Renda mensal com CDB, LCA e LCI: papéis ganham tração e ajudam a complementar salário; veja 8 opções

Dentre os produtos, há opções pós e prefixadas; especialistas sugerem aplicação para investidor que tem destino certo para o dinheiro

Bruna Furlani

Fonte: Pixabay
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A prateleira da renda fixa ganhou peso e tração com a escalada rápida dos juros da mínima histórica de 2% ao ano para os atuais 13,75% ao ano. Nesse meio tempo, cresceram também as ofertas de produtos como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliário (LCIs), além de Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que oferecem retornos mensais – como uma espécie de renda que “pinga” todo mês na conta do investidor.

As taxas também ficaram mais atrativas: há hoje opções pós-fixadas que entregam juros de 93% a 100% do CDI, prefixadas com remuneração a partir de 14,80% ao ano e até mesmo produtos atrelados à inflação, com rentabilidades que chegam a 4,46% ao ano mais a variação do IPCA, segundo informações coletadas em corretoras até a última quinta-feira (13).

Em meio a uma variedade mais ampla de produtos, a avaliação de especialistas ouvidos pelo InfoMoney é de que títulos de renda fixa com retorno mensal podem valer a pena para investidores que estão de olho em receber uma renda mensal, seja para compor salário ou para garantir um fluxo extra.

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“É uma forma mais fácil de organizar os investimentos. Os títulos públicos, por exemplo, pagam juros só semestralmente”, observa Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, ressaltando que a alocação pode ser uma estratégia para investir além do Tesouro Direto. Atualmente, quatro títulos públicos oferecem juros semestrais: Tesouro Prefixado 2033 e Tesouro IPCA+ 2032, 2040 e 2055.

A especialista, no entanto, ressalta que é importante que o investidor tenha um destino certo para o dinheiro. Senão, é melhor priorizar aplicações que não entregam cupons a cada mês. “Quando tem fluxo mensal, há o risco do reinvestimento, de não achar produtos com retorno semelhante, deixar o dinheiro parado ou até gastar”, lembra Marília.

Isso sem contar que, ao adquirir produtos com retorno mensal, o investidor tende a abrir mão de parte da rentabilidade, acrescenta Patrícia Palomo, head de investimentos a Unicred do Brasil.

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A razão é simples: o prazo médio de vencimento de um investimento que oferece juros mensais diminui porque há uma antecipação de parte do rendimento. Nesse caso, quanto menor o prazo do investimento, menor tende a ser a taxa de remuneração do investimento, porque o investidor antecipa um fluxo que só viria mais para frente, alerta Patrícia.

Leia mais:
Retorno de CDBs recua após eleições; papéis de inflação pagam até 9,04% e taxa de prefixados vai a 14,50%

De olho nas prateleiras

Ainda que haja alguns cuidados antes de investir, quem estiver disposto a alocar montantes mais elevados para receber uma renda mensal, pode encontrar opções com isenção de Imposto de Renda, caso de LCIs e LCAs, ou sem a isenção, como CDBs.

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Em uma ronda por plataformas de investimentos, o InfoMoney encontrou dez ofertas de produtos de renda fixa, desde títulos com retornos pós-fixados atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa), a prefixados e atrelados à inflação.

No levantamento, o menor valor mínimo de aplicação encontrado foi de R$ 50, enquanto o montante mais elevado foi de R$ 30 mil. Os vencimentos, por sua vez, ficaram concentrados entre três e oito anos.

