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Com R$ 100, não dá para comprar muita coisa no Brasil. Nos anos 1990, era comum encher um carrinho de compras com esse valor. Hoje, por causa da inflação, mal dá para pagar uma bandeja com 30 ovos, um café e umas duas latinhas de energético para pular o Carnaval 2025 – e olhe lá.
Mas, apesar da perda de poder de compra, R$ 100 ainda podem abrir portas – inclusive para investir no exterior. Segundo especialistas, esse valor já permite uma primeira experiência no mercado financeiro global, cheio de oportunidades.
Se bem aplicado, esse valor pode crescer, gerar rendimentos e, quem sabe, bancar mais do que ovos, café e bebidas no futuro. “Mesmo com um valor inicial reduzido, é possível se beneficiar de fatores importantes, como o câmbio médio ao longo do tempo”, diz João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest.
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Um pedacinho das big techs
Com R$ 100, por exemplo, é possível incluir na carteira de investimentos alguns BDRs (certificados que representam ações de empresas estrangeiras) de big techs e outras companhias internacionais negociadas na B3.
Exemplo: o BDR da Nvidia, o NVDC34, custa R$ 15,33; o da Microsoft, o MSFT34, sai por R$ 21,32; e o BABA34, da Alibaba, pode ser adquirido por R$ 28,83. Total: R$ 65,48. Ainda sobra uma graninha para pagar taxa de corretagem e custódia.
“Os BDRs possibilitam exposição a grandes empresas estrangeiras sem a necessidade de abrir conta em uma corretora internacional”, diz Lucas Sharau, economista e assessor da iHUB Investimentos.
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Vale lembrar que esses ativos também distribuem dividendos para os acionistas. “Há, porém, retenção de 30% na fonte sobre dividendos para investidores estrangeiros. É fundamental que o investidor se informe sobre acordos de bitributação, formas de compensação e a documentação necessária para manter suas obrigações fiscais em dia”, diz Gentina.
Leia mais: Dividendos em dólar em 2025? Essas empresas pagam proventos recorrentes há 50 anos
Baratinhas, mas arriscadas
Para quem quer sair da zona de conforto da B3 e investir diretamente no exterior, existe também a possibilidade de comprar ações em bolsas americanas por meio de corretoras internacionais. Uma rápida pesquisa no Google mostra diversas opções.
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As ações internacionais de menor valor são conhecidas como penny stocks por lá. Nesta semana, por exemplo, um papel da Nokia (NOK) era negociado por US$ 4,94 (cerca de R$ 28 na cotação atual). Há também nomes menos conhecidos, como QuantaSing Group (QSG) e Safe Bulkers (SB), cujas ações custam cerca de US$ 3 (R$ 17,48) cada.
Importante ressaltar, porém, que essas ações baratinhas são mais arriscadas. Por causa da liquidez e da capitalização baixas, também há mais riscos de quedas repentinas, o que pode fazer o investidor perder dinheiro.
Vai um ETF aí?
Outra opção para investir no exterior com R$ 100 são os ETFs (fundos negociados em bolsa). Um exemplo de ETF de renda variável é o TECK11, que custa R$ 98,44 e reflete as variações do índice NYSE FANG+, composto por gigantes da tecnologia, como Apple (AAPL) e Netflix (NFLX).
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Já na renda fixa, uma alternativa é o iShares 20+ Year Treasury Bond ETF (TLT), que acompanha a variação do ICE US Treasury 20+ Year Index, vinculado aos Treasuries (títulos do tesouro dos EUA) com vencimento superior a 20 anos. Sua cota sai por R$ 91,25.
“Para quem tem pouco capital, os ETFs, assim como os BDRs, são boas opções, pois permitem diversificação sem a necessidade de enviar dinheiro para o exterior. Além disso, ETFs oferecem uma carteira diversificada com baixo custo e são negociados na bolsa como ações”, explica Sharau.
Leia mais: Confira o guia completo sobre como investir em ETFs
E o dólar?
Investir em dólar também pode ser uma alternativa. A moeda americana, que chegou a R$ 7,10 neste ano, atualmente está na faixa dos R$ 5,80. “O ideal é fazer compras regulares e ponderadas ao longo do tempo, diluindo o preço médio e minimizando os riscos de variações bruscas”, afirma Sharau.
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Há riscos, claro
Investir no exterior com pequenas quantias exige atenção a tarifas e impostos. É preciso colocar na ponta do lápis o IOF, as taxas de remessa e os impostos sobre ganhos de capital, que podem impactar a rentabilidade. Além disso, ativos dolarizados no Brasil apresentam dupla exposição – ou seja, sofrem variação cambial e oscilação do próprio ativo, o que pode aumentar a volatilidade, segundo Sharau.
Já Gentina destaca que o maior risco costuma ser político ou macroeconômico, pois a carteira fica exposta a cenários internacionais que podem mudar rapidamente. “Entretanto, uma alocação global tende a proteger o patrimônio contra crises locais, ampliando a diversificação geográfica e jurídica”, diz