Será que Warren Buffett perdeu seu “toque de Midas”?

Avaliação da revista The Economist sobre o desempenho recente da Berkshire Hathaway mostra que os últimos anos deixaram a desejar

Monique Lima

Uma foto recortada do presidente da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, dá as boas-vindas aos acionistas para fazer compras no estande do Pampered Chef na assembleia anual de acionistas da Berkshire Hathaway Inc em Omaha, Nebraska, EUA. 3 de maio de 2024. REUTERS/Scott Morgan
Uma foto recortada do presidente da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, dá as boas-vindas aos acionistas para fazer compras no estande do Pampered Chef na assembleia anual de acionistas da Berkshire Hathaway Inc em Omaha, Nebraska, EUA. 3 de maio de 2024. REUTERS/Scott Morgan

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Em 28 de agosto, dois dias antes de completar 94 anos, Warren Buffett recebeu um presente antecipado: a Berkshire Hathaway (BERK34), sua holding de investimentos, alcançou um valor de mercado de US$ 1 trilhão. Embora os acionistas de longa data celebrem o feito, aqueles que investiram recentemente podem ter uma visão diferente sobre a posição, e o motivo é simples: os ganhos diminuíram nos últimos anos.

A empresa de Buffett se tornou a oitava dos Estados Unidos a atingir a marca de US$ 1 trilhão e é a primeira fora do setor de tecnologia. As ações de classe A da Berkshire valem US$ 715 mil, cerca de 55 mil vezes mais do que quando foi fundada, em 1965, segundo a The Economist. Nesse período, o retorno total, incluindo dividendos, do índice S&P 500 aumentou apenas 400 vezes.

Mas quem comprou ações da Berkshire há apenas dez anos não sentiu esse efeito avassalador. A revista inglesa calcula que um investimento de US$ 200 mil na empresa de Buffett teria triplicado o valor nesse período, o mesmo desempenho que uma aplicação no S&P 500 teria. No entanto, o mesmo dinheiro na Apple (AAPL34) — um investimento da holding, inclusive — teria rendido quase US$ 2 milhões.

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O método Buffett — investir em bons negócios e deixar seus gerentes operar — está enfrentando desafios. A The Economist aponta a aquisição de US$ 32 bilhões da Precision Castparts em 2016, que não teve sucesso, e o investimento na Kraft-Heinz, que também não rendeu os frutos esperados.

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Excluindo a Apple, o valor das ações da Berkshire cresceu apenas 50% desde 2019, em contraste com o aumento de 120% do S&P 500. A empresa também enfrenta a concorrência de gigantes da tecnologia, como a Microsoft (MSFT34), que geram lucros três vezes maiores.

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Na análise da revista inglesa, a relutância da Berkshire em apostar em ações de tecnologia e sua estrutura de governança, que não se comunica ativamente com investidores, são preocupações crescentes.

Desde a crise financeira de 2008, o retorno anual da Berkshire foi de 13%, comparado a 15% do S&P 500. Buffett reconheceu em sua última carta aos acionistas que a empresa não tem mais potencial para um desempenho surpreendente.

Com quase US$ 280 bilhões em caixa e sem dívidas, a insistência de Buffett em não pagar dividendos parece questionável. Um pagamento generoso aos acionistas poderia ser um excelente presente de aniversário.