Publicidade
Após o forte movimento de aversão a risco visto na sexta-feira (26) por causa das preocupações em torno da Ômicron, nova variante do coronavírus detectada primeiramente na África do Sul, os ativos globais parecem reverter parte das perdas nesta segunda-feira (29).
Na cena local, revisões para cima nas expectativas de inflação e para baixo nas estimativas de crescimento econômico neste ano e no próximo, conforme previsto no Relatório Focus do Banco Central, divulgado hoje, dão o tom às negociações.
Embora o avanço da inflação exija uma elevação ainda mais forte dos juros na visão dos agentes financeiros, a leitura do mercado é que Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sinalizou, durante evento na semana passada, a vontade do BC em manter a velocidade de ajuste de 1,5 ponto percentual para a Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina na quarta que vem (8).
Continua depois da publicidade
Investidores também aguardam a votação da PEC dos Precatórios, que está prevista para ocorrer amanhã (30) no Senado. Caso a PEC não seja aprovada, há uma preocupação entre agentes do mercado de que o executivo precise decretar estado de calamidade pública, o que poderia levar a novas altas nos juros, especialmente de prazo mais curto.
Dentro do Tesouro Direto, na atualização das 15h20, os títulos públicos operam com movimento misto. Os papéis prefixados apresentam recuo nas taxas, enquanto os papéis atrelados à inflação operam em leve alta ou perto da estabilidade.
Entre os títulos atrelados à inflação, na atualização das 15h20, as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2040 com juros semestrais eram de 5,24% ao ano, contra 5,25% ao ano pela manhã. O percentual é ligeiramente maior do que os 5,22% vistos na sexta-feira (26). O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia juros reais de 5,32% ao ano, frente aos 5,33% ao ano registrados no começo do dia. O valor também é um pouco maior do que os 5,30% da sessão anterior.
Continua depois da publicidade
No mesmo horário, o retorno do Tesouro Prefixado 2024 recuava de 11,83% no começo do dia para 11,79%. Na sexta-feira, o juro oferecido era de 11,81% ao ano. Da mesma forma, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2026 era de 11,69%, abaixo dos 11,73% registrados no início da manhã e dos 11,75% ao ano, vistos na sessão anterior.
De acordo com relatório de analistas do Bradesco BBI, a curva de juros foi influenciada na última semana, principalmente pela expectativa de um aperto monetário menos intenso do que o anteriormente esperado pelo mercado, o que impactou principalmente a parte longa da curva.
“A partir da fala do presidente do Bacen na semana passada o mercado interpretou que o juro pode ter uma alta mais suave
até o fim do ciclo no próximo ano, principalmente se não ocorrer nenhum novo choque de oferta como o ocorrido durante a pandemia”, ponderaram os analistas do BBI.
Continua depois da publicidade
Nesse contexto, disseram, os prefixados voltaram a atingir patamares abaixo de 12% nos vencimentos curtos e longos, enquanto grande parte do mercado espera uma taxa de juros próxima de 11,75% ao ano no fim do ciclo de alta.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (29):
Focus, contas públicas e IGP-M
Na agenda econômica local, o mercado financeiro elevou, pela 34ª semana consecutiva, as projeções para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, desta vez de 10,12% para 10,15%. É o que mostra o relatório Focus, do Banco Central, divulgado na manhã desta segunda-feira (29).
Continua depois da publicidade
Também houve mudança nas estimativas dos economistas consultados pela autoridade monetária para a inflação oficial de 2022, que passaram de 4,96% para 5,00%, no 19º aumento seguido. Com isso, as expectativas atingiram o teto da meta de inflação para o ano que vem, que é de 3,5% ao ano, com um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo.
Houve piora ainda nas expectativas para o crescimento da economia brasileira este ano, de expansão de 4,80% do Produto Interno Bruto (PIB) para 4,78%. Já para 2022, a mediana das projeções dos economistas são de crescimento de 0,58% da atividade, ante 0,70% anteriormente.
Ainda que as expectativas para a inflação tenham se elevado mais uma vez, os agentes financeiros mantiveram as projeções de alta para a Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021, e de 11,25% ao ano em dezembro de 2022. Ou seja: também foi mantida a estimativa de avanço para a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre entre 7 e 8 de dezembro.
Continua depois da publicidade
Também na agenda econômica, o Tesouro Nacional divulgou hoje que as contas do Governo Central registraram superávit primário de R$ 28,195 bilhões em outubro. Ou seja, a diferença entre as receitas e as despesas terminou positiva. O resultado sucedeu o superávit de R$ 303 milhões em setembro.
