 2023, a Ibiuna avalia que a taxa básica de juros recuará para 8,25% ao ano.
Bom volume de emissões no 1º semestre de 2022
Diante de um cenário em que as taxas de juros devem ficar acima dos dois dígitos neste ano, a sócia da Ibiuna admite que 2022 será mais desafiador para as empresas. “Vamos sair de uma taxa média de 4% para algo perto de 10%. É mais do que dobrar o custo financeiro que as companhias têm hoje”, alerta Vivian.
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A executiva observa que isso pode gerar um impacto no caixa das empresas e que a situação tende a ser agravada pelo fato de que as perspectivas econômicas apontam que este ano deve ser de PIB negativo. “Isso pode aumentar a alavancagem [endividamento] de algumas empresas, há um cenário menos propício para investimentos”, diz Vivian.
Ainda assim, a sócia da Ibiuna acredita que deve ocorrer um bom volume de emissões no mercado de crédito no primeiro semestre deste ano, com destaque para o segundo trimestre.
Alguns fatores devem ajudar a garantir esse bom volume, como o aumento da taxa de juros, juntamente com vencimentos de debêntures e de letras financeiras (LFs) que estavam nos fundos de crédito aliado a um fluxo adicional que precisará ser alocado.
Mas a boa janela deve durar pouco. “A aproximação das eleições no segundo semestre deste ano deve tornar o cenário bastante difícil para que as empresas decidam emitir dívidas”, afirma Vivian.
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