Após a maior emissão de sua história, o mercado de debêntures está prestes a movimentar R$ 16,7 bilhões. Nas próximas semanas, empresas de energia, saneamento, infraestrutura e construção civil farão captações milionárias – e ainda dá tempo de investir.
A maioria das emissões é voltada para os investidores qualificados, aqueles que têm pelo menos R$ 1 milhão investidos. Porém, há duas oportunidades para os investidores em geral.
Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas não financeiras. Para o investidor, é como emprestar dinheiro para uma companhia que quer investir em novos projetos, reforçar caixa ou até pagar dívidas e receber o dinheiro de volta mais tarde com juros. As taxas voltaram a cair após um início de ano turbulento com os pedidos de recuperação judicial de Americanas e Light. Com isso, mais empresas buscam esse tipo de financiamento, que agora está mais barato.
Atualmente, há 16 emissões registradas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aguardando o processo de bookbuilding, que mensura a demanda pelos papéis para definir a remuneração. Juntas, as ofertas têm volume de R$ 16,717 bilhões.
Somente o setor elétrico é responsável por R$ 9,4 bilhões em emissões – 56,7% do total. Seis das 16 ofertas são de empresas do segmento, sendo a maior – de R$ 5 bilhões – da Celse (Centrais Elétricas de Sergipe), uma subsidiária da Eneva (ENEV3).
Em 2023, as ofertas foram lideradas até aqui pela Eletrobras (ELET3;ELET6), com R$ 7 bilhões, a maior da história. Foi seguida por ofertas da Tim (TIMS3) e da Aegea, que captaram R$ 5 bilhões cada.
A elétrica EDP, a IMC – dona das operações do KFC e Pizza Hut – e VLI Multimodal, de logística, disponibilizaram os calendários para as reservas de títulos. Confira:
Emissor | Setor de atuação | Volume (R$ milhões) | Taxa anual máxima | Vencimento | Incentivada? | Exclusiva para qualificados? | Data limite para reserva |
EDP | Energia | 600 | CDI + 1,25% | set/28 | Não | Sim | 04/out |
Internacional Meal Company | Alimentação | 290 | 4,20% | out/28 | Não | Sim | 08/out |
VLI Multimodal | Logística | 1000 | NTNB30 + 0,65% ou IPCA + 5,8% | set/30 | Sim | Sim | 06/out |
Para o investidor em geral
Das próximas ofertas, seis são de debêntures incentivadas, isentas de Imposto de Renda para estimular investimentos em setores estratégicos da economia brasileira. Dessas, duas são voltadas para o investidor em geral.
Elas são do setor de energia e têm volume significativo (R$ 2,6 bilhões). A maior, da Energisa (ENGI11), será feita em até quatro séries, duas para investidor no geral e outras duas para qualificados. As séries abertas têm prazos de sete e dez anos.
A remuneração máxima da primeira série será IPCA + 5,50% ou a remuneração do Tesouro IPCA+ 2030 + 0,45% ao ano, o que for maior. Na segunda série, a taxa máxima é o maior valor entre IPCA + 5,85% e a taxa do Tesouro IPCA+ 2032 + 0,70%.
Já a emissão da Taesa (TAEE11) será dividida em três séries de papéis incentivados. A primeira, com vencimento em 10 anos, terá rentabilidade de 5,87% ao ano, enquanto a segunda pagará 6,06% ao longo de 12 anos e terceira terá taxa de 6,27% em 15 anos.
Para entrar nas ofertas, o investidor precisa registrar a quantidade de papéis que quer comprar nas plataformas de investimentos contratadas para distribuir os títulos.
A disponibilidade das debêntures está sujeita à demanda: se os investidores demandarem mais papéis do que a quantidade ofertada, as empresas precisam restringir o número de títulos por CPF ou CNPJ.
Por enquanto, no entanto, todas as emissões abaixo (incluindo as duas para o investidor comum) ainda estão em fase de roadshow (apresentação a investidores, no jargão do mercado) — portanto, ainda não têm cronograma definido.
Confira a lista das próximas emissões de debêntures:
Emissor | Setor de atuação | Volume (R$ milhões) | Taxa anual máxima | Vencimento | Incentivada? | Exclusiva para qualificados? |
Pampa Transmissão de Energia | Energia | 140 | 6,88% | mar/33 | Sim | Sim |
EDP | Energia | 600 | CDI + 1,25% | set/28 | Não | Sim |
Embasa | Saneamento | 300 | CDI + 2,94% | set/28 | Não | Sim |
Celse | Energia | 5000 | CDI + 1,70 (1ª série) | mar/24 (1ª série) | Não | Sim |
CDI+ 2,50% (2ª série) | set/28 (2ª série) | |||||
CDI + 6,82% (3ª série) | set/30 (3ª série) | |||||
Concessionária Rodovias do Café SPE | Infraestrutura | 350 | CDI + 3,40% | abr/26 | Não | Sim |
Cosan | Agronegócio | 1650 | 16,04% (1º período de capitalização) | jun/30 | Não | Sim |
8,02% (2º período de capitalização) | ||||||
Sequoia | Logística | 400 | 1% ao mês (1ª e 2ª séries) | dez/24 (1ª e 2ª séries) | Não | Sim |
Cury | Construção civil | 150 | CDI + 1,52% | set/28 | Não | Sim |
Energisa | Energia | 1837 | NTNB30 + 0,45% ou IPCA + 5,5% (1ª série) | set/30 (1ª série) | Sim | Não |
NTNB32 + 0,70% ou IPCA + 5,85% (2ª série) | set/33 (2ªsérie) | |||||
CDI + 1,6% (3ª série) | set/28 (3ª série) | |||||
CDI + 1,85% (4ª série) | set/30 (4ª série) | |||||
Internacional Meal Company | Alimentação | 290 | 4,20% | out/28 | Não | Sim |
Taesa | Energia | 800 | NTNB32 + 0,5% ou IPCA + 5,80% (1ª série) | ago/33 (1ª série) | Sim | Não |
NTNB35 + 0,6% ou IPCA + 5,90% (2ª série) | set/35 (2ª série) | |||||
NTNB35 + 0,7% ou IPCA + 6,05% (3ª série) | set/38 (3ª série) | |||||
IHS | Tecnologia | 1200 | CDI + 3,10% | ago/31 | Não | Sim |
Aegea | Saneamento | 1000 | CDI + 3% (1ª série) | set/26 (1ª série) | Não | Sim |
CDI + 3,2% (2ª série) | set/28 (2ª série) | |||||
VLI Multimodal | Logística | 1000 | NTNB30 + 0,65% ou IPCA + 5,8% | set/30 | Sim | Sim |
CCR ViaSul | Infraestrutura | 900 | IPCA + 6,70% | fev/44 | Sim | Sim |
Enauta | Energia | 1100 | NTNB28 + 3,7% ou 8,75% (1ª série) | set/29 (1ª série) | Sim | Sim |
CDI + 4,5% (2ª série) | set/28 (2ª série) | |||||
CDI + 3,75% ou 14,75% (3ª série) | set/29 (3ª série) |
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (CVM)