O superávit do mês passado foi maior do que esperava o mercado, cuja mediana apontava um saldo positivo de R$ 26,150 bilhões, segundo o Projeções Broadcast.
Nos dez primeiros meses do ano, o resultado primário registrou déficit de R$ 53,404 bilhões, o melhor resultado desde 2015 – já considerando valores corrigidos pela inflação.
Outro destaque na agenda econômica está na inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), divulgada hoje. Segundo a Fundação Getulio Vargas, o índice variou 0,02% em novembro, após alta de 0,64% no mês anterior. O resultado ficou abaixo do piso da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava alta de 0,15% para o indicador. A mediana era de 0,30%.
Com esse resultado, o indicador acumula alta de 16,77% no ano e de 17,89% em 12 meses. Apenas como base de comparação, em novembro de 2020, o IGP-M havia subido 3,28% e acumulava alta de 24,52% em 12 meses.
O recuo foi puxado pela queda nos preços de commodities, como minério de ferro, soja e milho – ainda que os combustíveis tenham registrado fortes aumentos nas refinarias em novembro, segundo André Braz, coordenador dos índices de preços.
PEC dos Precatórios, decisão no PSDB e Ômicron
A semana é de grandes decisões na cena política. Um dos destaques está na PEC dos Precatórios, cuja votação está prevista para ocorrer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na terça-feira (30). A intenção do governo é votar o parecer de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), senador e relator da PEC, também em plenário no mesmo dia.
O texto mexe no cálculo do teto de gastos e abre R$ 106,1 bilhões em espaço para despesas em 2022, especialmente com o Auxílio Brasil – programa que substitui o Bolsa Família.
Segundo apuração do jornal O Globo, se a PEC dos Precatórios for rejeitada pelo Congresso e a nova variante Ômicron se alastrar, o Ministério da Economia trabalha com a hipótese de recriar o “orçamento de guerra”, texto que permite que as regras fiscais sejam flexibilizadas durante o período de calamidade pública.
Também na cena política, a disputa no PSDB finalmente teve um desfecho neste fim de semana. Após um imbróglio na votação, João Doria, governador de São Paulo, venceu as prévias no último sábado (27) e será o candidato do partido na disputa pela presidência em 2022.
Doria recebeu 53,99% dos votos. Ele disputava a candidatura com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que recebeu 44,66% dos votos, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que contou com 1,35%.
Em sua primeira entrevista após ganhar as prévias do PSDB para concorrer à Presidência em 2022, João Doria disse à CNN neste domingo (28) julgar “possível” uma aliança com Sergio Moro, cotado como nome do Podemos para o Planalto.
“É possível. Eu tenho boas relações com Sergio Moro e tenho respeito por ele, não haveria nenhuma razão para não manter relações com alguém que ajudou o Brasil, com alguém que contribuiu com a Lava Jato”, disse o governador.
Outro destaque está no acompanhamento da variante Ômicron no Brasil. Ontem, a Anvisa disse que identificou a Covid-19 em um passageiro brasileiro que chegou da África do Sul, mas ainda não há confirmação de que seria a nova variante.
Cenário internacional
No radar externo, investidores também monitoram informações para entender se a Ômicron representa, de fato, uma ameaça à reabertura da economia global. Hoje, as bolsas europeias, americanas e o mercado de petróleo revertem parcialmente as perdas da semana passada.
Estudos preliminares da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a variante representa um risco maior de reinfecção, mas ainda não está claro se ela provoca casos mais graves em comparação com outras variantes, incluindo a Delta.
Para analistas do Goldman Sachs, nesse contexto, ainda não é necessário fazer grandes mudanças no portfólio, desde que as vacinas existentes permaneçam eficazes e que a Ômicron não seja mais perigosa do que outras cepas, escreveram os especialistas do banco em relatório.
Na sexta-feira, os preços do petróleo tiveram quedas de até 13%, o pior desempenho em 2021 até o momento. Nesta segunda-feira (29), os contratos futuros do tipo Brent avançam mais de 3,30%, e os do tipo WTI, sobem 3,84%.
Especula-se que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) possa pausar a elevação da produção por conta dos efeitos da propagação da variante Ômicron.
Quer sair da poupança, mas não sabe por onde começar? Esta aula gratuita com a sócia da XP mostra como fazer seu dinheiro render mais, sem precisar assumir mais riscos.
Inscreva-se no minicurso de Day Trade gratuito que ensina a operar menos de 30 minutos por dia
You must be logged in to post a comment.