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Com as atenções voltadas para a corrida eleitoral, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, apelidada de “PEC das bondades”, balançou o mercado de renda fixa, ao fazer as taxas dos títulos públicos dispararem e alcançarem níveis históricos.
A piora fiscal prevista com o texto que propõe gastos além do teto estimados em mais de R$ 41 bilhões pesou nas curvas de juros e papéis atrelados à inflação viram a remuneração subir para além dos 6%. O projeto cria programas sociais e amplia benefícios já existentes, e institui um estado de emergência até o fim do ano.
No caso do Tesouro IPCA + 2045, por exemplo, o retorno real oferecido no começo da manhã desta quinta-feira (7) chegou a 6,03% ao ano, valor recorde para o papel, que passou a ser negociado em fevereiro de 2017.
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Apesar de o juro oferecido ter recuado um pouco durante a tarde, os retornos seguem próximos do recorde entregue pelo título.
Com a subida das taxas, o preço dos papéis naturalmente passou por uma desvalorização e agora acumula uma queda de mais de 12% no ano, caso do Tesouro IPCA+2045. Os dados são do Tesouro Direto e vão até esta quinta-feira (7).
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Títulos | Vencimento | Últimos 30 dias | Mês anterior | No ano | 12 meses | Compra | Venda |
Tesouro Prefixado | 01/01/2023 | 0,88 | 0,85 | 4,93 | 4,29 | – | 13,84 |
Tesouro Prefixado | 01/07/2024 | 0,08 | -0,01 | 0,93 | -0,96 | – | 13,35 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2025 | -0,14 | -0,15 | 0,03 | -2,06 | 12,93 | 13,05 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2026 | -0,72 | -0,67 | -2,37 | -4,98 | – | 13 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2029 | -2,87 | -2,49 | – | – | 13,09 | 13,21 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2023 | 0,88 | 0,85 | 5,04 | 4,61 | – | 13,85 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2025 | 0,16 | 0,13 | 0,8 | -0,94 | – | 13,1 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2027 | -0,71 | -0,73 | -2,3 | -4,74 | – | 13,13 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2029 | -1,66 | -1,47 | -4,92 | -8,16 | – | 13,29 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2031 | -2,28 | -1,58 | -6,6 | -9,79 | – | 13,31 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2033 | -2,45 | -1,89 | – | – | 13,2 | 13,32 |
Tesouro Selic | 01/03/2023 | 1,02 | 1,01 | 5,73 | 9,03 | – | 0,04 |
Tesouro Selic | 01/09/2024 | 1,05 | 1,04 | 5,79 | 9,42 | – | 0,09 |
Tesouro Selic | 01/03/2025 | 1,05 | 1,04 | 5,86 | 9,51 | 0,1 | 0,11 |
Tesouro Selic | 01/03/2027 | 1,05 | 1,06 | 6,21 | 9,81 | 0,16 | 0,17 |
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais | 01/01/2031 | -1,83 | -0,17 | 5,43 | 2,78 | – | 6,07 |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2024 | -0,85 | 0,32 | 5,52 | 8,12 | – | 6,65 |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2026 | -0,89 | 0,13 | 4,57 | 6,4 | 5,86 | 5,98 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2035 | -3,97 | -2,25 | -3,58 | -9,06 | 6,03 | 6,15 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2045 | -7,69 | -4,7 | -12,1 | -24,99 | 6,03 | 6,15 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2024 | -0,81 | 0,33 | 5,75 | 8,72 | – | 6,71 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2026 | -0,83 | 0,17 | 4,96 | 7,34 | – | 6,05 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2030 | -2,17 | -0,34 | 2,43 | 3,28 | – | 6,05 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2032 | -2,03 | -0,51 | – | – | 5,95 | 6,07 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2035 | -2,8 | -1,23 | -0,1 | -2,2 | – | 6,14 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2040 | -3,72 | -2,03 | -0,86 | -4,14 | 6,04 | 6,16 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2045 | -4,25 | -2,45 | -1,63 | -6,88 | – | 6,24 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2050 | -4,4 | -2,58 | -2,68 | -8,77 | – | 6,26 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2055 | -4,78 | -2,85 | -3,78 | -10,04 | 6,14 | 6,26 |
Fonte: Tesouro Direto. Considera a posição em 07/07/2022. Alguns papéis começaram a ser negociados ao longo do semestre e, portanto, não possuem histórico de 6 ou 12 meses.
