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SÃO PAULO – Nesta semana, o Banco de Compensações Internais (BIS) publicou um estudo revelando que o spread bancário brasileiro é o maior dentre as economias emergentes pesquisadas, 40%. Além da constatação do BIS, o consumidor e as empresas brasileiras já reclamam há tempos do elevado custo do empréstimo no País, mas o que justifica este patamar tão elevado?
Antes de entender porque o empréstimo custa tão caro do Brasil, primeiro é importante saber o que é o spread bancário. Em linhas gerais, este termo refere-se à diferença entre a taxa que o banco paga pelos recursos que capta através de depósitos, CDB ou fundos e a que cobra para emprestar estes recursos. Segundo os dados da última nota de política monetária, o spread bancário se encontra em 2,88% ao mês.
Por que, então, o spread é tão alto?
Para entender melhor porque o spread bancário brasileiro é tão elevado é importante entender melhor quais são os seus componentes.
Segundo dados do último estudo elaborado pelo Banco Central acerca da composição do spread bancário brasileiro, cerca de 47% do spread está relacionado à relação de risco e retorno, ou seja, é fruto da soma do retorno exigido pelo banco para emprestar dinheiro e do risco de inadimplência de não receber este dinheiro de volta. Os 53% restantes são compostos de custos tributários e operacionais.
Quando analisado individualmente, os principais custos identificados são o administrativo (26,37%) e os encargos tributários (20,81%), já a inadimplência tem participação semelhante à dos tributos (19,98%) enquanto a margem líquida tem a maior participação (27,56%), segundo o BC.
O que falta para o spread cair?
Estes estudos podem explicar o motivo pelo qual o spread bancário não está acompanhando a redução da taxa básica de juro brasileira de perto, iniciada em setembro de 2005. Apenas para ilustrar o quadro, enquanto a Selic já caiu 4,50 pontos percentuais em 11 meses, desde que a taxa básica começou a cair, a redução no spread foi de apenas 1,4 ponto percentual.
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Uma análise do BC referente à inadimplência, que representa parte significativa do spread, mostra que ela reflete “um ambiente de insegurança, em grande parte gerado por dificuldades de execução de garantias e recuperação de créditos” que acabam fornecendo incentivos ao não pagamento das dívidas.
Diante deste cenário, analistas afirmam que uma redução mais significativa do spread não está associada apenas à redução da taxa básica de juro, mas também ao recuo da inadimplência e aos custos inerentes a este fenômeno, bem como a melhoria da eficiência operacional dos bancos, que levaria à redução de seus custos. Representantes do segmento bancário freqüentemente também solicitam a redução da carga tributária, para que esta possa se traduzir em spreads menores.