A maior parte dos produtos são títulos com isenção tributária. A reportagem selecionou oito aplicações que apresentavam as maiores rentabilidades para os prazos disponíveis. Confira:

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Produtos de renda fixa mensal com taxa mais alta

Tipo de investimento Valor mínimo de aplicação Taxa oferecida Vencimento Emissor Plataforma 
CDB pós-fixado CDI + 2,50% R$ 1.000 CDI + 2,50% 8 anos Banco Master XP
CDB prefixado 14,80% R$ 1.000 14,80% 8 anos Banco Master XP
LCA 93% do CDI R$ 1.000 93% do CDI 12 meses BTG Pactual BTG Pactual
LCA prefixada 10,96% R$ 1.000 10,96% 12 meses BTG Pactual BTG Pactual
LCA prefixada 10,77% R$ 1.000 10,77% 24 meses BTG Pactual BTG Pactual
LCA prefixada 10,45% R$ 1.000 10,45% 36 meses BTG Pactual BTG Pactual
LCI 100% do CDI R$ 30.000 100% do CDI 36 meses Banco Bari Banco Bari
LCI IPCA + 4,46% R$ 50 IPCA + 4,46% 36 meses Banco Inter Banco Inter

Obs: As informações têm como referência os valores na última quinta-feira (13/10) nas plataformas da XP, BTG Pactual e Inter. No caso da LCI do Banco Inter, a taxa oferecida pode variar, a depender do valor aplicado pelo investidor.

O aumento no número de aplicações com foco em renda mensal não é à toa: a demanda por títulos com essa opção cresceu. A XP, por exemplo, é uma das casas que aproveitou a forte procura por produtos do tipo para lançar dois CDBs do Banco Master recentemente: um prefixado e outro pós-fixado atrelado ao CDI acrescido de um spread (juros adicionais).

“Temos muita demanda de escritórios e de assessores por produtos assim. São clientes mais conservadores, que têm preferência de renda e que não precisam do dinheiro no curto prazo. Clientes com perfil mais moderado costumam ter opções mais rentáveis e que pagam juros mensais”, avalia Lucas Castro, head de distribuição renda fixa varejo da XP.

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Outra casa que lançou recentemente um produto focado em renda mensal é o Banco Bari. Na ocasião, Evaldo Perussolo, CIO da instituição, destacou que esse tipo de investimento poderia ser uma opção interessante para aposentados que desejam complementar o orçamento do mês, além de pessoas mais jovens que preferem não esperar para obter os juros de uma aplicação apenas no vencimento.

@infomoney

Com a alta de juros no Brasil ao longo de 2022, #investimentos da renda fixa passaram a ser uma opção de #RendaExtra a investidores mais conservadores. Veja no vídeo quais tipo de aplicações oferecem rendimentos mensais e descubra como aplicar neles 👆 #TikTokNotícias #mercadofinanceiro #rendafixa #finançaspessoais #CDB #LCI #LCA

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Atenção aos riscos

Ao adquirir um produto como esse, o primeiro detalhe que o investidor deve prestar atenção é o risco de crédito da instituição. Marília, da Nord, lembra que bancos que oferecem uma taxa mais elevada tendem a oferecer maior risco e a estar com os balanços em uma situação menos favorável.

Na visão da especialista, é um ponto a considerar no caso do Banco Bari. “Tomaria cuidado na hora de entrar. O lucro do Banco Bari no último trimestre de 2021 foi negativo. Mesmo com o FGC, você vai para fila [dos pagamentos, se tiver algum problema]. O dinheiro também fica sem render durante esse período”, diz Marília. “É importante fazer uma boa análise de crédito do banco, verificar se ele está alavancado”.

O FGC é o Fundo Garantidor de Crédito, que protege investidores que aplicam em CDBs, LCAs e LCIs. Na prática, o fundo devolve até R$ 250 mil por investidor (CPF) e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão renovado a quatro anos, em caso de problemas na instituição, como uma intervenção do Banco Central.

Estar atento ao prazo do investimento e ao risco do indexador também é fundamental, na visão de Patrícia, da Unicred. Se optar por títulos prefixados, por exemplo, a especialista aconselha que o investidor busque papéis com vencimento mais curto, entre um e dois anos.

