É possível que você já tenha ouvido falar que investir na poupança não é exatamente um bom negócio, certamente não o melhor negócio que se pode fazer. Com rentabilidade baixa, a aplicação tem perdido da inflação e, portanto, leva o poupador a uma perda do poder de compra do dinheiro no médio e no longo prazo.
Ao se deparar com essa conclusão, é possível que um investidor novato se assuste ao pesquisar sobre o tema pela primeira vez. Afinal, são muitos tipos de aplicações, com diferentes características de risco, prazo e rentabilidade.
A boa notícia é que é possível categorizar essas aplicações por alguns critérios, que facilitam o entendimento e a escolha das melhores opções para cada investidor.
Uma das divisões mais comuns quando o assunto são os investimentos é a separação entre o que se considera como uma aplicação de renda fixa e o que é um investimento em ativos de renda variável.
A principal diferença entre “renda fixa” e “renda variável” diz respeito à previsibilidade do investimento.
Os ativos de renda fixa têm critérios de rentabilidade e prazo definidos no momento da aplicação, o que não ocorre com a renda variável. Por outro lado, a renda variável não ser previsível é justamente um dos seus atrativos, diante da possibilidade de ganhos ainda maiores que cresce junto com o risco.
Indeciso sobre qual é o melhor caminho? A boa notícia é que você não precisa escolher entre os dois. Renda fixa e variável andam lado a lado, em proporções que vão variar de acordo com o perfil do investidor, seus objetivos e tolerância a riscos, podendo inclusive mudar ao longo da vida.
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Ainda está confuso? Abaixo nós esclarecemos algumas das principais dúvidas sobre o tema.
O que é e como funciona a renda fixa
O primeiro segredo é que o termo “renda fixa” pode te confundir. Renda fixa não é sinônimo de renda estática, de uma valorização que continue necessariamente sempre seguindo o mesmo percentual ou valor todos os meses.
Até existem investimentos que seguem essa lógica, como o título prefixado do Tesouro Direto, mas a regra geral é a de investimentos que sejam estáveis por estarem atrelados a um determinado critério, como a taxa básica de juros e o CDI ou a inflação oficial.
Os ativos de renda fixa possuem risco muito menor do que os de renda variável, justamente por acerto de condições no momento da aplicação. Há ainda a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que funciona como um seguro para as aplicações de até R$ 250 mil. O risco, no entanto, não é zero: os emissores dos títulos utilizados como investimento podem não conseguir honrar com seus compromissos. Um risco improvável e atenuado pela existência do FGC, mas que não é inexistente.
Exemplos de investimentos em renda fixa
Títulos públicos
O governo federal emite periodicamente títulos da dívida pública, uma espécie de empréstimo que o poder público pega para poder financiar seus custos e investimentos. Esses títulos são vendidos aos investidores, que aplicam diante da proposta de receber o dinheiro ao final de um prazo e sob uma taxa combinada.
Esses investimentos podem ser prefixados, com uma taxa de remuneração pré-definida, ou pós-fixados. Nesse segundo caso, os títulos são atrelados à taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, ou à inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
É um investimento protegido pelo FGC, mas é importante observar que as condições acertadas no momento do investimento só estão garantidas para quem aguardar até o final do prazo de vencimento do título. Em caso de resgate antecipado, o preço de revenda vai depender das condições de mercado, com exceção do Tesouro Selic, que tem rentabilidade diária.
CDB
Quando se fala em empréstimo com o banco, a ideia mais comum é que o cliente pegue dinheiro emprestado com a instituição, mas no CDB (sigla para Certificado de Depósito Bancário) o que ocorre é o contrário. Nesta modalidade de investimento, os bancos emitem títulos para captar recursos com seus clientes e assim financiar as suas atividades.
Assim como no Tesouro Direto, as condições de rentabilidade e liquidez estão pré-definidas no momento da aplicação. O mais comum é a rentabilidade atrelada ao CDI, indicador lastreado nos empréstimos entre os bancos e ligeiramente menor do que a taxa Selic. Por isso é comum encontrar anúncios de CDBs com rentabilidade de “130% do CDI”, sendo esse indicador o referencial para o cálculo.
Em geral, os bancos também oferecem diferentes condições de liquidez. Nas opções em que o resgate dos valores é mais difícil, com um compromisso de aplicação por um determinado prazo, as instituições costumam oferecer rentabilidades maiores do que nos CDBs de liquidez diária, em que o resgate é facilitado.
Fundos
Instituições financeiras oferecem fundos de renda fixa e fundos DI, aplicações que arrecadam recursos a serem administrados por um gestor profissional, que vai comprar e vender de acordo com a sua expertise.
Por um lado, a vantagem é ter alguém com experiência de mercado gerindo os investimentos. Por outro, a desvantagem é que muitas vezes isso pode significar o pagamento de uma taxa para a administração desses valores.
