Renda fixa: é hora de alongar prazos; aposta maior em prefixados fica para depois, diz gestor da ASA

Posição deve ficar maior depois de uma sinalização mais forte de corte de juros por parte do Banco Central

Bruna Furlani

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A sinalização de que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, encerrou o ciclo de altas da Selic na reunião desta quarta-feira (21), quando manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, abriu um leque de possíveis mudanças na carteira de quem investe em renda fixa.

Mas cada passo deve ser dado com cautela. Para Fabiano Zimmermann, gestor de renda fixa da ASA Investments, a parada do BC  e as discussões sobre o início de um ciclo de cortes podem soar favoráveis para a alocação em ativos prefixados e atrelados à inflação com vencimento médio e longo. É cedo, porém, para aumentar a alocação em ambos.

Segundo Zimmermann, é preciso uma posição mais clara de quando o BC deve “virar a mão” para só então ampliar essa exposição. “Deve ser o início de um movimento rumo aos prefixados e aos ativos atrelados à inflação de média e alta duração, porque encerramos o ciclo de alta. É o momento de começar essa alocação, para aumentar a partir de uma sinalização mais forte sobre o corte de juros [pelo BC]”, afirmou.

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O ambiente se mostra oportuno, porque, ao comprar um título prefixado, o investidor consegue “travar” a taxa do papel em um patamar mais alto do que o esperado nos próximos anos. A recomendação, no entanto, não vale para todos os prazos. A preferência de Zimmermann é por ativos com vencimento acima de três ou quatro anos.

O gestor observa que a parada da Selic deve aumentar a inclinação da curva de juros nominais. Ou seja, nos prazos mais curtos, entre seis e 12 meses, a tendência é que os juros futuros sigam próximos de 13,75% ao ano, enquanto nos prazos médios e longos, a expectativa é que o juro ceda.

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Movimento semelhante deve ser visto com títulos atrelados à inflação de médio e longo prazos, que podem ser ajudados pelo tom considerado duro do Banco Central ontem.

Ao dizer que vai se manter “vigilante” e que “não hesitará” em subir novamente os juros, caso a inflação não recue como esperado, o Banco Central sugere que a inflação implícita – juros futuros descontados pelas taxas dos títulos atrelados à inflação – deve cair, no entendimento de Zimmermann.

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“A inflação implícita está em 5,5% e precisaria ir para 4,5% para o BC começar a cortar. Por isso o foco está nesses títulos [prefixados e atrelados à inflação]. É um momento propício para tomar risco de mercado”, defende.

Em ambos os casos, a ideia do gestor é que o investidor adquira os papéis a taxas altas e, eventualmente, realize uma venda antecipada quando os juros voltarem a baixar.

Nesse caso, o benefício vem dos ganhos de capital proporcionados pelos efeitos da marcação a mercado, que leva os preços dos títulos prefixados e de inflação a subirem quando os juros recuam. É preciso lembrar, porém, que esse tipo de estratégia é mais arriscada, já que é preciso tentar acertar o momento adequado de saída.

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Na visão do gestor, o Banco Central só deve iniciar o ciclo de cortes quando se sentir confortável com a projeção de inflação de 2024, que está em 2,8%. Lembrando que a meta de inflação é de 3% para daqui a dois anos, segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN).

Nesse sentido, Zimmermann diz que a próxima reunião, dos dias 25 e 26 de outubro, será de extrema importância para os agentes financeiros. Isso porque a decisão do Copom, nessa ocasião específica, levará em conta um peso de 50% para o ano de 2023 e de 50% para o ano de 2024.

Logo, diz o gestor, se a projeção de inflação para 2024 ficar muito abaixo da meta, é possível que o Banco Central fique confortável para pensar em cortes de juros. Em sua avaliação, o mais provável é que o BC inicie esse corte a partir do segundo semestre do ano que vem.

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Fed não deve ser empecilho

Embora a postura adotada pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenha sido vista como mais dura e inclinada ao aperto monetário com declarações de Jerome Powell, presidente da autoridade monetária americana, dizendo que a instituição precisa ter confiança de que a inflação cedeu para reduzir os juros, Zimmermann acredita que a antecipação da alta da Selic poderá dar vantagens ao Brasil.

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O gestor lembra que o Banco Central iniciou antes o processo de elevação dos juros na comparação com outras economias, especialmente a americana. “Isso fez com que nos descolássemos do movimento”, avalia.

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“Quando juntamos um BC que já fez o seu trabalho e o efeito [defasado] da política monetária num horizonte de 12 meses, o cenário é favorável para juros locais”, acrescenta. Atualmente, a casa projeta que a Selic termine o ano de 2023 em 9,5% ao ano.