Patrícia alerta que não é possível descartar que haja alguma mudança de curso mais forte nos próximos anos em termos de juros e de inflação. Logo, é preciso cuidado para não ficar muito tempo preso a uma taxa, que pode ficar defasada em breve.

Ainda que o Banco Central tenha sinalizado a manutenção do patamar de juros em 13,75% ao ano e o movimento global tenda a ser deflacionário com a alta dos juros, a alocadora da Unicred destaca que há incertezas no radar, como questões relacionadas à energia e ao fornecimento de alimentos no mundo.

Por essa razão, ela afirma que o melhor é optar por um equilíbrio dos indexadores, a depender do objetivo do investidor. Além de papéis prefixados, títulos atrelados à inflação e ao CDI devem ajudar a compor uma boa carteira.

Marília, da Nord, também defende a diversificação. Ao selecionar, a alocadora sugere que o investidor prefira títulos atrelados ao CDI para prazos mais curtos e papéis indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para prazos mais longos.

Estimativas de economistas ouvidos pelo Banco Central no boletim Focus divulgado nesta semana apontam que o IPCA deve encerrar este ano em 5,62% – na 16ª semana consecutiva de queda. Para os próximos anos, as projeções estão em 4,97% em 2023, 3,43% em 2024 e 3% em 2025.

Enquanto isso, as expectativas para a Selic se mantiveram em 13,75% neste ano, 11,25% em 2023, e 8,00% e 7,75% em 2024 e 2025, respectivamente, segundo o Focus apresentado nesta segunda-feira (17).

Leia mais:
Boletim Focus: expectativa de inflação para 2022 mantém tendência de queda e a do PIB continua em alta

CDBs x LCAs x LCIs

Além de verificar o indexador mais adequado para o perfil do investidor, outro ponto de atenção está no tipo de papel: CDB, LCA, ou LCI. Como o primeiro produto não possui isenção tributária, isso significa que, mensalmente, o investidor terá uma parcela do investimento que será “abocanhada” pelo Imposto de Renda. O mesmo não ocorre com LCIs e LCAs, que possuem a isenção para pessoas físicas.

Embora o ideal seja descontar o Imposto de Renda do cálculo ao confrontar o retorno dos CDBs com o de LCAs e LCIs, a comparação não é tão simples no caso de produtos com juros mensais, observa Marília, da Nord.

A explicação está na chamada duration, ou seja, o prazo médio ponderado de recebimentos de fluxos de um título. Como as ofertas envolvem títulos que oferecem retornos mensais, o prazo do título acaba sendo menor do que aquele encontrado na lâmina do investimento.

Por exemplo, o CDB emitido pelo Banco Master possui vencimento em oito anos. Porém, como ele oferece pagamento mensal de juros, a duration no fim é de cinco anos. Ao adiantar o fluxo de pagamento de juros, é como se o prazo do investimento diminuísse, na prática.

Nesse caso, não é possível fazer uma comparação direta entre CDBs e LCAs com retorno mensal, observa Patrícia, da Unicred. “São duas coisas distintas. O ideal é procurar ativos com mesmo prazo e mesma duration“, completa.

Quanto rende na prática?

Para entender quais são as melhores opções entre os investimentos com renda mensal, Michael Viriato, estrategista-chefe da Casa do Investidor, simulou para o InfoMoney qual seria o retorno obtido em outubro por um investidor que tivesse aplicado R$ 100 mil nos produtos encontrados pela reportagem.

É necessário ponderar, porém, que retornos atrelados ao CDI e à inflação podem variar nos próximos meses, a depender do que ocorrer com a taxa básica de juros e com as projeções para o IPCA.

Para o cálculo, Viriato considerou um CDI de 13,65% ao ano. Já para a inflação, o especialista utilizou o valor projetado para o IPCA nos próximos 12 meses. As informações têm como base dados disponíveis na plataforma da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Nesse caso, o investimento que entrega o maior retorno é uma LCI do Banco Bari, que oferece 100% do CDI. Se tivesse aplicado R$ 100 mil, a pessoa receberia R$ 1.072 em outubro.

