Renda fixa privada isenta de IR está atrativa mesmo pagando menos, diz Santander

Banco fez um balanço do mercado de renda fixa privada após mudanças do CMN nas regras de CRIs e CRAs

Leonardo Guimarães

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As recentes alterações nas emissões de CRIs e CRAs derrubaram as taxas no mercado de crédito privado incentivado, como previram analistas. Mas a boa notícia é que esses papéis – e as debêntures incentivadas – seguem oferecendo boa remuneração aos investidores, mesmo após a queda, segundo o Santander. Em relatório, o banco disse que “a alocação em crédito privado ainda se demonstra bem interessante e com boa relação entre risco e retorno”. 

A conclusão vem 50 dias após a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) ajustar regras para emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), do Agronegócio (CRAs) e letras financeiras. Com isso, muitas empresas que emitiam CRIs e CRAs não conseguem mais tomar dívida com esses instrumentos. Logo após a resolução, a gestora Empírica calculava que 80% dos CRIs em circulação eram de empresas que não conseguiriam usar o mesmo tipo de lastro em novas emissões. 

Após a mudança de regra, houve forte procura por papéis isentos no mercado secundário, o que derrubou as taxas. Mas o Santander lembra que, mesmo após fechamento, os spreads (diferença entre remuneração de títulos públicos e crédito privado) seguem acima dos níveis vistos em 2021 e “boa parte de 2022”. 

O gráfico abaixo mostra como os spreads do crédito privado isento – composto por debêntures incentivadas, CRIs e CRAs – despencaram neste início de ano, mas, ainda assim, seguem acima da linha dos 0,5%. 

Fonte: Santander / Data base: 23/fev

Outro gráfico mostra a comparação dos spreads com as taxas de títulos do Tesouro IPCA+ com duration (velocidade de retorno do capital investido) de cinco anos. Em cinza, o consolidado da soma das NTN-Bs com o spread de crédito. A resiliência das taxas dos títulos públicos vem contribuindo para uma rentabilidade atraente no crédito privado. 

Fonte: Santander / Data base: 23/fev

Os dados levantados mostram rendimento de IPCA + 5,67% no crédito privado, mas com um diferencial: essa taxa é isenta de Imposto de Renda. Segundo o Santander, a remuneração seria o equivalente a 120% do CDI nos próximos cinco anos, seguindo as projeções do mercado para inflação e juros. 

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Segundo o Santander, as taxas são boas tanto para quem pensa em carregar os títulos até o vencimento, como para quem precisa (ou quer) vender os ativos antes. “Há boas perspectivas para que os juros reais brasileiros fechem ao longo do ano”, diz o relatório.