Hoje pela manhã, o preço de compra desse título, por exemplo, estava em R$ 1.052,43, contra R$ 1.150,16 registrados na primeira sessão deste ano.
O fenômeno em que a elevação das taxas tem como consequência a queda nos preços – e, portanto, a desvalorização dos papéis – está relacionado à chamada marcação a mercado.
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Os juros oferecidos por um título de renda fixa têm uma relação inversa com o seu valor de negociação pelos investidores. Quando as taxas sobem, como foi o caso agora, seu preço tende a cair. O contrário também é verdadeiro.
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Outros papéis atrelados à inflação também sofreram com a marcação a mercado. Como exemplo, há o Tesouro IPCA + 2055, que acumula uma queda no preço do papel de quase 4% no ano. Apenas nos últimos 30 dias, o recuo chegou a quase 5%.
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Na abertura dos negócios desta quinta-feira (7), o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA + 2055 chegou a 6,14%, percentual histórico para esse título que ficou disponível a partir de fevereiro de 2020.
Foi registrado recorde também entre alguns prefixados que viram o juro subir para até 13,20% ao ano, na primeira atualização desta quinta-feira (7), como o Tesouro Prefixado 2033. Nos últimos 30 dias, o preço desse título recuou pouco mais de 2%.
Embora o investidor tenha a impressão de que está perdendo dinheiro porque o preço do papel diminuiu, só haverá perda de fato caso ele opte por realizar a venda antecipada do título. Ou seja: vendê-lo antes do vencimento estipulado no dia em que o papel foi adquirido.
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Alocação baixa em prefixados
Ainda que os juros tenham recuado um pouco ao longo da tarde desta quinta-feira, a expectativa é que o cenário siga volátil e que as taxas se mantenham elevadas no curto e médio prazos. Isto é: a tendência é de que o preço dos títulos públicos continue a recuar.
Em relatório, Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, e Pietro Consolaro, analista de renda fixa da casa, destacaram que o ambiente inflacionário deve continuar desafiador, embora a alta de preços possa ter um choque negativo no curto prazo com as medidas da PEC dos Combustíveis.
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O texto aprovado semanas atrás pelo Congresso definiu que combustíveis — assim como energia, transportes coletivos, gás natural e comunicações — são bens essenciais e indispensáveis. Com isso, os governos estaduais não podem cobrar o ICMS sobre estes itens acima do teto estabelecido pelo texto, de 17%, ou 18%, além de outros impostos.
Mesmo com a aprovação desse projeto, a especialista da XP acredita que a inflação deve se manter acima da meta do Banco Central nos próximos dois anos, diante de incertezas domésticas e externas. A expectativa da casa é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 7%. Já para 2023, as projeções apontam que a inflação oficial deve terminar em 5%.
Segundo projeções da XP, a Selic deve encerrar este ano em 13,75% ao ano e terminar 2023 em 8,75% ao ano. Nesse sentido, diz, a alocação em prefixados deve seguir baixa, por enquanto, ainda que as taxas de alguns ativos estejam em suas máximas.
O motivo é que com a expectativa de subida da Selic, a tendência é de que o juro oferecido pelos papéis prefixados fique defasado, porque o investidor “trava” a taxa na hora que adquire o papel.
Por outro lado, títulos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+) e pós-fixados atrelados à Selic (Tesouro Selic) devem seguir como os preferidos. Em documento enviado a clientes, a analista da Rico Investimentos Paula Zogbi afirma que os papéis indexados ao IPCA podem ser bons trunfos para proteger o patrimônio e o poder de compra, já que uma parte do retorno acompanha a inflação.
Já papéis atrelados à Selic podem se beneficiar da alta dos juros e elevar a rentabilidade da sua reserva de emergência, ou caixa, que é aquele dinheiro que o investidor deve investir em aplicações que permitem resgates rápidos, se houver algum imprevisto.
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