Resgates em nova crise são menores do que no pós-FTX, diz CEO da Binance

Após a quebra da FTX, antiga rival da empresa, usuários da Binance sacararam US$ 2,6 bilhões

Lucas Gabriel Marins

Changpeng "CZ" Zhao, CEO da Binance (Benjamin Girette/Bloomberg)
Changpeng "CZ" Zhao, CEO da Binance (Benjamin Girette/Bloomberg)

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A corrida de saques na Binance no início da semana, fruto de nova crise gerada pelo embate jurídico entre a exchange e o regulador de derivativos dos Estados Unidos, é menor do que aquela vista após a queda da FTX, em novembro, e a interrupção da emissão da stablecoin da exchange, a Binance USD (BUSD), em fevereiro, disse na quarta-feira (29) o CEO Changpeng “CZ” Zhao.

“A Binance lida com bilhões de depósitos e saques diariamente. Vimos um pouco de saída líquida ontem, menor que os dias do ‘BUSD’ ou da ‘FTX’ ”, escreveu Changpeng Zhao, via Twitter.

Na segunda-feira (27), a corretora cripto registrou cerca de US$ 400 milhões em resgates líquidos em um dia. Dois dias depois, outros US$ 600 milhões foram sacados. A plataforma Kaiko também divulgou que o volume de negociações à vista da Binance recuou de 65% para 58,8%.

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A queda se deve tanto aos problemas jurídicos quanto ao enceramento de promoção de taxa zero para trades na plataforma, que acabou levando parte dos usuários da empresa para as rivais Coinbase e OKX.

Dados da empresa de análise de blockchain Nansen mostram que o saldo atual da corretora, conforme dados públicos auditáveis, é de quase US$ 65 bilhões. Pouco mais de 80% do montante é composto pelas criptos Tether (USDT), Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Binance USD (BUSD) e Binance Coin (BNB).

Apesar do movimento de saídas, conforme apontou CZ, as retiradas foram menores do que as registradas em meio a outros episódios críticos para a exchange e para o mercado cripto. Em novembro do ano passado, após a quebra da exchange FTX, usuários da Binance sacaram US$ 2,6 bilhões da plataforma. No início deste mês, alguns dias após a Paxos parar de emitir a stablecoin da Binance por pressão regulatória, os usuários resgataram US$ 6 bi da exchange.

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Binance x reguladores

No início desta semana, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), agência reguladora que supervisiona o mercado de derivativos nos Estados Unidos, anunciou que processou a Binance por suposta atuação irregular no mercado de derivativos.

De acordo com a agência, a Binance supostamente instruiu clientes a burlarem sua localização por meio de VPN (rede privada que ocultar o local) para ter acesso aos serviços não permitidos no país.

Em nota divulgada à imprensa, a exchange cripto disse que a investida da CFTC é “inesperada e decepcionante”. Falou, no entanto, que vai colaborar com as autoridades e proteger os usuários.

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No Brasil, a exchange também voltou a virar alvo da CVM, que acusa o negócio de prática irregular no mercado de capitais. Em nota ao InfoMoney, a Binance disse que não oferece derivativos no país, que atua em conformidade com o cenário regulatório local e mantém permanente diálogo com as autoridades.