Brasil está no caminho errado, mas o dólar nem tanto, dizem gestores

Alfredo Menezes, da Armor Capital, e Fabio Okumura, da Gauss Capital, se surpreendem pelo fato das despesas terem subido já no início do governo

Augusto Diniz

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Atribui-se parte do momento negativo da bolsa à desconfiança do mercado com relação ao ajuste fiscal do governo federal. Mas se pensarmos que o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou com altos gastos, não há muito o que se esperar nesse aspecto daqui para a frente por conta da eleição de 2026.

A avaliação é de Alfredo Menezes, fundador e CEO da Armor Capital, e Fabio Okumura, sócio-fundador e CIO da Gauss Capital, que participaram do episódio 261 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter. Para eles, o momento é bastante delicado.

Não por acaso, dizem os especialistas, o Brasil está no caminho errado, mas o dólar nem tanto. Para o gestor da Armor Capital, o dólar pode ir a R$ 6,40. “Não são os juros nem a bolsa que preocupam o governo, mas o dólar”, diz ele, acrescentando que isso pressiona a inflação corrente.

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Dívida pública cresce

Para Alfredo Menezes, o principal motor hoje é o fiscal. Segundo o gestor da Armor, foram observadas algumas arrecadações pontuais do governo federal, com a criação de tributações de fundos exclusivos e de offshores, mas elas devem diminuir com o tempo.

“A parte externa está bem tranquila. Nosso passivo externo líquido quase não existe. A minha preocupação maior é realmente com o risco que o mercado está sofrendo”, aponta Menezes, acrescentando que a dívida pública vem crescendo exponencialmente.

“Se o fiscal continuar se deteriorando, teremos riscos (fiscais). E a ponta mais frágil são os juros pré-fixados. ”

Alfredo Menezes, que tem 40 anos de experiência no mercado financeiro e já foi tesoureiro de banco, diz se surpreender com o fato de o governo Lula promover altos gastos já desde o início do mandato, quando muitos governantes fazem isso nos últimos anos de mandato.

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De olho em 2026

“Fico pensando nas probabilidades olhando para 2026. O país vai aumentar o gasto e isso é inegável. Em qualquer país do mundo, que tenha eleição, o presidente de qualquer ideologia faz isso”, diz Fabio Okumura, que também já foi tesoureiro de banco.

“O fiscal, sem dúvida, é muito preocupante. O que mais me deixa frustrado é que, quando se olha o mundo lá fora, tem o Fed (Federal Reserve) começando a cortar os juros e a gente está na contramão.”

Okumura diz não entender a estratégia eleitoral do presidente Lula. “Essa questão do Vale Gás, a isenção do Imposto de Renda aos assalariados. Nem é a hora de se discutir isso, mesmo que ele queira”, ressalta.

Por outro lado, ele mantém “alguma esperança” na equipe econômica do governo. “Mas o grande medo é 2026”, diz.

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O gestor da Gauss tem expectativa de que a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s seja um motivo para que o presidente Lula busque o grau de investimento e, dessa forma, faça o ajuste fiscal necessário. “Pode ser um mote na eleição (para o Lula)”, afirma.