Poupança
A caderneta de poupança também é considerada um investimento em renda fixa, apesar de ter histórico recente de rentabilidade abaixo da inflação, o que representa a perda do poder de compra do recurso aplicado.
Pelas regras atuais, o rendimento da poupança varia de acordo com a Selic. Quando a taxa básica de juros da economia brasileira está abaixo de 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic. Quando a Selic passa de 8,5% ao ano, como ocorre atualmente, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR), atualmente zerada. Nessa conta, a poupança rende 6,17% ao ano, menos do que os 10,17% da inflação oficial dos últimos doze meses.
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O que é e como funciona a renda variável
Diferentemente do que ocorre com a renda fixa, o investimento em renda variável não conta com uma previsibilidade, oscilando de acordo com o mercado, que sofre influências de muitos tipos, de uma política governamental nova até uma pandemia como a crise decorrente da Covid-19.
O segredo aqui é que essa falta de previsibilidade no retorno da aplicação é compensada pela possibilidade de se obter lucros maiores do que os registrados na renda fixa. Para investir em ativos desse tipo também é preciso ter uma conta em um banco ou corretora de investimentos.
Quer um exemplo? Em poucos anos, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) se valorizaram em mais de 2.000% nos últimos dez anos — e isso porque caíram um pouco nos últimos meses. No entanto, não é tão simples assim acertar o cavalo na corrida. Para isso, é preciso entender sobre os resultados da empresa e o quanto os negócios são promissores ou não, antevendo possíveis mudanças nas condições do mercado em que a companhia atua, por exemplo.
Uma outra situação hipotética. Outra modalidade de renda variável são os fundos imobiliários (FIIs). Suponha que um determinado fundo possua diversos imóveis em uma determinada região da cidade. Caso alguma obra pública ou iniciativa privada venha a valorizar ou desvalorizar os imóveis daquele bairro, o valor da cota do fundo também tende a ser afetado, uma vez que a rentabilidade do FII com aquelas unidades muda.
Exemplos de investimentos em renda variável
Ações e fundos de ações
Com uma conta em corretora, é possível comprar uma ação e se tornar dono de uma fração de uma das grandes empresas brasileiras. Como sócio, o investidor passa a ter direito a eventuais dividendos e a obter lucro caso revenda a sua ação por um valor maior do que o que pagou no momento inicial.
Uma opção derivada dessa são os fundos de ações, fundos administrados por gestores profissionais, que estudam as empresas e os títulos disponíveis e aplicam a soma dos recursos investidos pelos clientes de acordo com os resultados das suas análises sobre o cenário e as companhias e a proposta de nível de risco de cada fundo.
Fundos imobiliários (FIIs)
Os fundos imobiliários são fundos que arrecadam o dinheiro dos investidores para aplicar o recurso no mercado imobiliário. Direta ou indiretamente, os FIIs se tornam donos de imóveis que são alugados a terceiros, geralmente empresas. Quem investe em um bom fundo imobiliário pode contar com uma renda extra todos os meses proveniente dos aluguéis cobrados pelo FII.
Os fundos imobiliários também possuem diferentes classificações de risco. Um FII que possui muitos imóveis em regiões variadas possui menos risco de ter imóveis vagos do que outro que concentra seus investimentos em uma região só, por exemplo. Da mesma forma, um fundo que possua diversos imóveis de alto padrão em uma região nobre pode atrair grandes empresas, que têm histórico de adimplência mais robusto.
Como usar a renda fixa e a renda variável para fugir da poupança
Antes de começar a investir, é essencial preencher corretamente o questionário de perfil de investidor apresentado tanto por bancos quanto por corretoras no momento da abertura da conta de investimento.
São levados em conta diversos fatores, como patrimônio atual, tolerância a riscos e perdas momentâneas, prazo das expectativas do investidor e outros para definir um perfil e quais os investimentos recomendados.
A poupança é utilizada em geral por ser um investimento seguro e para a formação de reservas, apesar de ter rentabilidade abaixo da inflação e causar, portanto, perda do poder de compra do dinheiro aplicado no médio e no longo prazo.
Como alternativa para a formação da reserva de emergência, especialistas recomendam a utilização, por exemplo, de títulos do Tesouro Selic, CDBs e fundos de investimento com prazos rápidos de resgate.
Ao longo da sua trajetória, o investidor pode ver seu perfil mudar. Com reserva constituída e patrimônio, um investidor antes mais conservador pode se tornar mais arrojado, disposto a correr certos riscos a fim de ver a sua rentabilidade crescer.
Em geral, as diferentes carteiras consideram investimento tanto em renda fixa quanto em renda variável, com o perfil e os objetivos de cada investidor servindo para regular os percentuais entre uma e outra.
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