Rentabilidade de CDBs de inflação avança e chega a 8,65%, com revisões para cima do IPCA

Taxas levantadas pela Quantum Finance refletem perspectiva de que índice encerre 2023 em 5,20%, segundo último Focus

Bruna Furlani

(Getty Images)
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Na esteira de novas revisões para cima das estimativas para a inflação do ano que vem, as taxas oferecidas por Certificados de Depósito Bancário (CDBs), com retorno atrelado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também avançaram.

Exemplo disso é que a rentabilidade real máxima oferecida por CDBs indexados à inflação chegou a 8,65% entre os dias 4 e 18 de julho. O percentual é maior do que 7,52% vistos 15 dias antes e não inclui a dedução no Imposto de Renda (IR).

Os números fazem parte de levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney.

Segundo a pesquisa, o CDB em questão era emitido pelo Banco BTG Pactual, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA, segundo a Fitch Ratings. O papel apresentava vencimento em 12 meses.

Retornos de CDBs atrelados à inflação, com prazo de 24 meses, também subiram na última quinzena, saltando de 6,22% para 8,41%. Por outro lado, papéis com vencimento a partir de 36 meses, registraram recuo dos retornos, de 7,05% para 6,28% agora.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 04/07 a 18/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
12 100% IPCA 7,45% 7,99% 8,65% BANCO BTG PACTUAL
24 100% IPCA 6,45% 7,01% 8,41% BANCO BMG
36+ 100% IPCA 5,75% 6,01% 6,28% BANCO BTG PACTUAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

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Dados apresentados nesta segunda-feira (18) pelo Relatório Focus, do Banco Central, apontaram que a mediana das projeções para a inflação oficial de 2023 avançou para 5,20%, ante os 5,09% previstos na semana anterior.

Na leitura de agentes financeiros, a inflação do próximo ano deve ser maior do que era esperado no início do ano, com o fim de projetos de lei, como a PEC dos Combustíveis, que impulsionaram a queda nos preços dos combustíveis a partir do mês passado.

A razão é que o texto aprovado semanas atrás pelo Congresso possui validade até o fim deste ano. A medida definiu que combustíveis — assim como energia, transportes coletivos, gás natural e comunicações — são bens essenciais e indispensáveis. Com isso, os governos estaduais não podem cobrar o ICMS sobre estes itens acima do teto estabelecido pelo texto, de 17% a 18%, além de outros impostos.

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CDBs atrelados ao CDI

Avanço também nas taxas oferecidas por alguns CDBs, com remuneração atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Na última quinzena, o juro bruto máximo entregue por papéis do tipo alcançou 118% do CDI, contra 117% do CDI vistos 15 dias antes.

O papel com a maior remuneração era um título oferecido pela BRK Financeira, que possui rating AA-, segundo a Moody’s na escala nacional em termos corporativos. O vencimento estipulado pelo CDB era em 24 meses.

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Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 04/07 a 18/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
3 DI 97,50% 100,85% 104,75% BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 100,45% 105,25% BANCO BTG PACTUAL
12 DI 90,00% 99,44% 109,20% BR PARTNERS BANCO INVESTIMENTO
24 DI 98,00% 100,37% 118,00% BRK FINANCEIRA
36+ DI 96,00% 101,92% 103,50% BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

A alta nas estimativas para a Selic também levou a uma nova rodada de elevação nos retornos de papéis prefixados, com exceção do título com vencimento em 12 meses.

No caso dos CDBs com prazo de três meses, por exemplo, a remuneração máxima saltou de 13,75% para 13,91% no levantamento de agora. O título em questão era oferecido pelo Banco Daycoval, que possui rating nacional de longo prazo AA, ou seja, com boa qualidade de crédito.

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Já no caso do papel com vencimento em 12 meses, houve um recuo nos retornos que passaram de 15,50% para 14,80% na última quinzena.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 04/07 a 18/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,42% 13,67% 13,91% BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,69% 14,01% 14,18% BANCO BTG PACTUAL
12 PREFIXADO 13,95% 14,33% 14,80% BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 13,72% 13,84% 13,95% BANCO DAYCOVAL
36+ PREFIXADO 13,00% 13,76% 14,17% BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs com até 220% do CDI

Embora o levantamento não tenha sido capaz de monitorar ofertas exclusivas feitas por algumas corretoras com foco em atrair clientes, ao analisar as plataformas de diversas corretoras, o InfoMoney encontrou também opções de CDBs com vencimento em três meses que ofereciam até 220% do CDI.

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A primeira era uma promoção da Genial, com um CDB do próprio banco com rendimento de 220% do CDI e liquidez diária. Para adquirir o produto, no entanto, era preciso respeitar algumas condições: ser cliente novo; realizar aporte mínimo de R$ 10 e máximo de R$ 5 mil; e realizar apenas uma única aplicação no CDB. A oferta não possui data para expirar, de acordo com a Genial.