Já no CDB pós-fixado da XP, o rendimento seria de pouco mais de R$ 992,07 em outubro, descontado o IR. Ao mesmo tempo, se tivesse optado por aplicar em uma LCA que oferecesse 93% do CDI do BTG, o investidor teria recebido uma remuneração de R$ 1.011.

Retorno previsto para um mês (outubro de 2022) em CDBs, LCIs e LCAs com pagamento mensal de rendimento

Tipo de investimento  Valor aplicado Taxa anula bruta Taxa mensal bruta Valor mensal bruto Valor mensal descontado de IR
CDB pós-fixado CDI + 2,50% R$ 100.000 16,49% 1,28% R$ 1.280 R$ 992,07
CDB prefixado 14,80% R$ 100.000 14,80% 1,16% R$ 1.157 R$ 896,53
LCA 93% do CDI R$ 100.000 12,83% 1,01% R$ 1.011 R$ 1.011
LCA prefixada 10,96% R$ 100.000 10,96% 0,87% R$ 870 R$ 870
LCA prefixada 10,77% R$ 100.000 10,77% 0,86% R$ 856 R$ 856
LCA prefixada 10,45% R$ 100.000 10,45% 0,83% R$ 832 R$ 832
LCI 100% do CDI R$ 100.000 13,65% 1,07% R$ 1.072 R$ 1.072
LCI IPCA + 4,46% R$ 100.000 9,68% 0,77% R$ 773 R$ 773

Fonte: Michael Viriato, estrategista-chefe da Casa do Investidor. As informações têm como referência os valores disponíveis na última quinta-feira (13/10) nas plataformas da XP, BTG Pactual e Inter. As simulações levam em conta o retorno em 21 dias úteis. Foi considerado uma taxa do CDI de 13,65% ao ano. 

A título de curiosidade: se o investimento tivesse sido de R$ 1.000, o investidor ganharia no máximo até R$ 10,11 por mês, segundo a simulação de Viriato. Isso porque a LCI emitida pelo Banco Bari possui investimento mínimo de R$ 30 mil e não poderia ser considerada.

Retorno previsto para um mês (outubro de 2022) em CDBs, LCIs e LCAs com pagamento mensal de rendimento

Tipo de investimento  Valor aplicado Taxa bruta Taxa mensal bruta Valor mensal bruto Valor mensal descontado de IR
CDB pós-fixado CDI + 2,50% R$ 1.000 16,49% 1,28% R$ 13 R$ 9,92
CDB prefixado 14,80% R$ 1.000 14,80% 1,16% R$ 12 R$ 8,97
LCA 93% do CDI R$ 1.000 12,83% 1,01% R$ 10 R$ 10,11
LCA prefixada 10,96% R$ 1.000 10,96% 0,87% R$ 9 R$ 8,70
LCA prefixada 10,77% R$ 1.000 10,77% 0,86% R$ 9 R$ 8,56
LCA prefixada 10,45% R$ 1.000 10,45% 0,83% R$ 8 R$ 8,32
LCI IPCA + 4,46% R$ 1.000 9,68% 0,77% R$ 8 R$ 7,73

Fonte: Michael Viriato, estrategista-chefe da Casa do Investidor. As informações têm como referência os valores disponíveis na última quinta-feira (13/10) nas plataformas da XP, BTG Pactual e Inter. As simulações levam em conta o retorno em 21 dias úteis. Foi considerado uma taxa do CDI de 13,65% ao ano.

Nesse caso, é possível perceber que o investimento em produtos com renda mensal pode ser interessante para quem estiver disposto a alocar valores maiores. Por outro lado, caso não possa aplicar quantias elevadas, o ideal é buscar outras opções que não oferecem rendimento mensal e que costumam ter valores de aplicação mais baixos, ainda que não entreguem uma renda extra.

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