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Um levantamento exclusivo feito pela MZ Group a pedido do InfoMoney revela que as empresas listadas na B3 anunciaram a distribuição de 52,39% dos seus lucros líquidos na forma de dividendos e juros sobre capital próprio em 2021. A proporção foi superior a 2020, quando distribuíram 44,6% do lucro líquido para remunerar os acionistas.
O estudo considerou 272 empresas listadas na B3, dentre aquelas com maior volume negociado, e as propostas de administração sobre a destinação de recursos enviadas à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) durante a temporada de divulgação de balanços do ano passado, encerrada no último dia 31 de março.
Os setores de petróleo, gás e derivados e o de telecomunicações foram os que distribuíram um percentual maior do lucro líquido aos acionistas nos últimos dois anos.
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Em 2020, o setor de petróleo, gás e derivados destinou 99% do seu lucro líquido para o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), segundo o levantamento da MZ. Em 2021, a fatia foi de 87% do lucro líquido.
Já o setor de telecomunicações distribuiu, em 2020, 90% do seu lucro líquido. Em 2021, a proporção caiu para 77%.
Considerando apenas o ano de 2021, o setor de saúde ocupa a terceira posição entre o maior percentual de proventos distribuídos em relação ao lucro líquido. O setor destinou 68% do lucro líquido para remunerar seus acionistas.
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Lucro das empresas
Entre as 272 companhias incluídas no levantamento, 79% declararam lucro em 2021 nas propostas de administração enviadas à CVM. O número de empresas foi 17,6 pontos percentuais maior do que visto nas propostas enviadas no ano passado. Desse universo, 17,3% não tiveram lucro e 3,7% ainda não apresentaram as suas propostas da administração.
Todas as empresas dos setores de energia elétrica; papel e celulose; aluguel de veículos e máquinas; participações e investimentos; além de serviços financeiros registraram lucro no ano passado.
No total, o lucro das companhias em 2021 somou R$ 584 bilhões, um valor 141% maior do que o registrado em 2020, que foi de R$ 242 bilhões.
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Petrobras e Vale tiveram um forte peso no lucro do conjunto de empresas avaliadas. Excluindo ambas as companhias, o valor seria de R$ 356,3 bilhões em 2021 – ainda assim, 71,1% maior do que o registrado em 2020, de R$ 208 bilhões.
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Os setores de papel e celulose; petróleo, gás e derivados; e mineração e siderurgia foram os que registraram a maior variação positiva em relação ao lucro de 2020. Nove setores tiveram um aumento superior a 100%.
No setor de petróleo e gás, empresas como Petrobras (PETR4; PETR3), Cosan (CSAN3), Unipar (UNIP6) e Enauta (ENAT3) foram as que mais contribuíram com a alta. O segmento teve uma variação positiva de 862% em 2021, em comparação ao lucro declarado em 2020.
No setor de mineração, o salto foi de 341%, puxado por Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3).
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Dividendos ou JCP: como as empresas vão distribuir o lucro?
Do lucro de R$ 584 bilhões declarado pelas companhias em 2021, o valor total de proventos nas propostas da administração somou R$ 306 bilhões, um valor 183,3% maior que o observado no exercício de 2020. Destes, R$ 258 bilhões serão distribuídos como dividendos e R$ 48 bilhões, como juros sobre capital próprio (JCP).
Os setores que mais declararam dividendos e JCP em 2021 foram petróleo, gás e derivados (R$ 113,61 bilhões), mineração e siderurgia (R$ 79,85 bilhões) e serviços financeiros (R$ 37,05 bilhões).
Nesses setores, as companhias que puxaram as distribuições foram Petrobras, Unipar, Cosan, Ultrapar, Vale, Gerdau, CSN Mineração, CSN, Gerdau Metalúrgica, Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11) e B3 (B3SA3).
Se comparada a evolução na distribuição de proventos em 2021 frente a 2020, os setores que apresentaram a maior variação positiva foram papel e celulose; petróleo e gás; exploração de imóveis; mineração e siderurgia; participações e investimentos, seguido do setor de máquinas, equipamentos, veículos e peças.
No pagamento de proventos, Vale e Petrobras também tiveram um forte peso. Excluídas estas companhias, o montante total de proventos declarados pelas empresas da Bolsa foi de R$ 142,9 bilhões em 2021 (R$ 108,9 bilhões em dividendos e R$ 34 bilhões em JCP).
Perspectiva: os proventos podem crescer em 2022?
Para 2022, os especialistas consultados pelo InfoMoney estão confiantes de que os proventos distribuídos pelas empresas da Bolsa sejam superiores aos registrados em 2021.
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, aponta que o mercado já está elevando as estimativas de lucro por ação, principalmente no Ibovespa, o que comprova que as empresas podem distribuir proventos maiores em 2022. “Principalmente quando olhamos para empresas voltadas a commodities ou petrolíferas, que estão com uma geração de caixa muito forte dado o patamar atual do petróleo”, explica.
Segundo Crespi, a Petrobras deve ter um retorno em dividendos (dividend yield) acima de 20%, que é bastante representativo. “Supera qualquer empresa do setor de energia”, reforça.
Na visão dele, os setores que devem puxar as distribuições de proventos em 2022 são commodities, financeiro – que deve apresentar dividendos maiores com o fim da pandemia e a alta dos juros – e o segmento de seguros.
Ele também continua otimista com mineração e siderurgia e avalia que já nos resultados do primeiro trimestre de 2022 o investidor deve perceber números sólidos.
Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, avalia que o setor de energia elétrica também pode surpreender os investidores com seus dividendos. Algumas companhias se beneficiaram com a bandeira vermelha nas tarifas de energia nos últimos meses. Contudo, ele acredita que por se tratar de um serviço de necessidade básica, o setor elétrico continua como um bom pagador de proventos.
“Um setor para o investidor ficar atento é o de seguros, que pode ter uma distribuição de dividendos bastante atrativa”, destaca Madruga. O segmento não estava presente entre as maiores distribuições de 2021.
Proventos em relação ao lucro líquido
Entre os setores que destinaram um percentual maior do lucro líquido para proventos – como petróleo e gás; telecomunicações e saúde – Madruga destaca que foram os que tiveram receita crescente, baixo custo de operação e até transformações no modelo de negócios das companhias.
Segundo o especialista, o setor de saúde, por exemplo, foi beneficiado graças a um movimento de verticalização das empresas, oferecendo serviços estritamente necessários para enxugar gastos. “Isso aumenta a lucratividade das companhias, que têm a instituição que presta o serviço, o plano de saúde, os médicos, tudo em modelo vertical”, afirma.
Para 2022, Crespi, da Guide, destaca que as companhias que devem manter ainda uma boa distribuição do lucro líquido para proventos serão as de telecomunicações e commodities. Já o setor de saúde pode diminuir a distribuição, com menor retorno ao acionista, por conta da pressão inflacionária em relação a custos com material médico.
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