Já a segunda e a terceira ofertas eram da XP Investimentos e da Rico Investimentos. Nos dois casos, o retorno bruto chegava a 200% do CDI e o investidor precisava alocar, no mínimo, R$ 100 e no máximo R$ 5 mil por CPF. Também há liquidez diária. O emissor em questão era o Banco XP. A oferta, no entanto, só é válida para clientes que não fizeram nenhum investimento na plataforma da XP ou da Rico até 30 de junho, ou para novos clientes. A promoção segue até 3 de agosto.

Uni, duni, tê: escolhendo o indexador

Diante de novas revisões para cima nas projeções para a Selic e para a inflação deste ano, o melhor a fazer neste momento é diversificar os indexadores, na avaliação de Gustavo Henrique Penha, planejador financeiro CFP.

O alocador explica que a vantagem dos ativos atrelados à inflação é que eles oferecem retornos acima da alta de preços e conseguem manter o poder de compra do investidor.

Da mesma forma, ativos atrelados ao CDI podem ser bons trunfos em um cenário de alta da Selic, porque possuem a remuneração indexada a uma taxa que caminha de forma bem próxima da taxa básica de juros.

CDBs prefixados também entram na lista de recomendações, segundo Penha. O único detalhe é que, se os juros subirem além do que o mercado imaginava a princípio, o rendimento do prefixado corre o risco de ficar defasado. Ou seja, menor do que a Selic.

Portanto, é preciso atenção com a remuneração, já que o investidor “trava” a taxa na hora que adquire o papel.

Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, e Pietro Consolaro, analista de renda fixa da casa, também não descartam totalmente o investimento em papéis prefixados. Porém, em documento enviado a clientes, ambos alertam que a alocação deve seguir baixa, por enquanto, mesmo com o recorde recente registrado por alguns papéis.

Nas estimativas da corretora, a Selic deve encerrar este ano em 13,75% e terminar 2023 em 9,25%. Para a inflação deste ano, as projeções estão em 7%, e de 5% no ano que vem.

Radar focado na Europa

Após uma semana marcada pelo movimento generalizado de aversão a risco no mercado internacional, os mercados passam por dia de alívio nesta segunda-feira (18).

Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG, afirma que a mudança de humor dos agentes financeiros é reflexo de declarações feitas por membros do Federal Reserve (Fed), banco central americano, de que a instituição não deve aumentar os juros em 100 pontos-base (1 ponto percentual) na reunião deste mês.

“O movimento de alívio começou na sexta-feira e hoje está se propagando. O dólar perde força e a Bolsa está subindo”, destaca o economista. “Os juros abrem um pouco, mas seguindo a alta das commodities. China também não parece fazer preço, por mais que represente um risco para baixo”, acrescenta.

Na semana passada, o diretor Christopher Waller e James Bullard, presidente da distrital de St. Louis do Fed, afirmaram que o padrão de uma elevação de 75 pontos-base (0,75 ponto percentual) deveria ser mantido neste mês. Ambos são considerados da ala mais hawkish (inclinada ao aperto monetário) da autoridade monetária.

Na sequência, diz Fenolio, o Fed deve deixar em aberto o quanto deve subir os juros ou já sinalizar uma alta de 75 pontos-base para setembro.

Atenção também para a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que será anunciada na quinta-feira (21).

“O foco maior estará em saber se ele [BCE] vai sinalizar que deve elevar os juros em 50 bps [0,50 ponto percentual], ou se vai abrir a possibilidade para ajuste maior de 75 bps [0,75 ponto percentual] em setembro”, afirma o especialista da WHG, já que a expectativa para a reunião desta quinta-feira (21) é de um ajuste 0,25 ponto percentual.

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A quinta-feira também será decisiva para os europeus por outro motivo: é quando deve ser concluída a manutenção do gasoduto Nord Stream 1. Há dúvidas se a Rússia retomará o fornecimento de gás após a parada técnica, já que o país tem sofrido com uma série de sanções desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro.

Com o foco maior no exterior, o Brasil deve ficar em segundo plano nesta semana. Segundo Fenolio, a grande questão que o mercado está olhando agora é para a possibilidade de que o Banco Central atrase o ciclo de cortes no ano que vem, ou até mesmo volte a subir os juros em 2023, caso seja necessário.

O profissional explica que a promulgação da PEC dos Auxílios na semana passada, com gastos estimados em mais de R$ 41 bilhões acima do teto de gastos, pode alimentar a demanda doméstica e consequentemente, dificultar a tarefa do Banco Central no controle de preços no horizonte relevante.