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Um ETF (fundo de índice) americano ultrapassou pela primeira vez desde que esses produtos foram lançados, há mais de duas décadas, a casa dos US$ 100 bilhões em patrimônio – e ele investe em ativos de renda fixa, algo que até pouco tempo não era atrativo nos Estados Unidos.
Um aporte de US$ 14 milhões na semana passada elevou os ativos do ETF Vanguard Total Bond Market (BND) para acima de US$ 100 bilhões pela primeira vez, mostram dados compilados pela Bloomberg. O BND captou US$ 15,6 bilhões até aqui neste ano.
O marco combina duas das maiores tendências de 2023: os rendimentos mais elevados dos últimos anos trouxeram mais apelo à renda fixa, enquanto os ETF de custo relativamente baixo e eficientes em termos fiscais roubaram consistentemente participações de mercado dos seus “irmãos”, os fundos mútuos.
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“É provável que uma grande parte dos fluxos venha também de fundos mútuos, como fonte de crescimento”, disse Todd Sohn, estrategista técnico da Strategas Securities, acrescentando que desde o aumento da taxa de juros, em março de 2022, até o mês passado, os fundos mútuos de renda fixa perderam US$ 500 bilhões.
A marca alcançada pelo BND ocorre em meio a um ano turbulento para a renda fixa. A inflação persistente e a campanha do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para a acalmar a inflação desencadearam volatilidade em todas as classes de ativos, fazendo com que os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (os Treasuries) disparassem para máximos de mais de uma década.
A crescente convicção de que o BC atingiu o fim do seu ciclo de aperto desencadeou uma forte recuperação dos títulos no último mês. Ao mesmo tempo, o BND – que cobra 0,03% ao ano de taxa de administração – tem recebido aportes de forma constante ao longo de 2023.
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“Não é surpreendente que quando você oferece 18 mil títulos (de renda fixa) por três pontos-base [de custo], terá captações à prova de crises”, disse Eric Balchunas, analista sênior de ETFs da Bloomberg Intelligence. “Isso é dinheiro que vem faça chuva ou faça sol, porque é um bom negócio.”
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Este ano, os investimentos foram realizados em ETFs de títulos de todos os tipos, à medida que os investidores recalibram continuamente as expectativas tanto para decisões do Fed como para o ritmo da economia, em um contexto de mercado de trabalho ainda forte e de crescimento econômico robusto. O ETF iShares 20+ Year Treasury Bond (TLT), que tem US$ 46 bilhões de patrimônio, foi o maior beneficiário dessa especulação, atraindo quase US$ 23 bilhões em 2023.
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O BND, que acompanha desde títulos do Tesouro ao crédito privado e ativos securitizados, teve um desempenho melhor. O fundo de índice teve um retorno total ade 2,4% até agora em 2023 e não registra saídas mensais desde maio de 2022.
Embora o BND tenha sido o primeiro ETF de títulos a ultrapassar a casa de US$ 100 bilhões, o produto rival da BlackRock, o iShares Core U.S. Aggregate Bond ETF (AGG), está logo atrás. A AGG, que também possui um amplo leque de títulos de dívida e cobra 0,03% anuais de taxa de administração, acumulou cerca de US$ 96 bilhões em ativos no período.
No entanto, a base de clientes provenientes de assessores de investimento e clientes de varejo da Vanguard é conhecida por suas alocações constantes, mesmo em ambientes de mercado difíceis, de acordo com Sohn da Strategas. “A Vanguard é mestre em ‘permanecer investida’, então talvez não seja surpresa que o BND obtenha a marca primeiro, mesmo que a classe de ativos tenha sofrido uma grande queda”, disse Sohn.
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