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SÃO PAULO – As negociações de títulos públicos negociados via Tesouro Direto foram retomadas por volta das 16h41 da tarde desta quinta-feira (21), após três interrupções ao longo do dia. As pausas estão ligadas à forte oscilação de preços e taxas.
O desconforto dos agentes financeiros está ligado ao que deve ser feito para financiar o Auxílio Brasil. As incertezas giram em torno de discursos desencontrados de integrantes do governo envolvendo o novo programa de transferência de renda.
Investidores também monitoram a análise da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios (PEC 23/2021), que pode ajudar a abrir espaço no Orçamento de 2022.
Nesse contexto, o mercado de títulos públicos opera com alta nas taxas na tarde desta quinta, com destaque para os papéis prefixados. Na volta das negociações, às 16h41, o retorno pago pelo papel com vencimento em 2031 era de 12,10%, em linha com o percentual visto no começo da manhã. Na sessão anterior, o papel oferecia retorno de 11,57%. O valor é recorde para esse papel, que passou a ser oferecido no Tesouro Direto em fevereiro do ano passado.
O percentual pago pelo título prefixado de prazo mais alongado também volta a se aproximar dos juros oferecidos pelo papel de vencimento mais longo disponível no Tesouro em 2016. Perto da decisão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, no fim de julho de 2016, o Tesouro Prefixado 2023, por exemplo, oferecia uma rentabilidade próxima de 12,10%.
No mesmo horário, o juro pago pelo título com vencimento em 2024 se mantinha em 11,36% – mesmo percentual registrado no início dos negócios. Um dia antes, o retorno oferecido por esse papel era de 10,86%. A taxa é a mais alta já entregue pelo título, disponível no Tesouro Direto desde fevereiro de 2021.
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Entre os papéis atrelados à inflação, o retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 5,48%, abaixo dos 5,55% ao ano vistos no início das negociações. Mesmo assim, o percentual era maior do que os 5,29% vistos ontem.
A mesma situação era vista com os títulos atrelados à inflação com vencimento em 2026. A remuneração oferecida por esses papéis era de 5,25%, na volta das negociações. Um dia antes, o título oferecia retorno real de 5,06% ao ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidas na volta das negociações na tarde desta quinta-feira (21):
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Auxílio Brasil, PEC dos precatórios e caminhoneiros
A sessão desta quinta-feira (21) segue tumultuada, diante das incertezas em torno do financiamento do Auxílio Brasil. Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reiterou que “ninguém está furando o teto”, ao mesmo tempo que voltou a prometer o aumento do valor pago “com responsabilidade”. A declaração foi feita durante evento da Paraíba.
O discurso difere do que foi sugerido ontem (20) por Paulo Guedes, ministro da Economia. Durante evento, ele disse que o governo está buscando agora a formatação final dos R$ 400 e que estuda pedir uma licença (waiver) para gastar R$ 30 bilhões fora da regra do teto de gastos.
“Estávamos estudando se faríamos antecipação da revisão de teto de gastos para 2026 ou se pediríamos um waiver [perdão fiscal] para gastar essa camada temporária de proteção”, afirmou o ministro. Segundo Guedes, seria uma licença com “número limitado, pouco mais de R$ 30 bilhões”.
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Na avaliação de analistas ouvidos pelo InfoMoney, a fala de Guedes ataca fortemente a principal âncora fiscal do país, o que pode trazer impactos em termos de crescimento econômico e de taxa de juros.
“O mercado vai ficar bem ressabiado até a conclusão final [do programa]. Será que vai haver surpresas além dos R$ 30 bilhões?”, disse Thomas Giuberti, da Golden Investimentos. “A fala do ministro deu a entender que o teto de gastos será rompido e o mercado azedou de vez, contratando um clima ruim na abertura”, completou.
Antes da fala de Guedes, João Roma, ministro da Cidadania, já tinha confirmado que o valor do Auxílio Brasil seria de, ao menos, R$ 400. A despesa permanente do programa sofreria um reajuste de 20%.
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Outro tema que deve pautar os negócios hoje é a PEC dos precatórios. Após dois adiamentos na votação, a Comissão Especial da PEC dos Precatórios pode votar hoje o parecer de Hugo Motta (Republicanos-PB), relator do projeto. A reunião teve início agora à tarde.
O texto do relator abre espaço de R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022, com uma trava para o pagamento das dívidas judiciais do governo e mudança na metodologia do teto de gastos. Acompanhe as últimas informações aqui.
Investidores repercutem ainda mais uma notícia que pode ter forte impacto fiscal. Durante evento na Paraíba, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (21) que em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar o aumento do preço do diesel.
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Sem dar muitos detalhes sobre a medida, o presidente falou apenas que busca atender os caminhoneiros autônomos. “Fazemos isso porque é através deles que os alimentos chegam nos quatro cantos do país.”
Cena internacional
As atenções do mercado na cenário externo estão voltadas para dados vindos dos Estados Unidos. Segundo o Departamento do Trabalho americano, o número de pedidos de auxílio-desemprego teve leve queda de 6 mil na semana encerrada em 16 de outubro, a 290 mil, conforme dados apresentados nesta quinta-feira (21), com ajustes sazonais.
O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço para chegar a 300 mil solicitações. O total de pedidos da semana anterior foi ligeiramente revisado para cima, de 293 mil a 296 mil. Já o número de pedidos continuados apresentou recuo de 122 mil na semana encerrada em 9 de outubro, a 2,481 milhões. Esse indicador é divulgado com uma semana de atraso.
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