Sabesp (SBSP3) vai pagar mais dividendos após privatização?

Analistas projetam como pode ficar distribuição da empresa de saneamento após governo abrir mão de controle

Equipe InfoMoney

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Com a privatização da Sabesp (SBSP3) próxima de ser concluída, segundo jornais, investidores voltam alimentar expectativa por maiores distribuições de dividendos. Afinal, com o governo deixando o controle, a empresa poderá passar pagar mais a acionistas?

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Em estratégia similar à adotada nas privatizações de Eletrobras (ELET3) e Copel (CPLE6), porém um acionista de referência na figura da Equatorial (EQTL3), o governo de São Paulo reduzirá sua participação na Sabesp de 50,3% para 18%, abrindo margem para busca de maior eficiência operacional, reduzindo despesas, e possibilitando mais investimentos, algo apontado como muito importantes para os acionistas minoritários.

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Mas os proventos podem subir? Segundo analistas, sim e não: de um lado, o investidor pode sim esperar por retornos maiores em proventos, mas ainda não se sabe quando a remuneração de fato poderá começar.

A avaliação é de que há muito espaço para cortes de custos. A Sabesp registrou margem Ebitda de 54,30% e custo operacional de R$ 10,8 bilhões em 2023, enquanto nas empresas privadas do segmento, os números costumam ser melhores.

O caminho de cortes pode passar por programas de demissão voluntária (PDV) e otimização de despesas com contratos de serviço. “Na Sabesp, o custo médio de cada funcionário é R$ 250 mil, enquanto nas empresas privadas não passa de R$ 100 mil. A companhia tem espaço para reduzir seus gastos pelo menos pela metade”, pontua Luan Alves, head de equity da VG Research.

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A companhia também é vista com potencial de expandir para fora de São Paulo, com a previsão do incremento em R$ 10 bilhões do compromisso atual de R$ 56 bilhões em investimentos para a universalização de serviços de água e esgoto até 2029, antecipando o calendário previsto pelo Marco de Saneamento, que estipula levar água potável a 99% da população e tratamento de esgoto a 90% das pessoas até dezembro de 2033.

De quanto podem ser os dividendos?

Embora o setor de saneamento seja conhecido por ser defensivo, muito focado na remuneração dos acionistas, analistas destacam que, por conta dos investimentos necessários, a Sabesp não deve se tornar uma grande pagadora de dividendos após a privatização — ao menos não no curto prazo.

A nova política de dividendos da Sabesp, que deve entrar em vigor a partir de 2026, prevê distribuir até 100% do lucro, desde que cumpra as metas de universalização definidas pelo marco do saneamento.

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Em um primeiro momento, o consenso é de que o payout (parcela do lucro destinada a proventos) da Sabesp deva se manter próximo do mínimo regulatório de 25%.

“Mesmo privatizada, eu não esperaria dividendos bons em 2024 e nem em 2025. A partir de 2026, a Sabesp já terá um ganho de eficiência e reestruturação da empresa, podendo aumentar um pouco a distribuição de proventos”, cita Alves, da VG Research, que aposta em remuneração entre 2% e 3% de dividend yield ao ano.

Flávio Conde, head de renda variável da Levante, é mais pessimista com dividendos no curto prazo pela alta necessidade de investimentos da Sabesp e consolidação do setor de saneamento, com eventuais aquisições, antes de entrar em nova fase de distribuição de proventos.

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“Pensar em Sabesp com foco em dividendos nesse momento é um erro. Dividendos não estão entre os objetivos por pelo menos os próximos cinco anos”, avalia o profissional. “Enquanto isso, Sabesp deve estar naquela parte da carteira de crescimento”.

No entanto, quanto maior é o horizonte de análise, mais consensual é a avaliação de que, no futuro, a companhia deverá virar uma boa pagadora de proventos.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, ressalta que, ao longo do tempo, a tendência é que o investidor colha os frutos dos ganhos de eficiência. “No longo prazo, a companhia tende a pagar mais dividendos. A Sabesp será uma empresa mais enxuta, operando em ótimo patamar e vai conseguir fazer uma distribuição maior”, avalia.

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Já Conde ressalta que, findado o período mais intenso de trabalhos para alcançar a universalização da água tratada, “os investimentos vão despencar e ela vai pagar como uma Telefônica, distribuindo de 90% a 100% dos lucros”.